O Calor

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Dia 1

- Deu 1534 ienes. - disse o taxista brecando o carro e me dei contar que tinha chegado. Peguei minha carteira e paguei com uma nota de dois mil ienes. Ele começou a procurar o troco e eu a olhar ao redor. Só havia prédios residenciais, ele não tinha me dito que morava em um prédio. O taxista me devolveu o troco e eu saí do veículo, carregando minhas bagagens e agradecendo pela carona.

O carro acelerou e eu peguei meu celular. Lia o endereço que Kusakabe me mandou, mas não sabia se era o lugar certo. Talvez devesse ligar pra ele. Eu fui embora das casas dos meus pais um dia mais cedo do que eu planejado, nem esperei a hora do almoço para sair.

- Rihito! - sua voz me chamou. Me virei e lá vinha Kusakabe. Seus cabelos loiros ficavam mais reluzentes sobre a luz do sol. Estava quente e o céu não tinha nuvens. Ele vestia uma camiseta larga e um shorts. Seus chinelos grandes demais pros seus pés.

- Você estava me esperando aqui fora? - perguntei surpreso ao vê-lo. Ele me abraçou muito forte, na verdade ele me amassou entre seus braços e seu corpo.

- não, acabei de descer. - respondeu afastando-se. - eu posso te beijar?

-Pode. - Ele puxou minha nuca com a mão leve e me deu um selinho e se afastou. Depois me encarrou com os olhos arregalados e eu respondi com o mesmo olhar. Realmente parecia que ele estava me beijando na saída da escola. A atmosfera de Tóquio fazia tudo parecer mais com o colegial.

- Deixa eu levar sua mala. - pegou minha mala de rodinhas das minhas mão. - são seis lances de escada. - justificou.

- eu não sabia que era um prédio. - falei acompanhando seus passos pela calçada.

- como não?! - perguntou desacreditado.

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Chegamos ofegantes ao sexto andar. Foram realmente seis longos lances de escada. Ele abriu a porta de seu apartamento, era a terceira do corredor com vários apartamentos.

- Bem-vindo. - Kusakabe falou. Tiramos os sapatos e entramos. Era uma apartamento de um cômodo e um banheiro. Devia ter uns 20 metros quadrados, no máximo. Era pequeno, ou eu que estava acostumado com uma casa grande. De qualquer maneira casas como a dele eram padrão em Tóquio.

De um lado tinha um fogão, geladeira e um forno micro-ondas e do outro armários embutidos na parede, onde ele devia guardar suas coisas. Uma mesa no centro e na parede um móvel com uma tevê antiga. E na parede uma janela, relativamente grande, que estava escancarada por causas do calor.

- Uau... - soprei enquanto acompanhava Kusakabe entrando no apartamento. Estava limpa para os padrões Kusakabe. Ainda tinha CD's jogados pelos cantos e o futon que ele nunca recolhia quando se levantava.

- Só é bem abafado durante o verão.

- É um bom apartamento. - comentei enquanto procurava um lugar pra colocar minha mochila.

- Pode deixar suas coisas ali no canto. Se quiser pode deixar no armário... separei um espaço pra você. - dizia coçando a cabeça e eu deixava minhas coisas no lugar que ele disse. - quer água?

- não, estou bem... - ele veio devagar e passou os braços pelo meu pescoço. Dessa vez ele puxou-me lentamente. Quando seu rosto se aproximou e nossos narizes se esbarraram Kusakabe fechou os olhos e eu também decidi fechar os meu também. Roçou delicadamente os nossos lábios e nos beijamos. Sem cerimônias nossas línguas de encontraram. Foi um beijo lento e molhado. Bem lento e bem molhado. Cada movimento era uma eternidade... Eu não tenho palavras pra descrever isso. É diferente do normal. Não fazia meu corpo aquecer e meus ombros enrijeceram... fazia meu corpo derreter devagar. Era impossível respirar, não tinha pausas.

Hitotema - Uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora