Capítulo 2

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                         Pov Narrador

Ela acordou com o peso de um corpo em cima do seu, e antes de mais nada verificou se estava totalmente vestida. Graças a Deus - pensou, ao ver que estava vestida, com pijama, porém vestida.

Quando caulifla olhou para o corpo acima do seu, viu que não era um homem, pelo contrário, era uma garota clara, de cabelos lisos (que estavam completamente assanhados) e também vestida, com roupas de festa e salto alto, porém vestida.

—Sai de cima de mim, Kale - disse a garota empurrando a amiga, que caiu no chão.

—Vai pra merda, baixinha - Caulifla odiava ser chamada de baixinha, por pura frescura, de acordo com Kale, que só a chamava assim quando estava com muita raiva.

—O que está fazendo aqui?

—Fungindo de casa - disse recebendo um olhar assustado de caulifla - É brincadeira. Bem, quando cheguei em casa vi que meus pais estavam brigando novamente, então não queria passar pela sala e presenciar aquilo, mas também não podia entrar pela janela do quarto, porque a Sophia provavelmente estaria dormindo.

—E por que não acordou sua irmã?

—Porque ela não dorme há semanas. Ela tem medo que o papai entre no quarto no meio da noite bebado e bata em uma de nós novamente. Não queria acordá-la. - Kale disse com um olhar triste.

Sua família era um tanto quanto desestruturada. Seu pai era um vagabundo nojento que bebia todos os dias e batia nela, em sua mãe e em sua irmã mais nova. Sua mãe lutava todos os dias para colocar comida na mesa, trabalhava como empregada na casa de uma mulher arrogante e um homem muito gentil. E Sophia, sua irmã, era fruto do relacionamento de sua mãe com seu patrão, apenas ela e Kale sabiam disso, seu pai a mataria se descobrisse a verdade.

—Você tem muita sorte de ter essa família. - Era verdade. Caulifla tinha uma família maravilhosa, não podia reclamar.

Era filha única, por isso, sempre foi mimada por seus pais e teve tudo que desejava, era realmente muito sortuda.

—Mudando de assunto, quem era aquele gato com quem estava conversando ontem? - Disse a Kale, com um sorriso malicioso nos lábios.

Caulifla pareceu finalmente se lembrar do garoto com quem conversara na noite passada. Agradeceu a Deus por não ter esquecido de seu nome. Goku. Era um nome muito pequeno para alguém com pensamentos tão grandes.

—Gato? Pode falar, ele é gostoso pra caralho. - Kale apenas riu do comentário da amiga. - Son Goku, sabe, ele é uma ótima companhia. Talvez eu te troque por ele.

—Você é ridícula, Caulifla - disse jogando uma almofada na morena à sua frente.

—É melhor nos arrumarmos pra escola.

***

-Você é oficialmente a pior amiga do mundo, Bulma. - Goku dizia ao falar no telefone com a amiga. Ou ex amiga.

—Me desculpa, bebê. Prometo que não faço de novo - Céus, como ele odiava quando ela o chamava de bebê.

—Você me deixou sozinho em uma festa cheia de adolescentes bebados. Da próxima vez eu fico em casa assistindo Netflix.

—Ou chorando pela morte da bezerra. - disse a garota de cabelos azul . Se estivessem conversando pessoalmente ela teria levado um tapinha no braço pelo comentário (que teria sido revidado com um tapão). - Vai dizer que a festa não foi divertida? Sério? Eu vi você conversando com aquela garota bonita.

—Pode ficar pra você.

—Não diga isso, talvez eu acabe investindo. Infelizmente acho que ela é hétero, mas eu posso tentar. - disse a garota.

Bulma era bissexual. Ou seja, gostava tanto de homens quanto de mulheres. No começo, Goku achava isso complicado, mas com o passar do tempo, descobriu que tudo em Bulma era complicado.

—Estou só brincando, não sou fura olho. - Bulma disse depois de alguns segundos em silêncio. - Quero dizer, você gostou dela, não gostou?

—Gostei muito. E é por isso que não quero ficar com ela. Não seria justo com ela. - disse o garoto suspirando.

—Porque vocês não podem ter relações sexuais sem camisinha? Um relacionamento não se baseia só nisso, bebê. Você tem Aids, não está morto.

—Não posso ter relações sexuais, não posso ter filhos, praticamente não posso viver. Então sim, Bulma, estou morto.

—Você não tem culpa, Goku. - disse pela milésima vez. Mil vezes que aquela frase não mudava nada. - Você não sabia que aquela garota tinha Aids. Veja pelo lado bom, você ainda está vivo, é um sobrevivente.

—Grande merda! Estou vivo porque essa doença ainda não se manifestou, mas vai se manisfestar um dia, e eu vou morrer totalmente infeliz. Sem ninguém. Sem uma esposa, sem filhos, netos. Vou morrer sozinho, Bulma. - Dizer aquilo em voz alta o quebrava por dentro. Aquela doença não havia se manifestado, mas o matava aos pouquinhos. As lágrimas insistiam em cair, e ele odiava isso, nem suas próprias lágrimas conseguia controlar.

—Não vai estar sozinho porque eu vou estar com você. Sempre. Mesmo que se canse de mim, mesmo que me mande embora ou que brigue comigo por coisas estupidas, eu continuarei lá. Continuarei vendo séries com você de madrugada, mesmo morrendo de sono, continuarei roubando suas batatas fritas, postando fotos zoadas suas nas redes sociais só pra te irritar, te fazendo passar vergonha na rua e te marcando em coisas bregas no Facebook. Porque é isso que os amigos fazem, estão lá por você, enxugam suas lágrimas e provocam suas risadas. E você é meu melhor amigo, Goku, do dia em que nos conhecemos até o fim. Eu te amo, bebê.

—Eu também te amo, mesmo você sendo extremamente irritante às vezes, você é o melhor que existe na minha vida, sou muito grato por te ter comigo.

—Vai falar com ela, não vai? - Bulma perguntou, se referindo à Caulifla.

—Não sei. Talvez amanhã, ou talvez daqui à dez anos. Se realmente for o nosso destino, nos encontraremos novamente.

—Tenho que ir agora, beijos com gostinho de chocolate quente.

E sem dizer mais nada, Bulma desligou. Tinha essa mania besta de dar gosto aos beijos. Às vezes tinham gosto de chocolate, outras de sorvete, outras de lasanha, todo dia era algo novo. Mania besta e única. Essa palavra a definia por completo. Única.

Facebook (Messenger)

Caulifla: Olá estranho, agora sei seu nome e consegui te achar.

Sou a garota bebada da festa.

Espero que não tenha me esquecido.

É, talvez seu destino realmente fosse ficar com ela.

Notas Finais


Espero que tenham gostado, continuem acompanhando.


Aids: uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV.

CAN LOVE BREAK YOU?Onde histórias criam vida. Descubra agora