Capítulo 1

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Akyla

No japão chove o tempo inteiro,e então as pessoas se obrigam a ficarem em suas casas. Tirando eu e mais milhões de pessoas que precisam trabalhar para se sustentarem. Naquela manhã não foi diferente. Vesti a primeira roupa que vi na frente,escovei os dentes e os cabelos e por fim estava pronta para sair quando me recordo que esqueci de comer. Sempre esqueço quando o assunto é comer. Não sinto fome após escovar os dentes, e talvez esse seja o real motivo por eu escovar eles.

Quando volto-me para a cozinha,minha amiga está debruçada sobre a mesa, com cara de quem acabou de acordar.

- Bom dia minha best trabalhadora! - disse Kuki com a maior animação do mundo, só que não.

- Bom dia minha preguicinha! - disse, pegando minha maçã.

- Já estou atrasada para o serviço, e com essa chuva vou levar minutos para chegar lá,né? Até mais tarde! Limpa a casa! - e bati a porta.

O dia estava bonito lá fora, mas minha agenda não estava tão bonita assim, cheia de clientes para atender. Trabalhava em um salão de beleza, a mais ou menos cinco anos. Gostava do que fazia, por nunca saber o que chegaria. Eu sabia que haviam clientes, mas não sabia os pedidos de cada um deles. Não sabia se iria chegar uma progressiva,definitiva,corte,tintura. Não sabia se o cliente iria reclamar ou elogiar o meu trabalho. Não sabia se eles eram gordos ou magros. Apenas sabia que precisava executar o meu trabalho, e pronto. Ao término do dia, fui em direção a um super mercado da outra rua, para comprar algumas coisas que estavam faltando lá em casa. Sim, meu serviço era super perto de casa, tudo era perto, pois a cidadezinha em que morávamos não era nada grande.

Estava abrindo a porta do apê, quando de repente, vejo a Kuki passando pano na casa. Que macumba é essa?

- Olá amiga, você tem certeza que está bem? Você não está com um tipo de esquisofrenia ou sei lá? Ninguém limpa a casa do nada.

- Oi Akyla, apenas notei que essa casa precisava de uma geral, não é mesmo?

- Poderia notar mais vezes. - risos.

- Vai, agora me passa uma batata. E vai se preparando porque a noite iremos sair.

- A onde?

- Surpresa!!

Minha amiga não é muito boa com essa história de honrar sua palavra.

Comecei a levar a sério o que minha amiga tinha dito e corri para o shopping, comprar algum look que ficasse legal em mim.
Revirei todo aquele shopping e nada. Quando estava prestes a sair e ir para a casa, achei um vestido muito lindo na vitrine e corri para que a mulher que trabalhava lá pudesse tirar ele de onde estava e me vender. Na mesma loja havia alguns sapatos lindos. Peguei o mais confortável e cabível em meu bolso e saí dali. Queria comprar algo para Kuki, mas deveria ser algo barato o bastante. Notei que na loja ao lado tinha algumas bolsas, então fui até ela e achei uma com a cara da minha amiga. Compras feitas, casa a espera.
O ônibus estava lotado como de costume, mas paciência.
Chegando em casa, abro a porta da kitnet e minha amiga anda de um lado para o outro,toda produzida, aparentemente nervosa. Leva as mãos na cintura logo quando me vê e já vai abrindo aquele bocão:
- Olha a hora que é agora. Ele chega daqui a pouco. Comprou o shopping inteiro ou o quê? Já se arrumar dona Akyla.
- Demorei mas te trouxe isso. - e atirei a bolsa na Kuki.
Me tranquei no meu quarto para me arrumar,tomei um banho rápido e saí enrolada na toalha. Kuki escovou meu cabelo rapidamente e fez alguns cachos, me ajudou na maquiagem e depois voltei para o quarto para me vestir. Quando eu saí do quarto pronta para uma noite com minha amiga maluca, buzinaram na frente do nosso prédio.
- Nossa! Você está linda Kuki! - disse Akyla.
- Obrigada amiga! Agora,vamos.
Cumprimentei o namorado de Kuki, e me sentei no banco de trás. Queria que aquela noite fosse especial, que não acontecesse nada da minha parte que machucasse minha amiga.
Chegamos lá. Era uma danceteria e um restaurante também.
Mas Kuki e seu namorado só queriam ficar sentados, então fui dançar para me divertir.
Eu me sentia livre quando dançava, sentia que aquilo fazia parte de mim e que eu precisava disso. Alguém começava a se esfregar em mim, de um jeito sedutor, e então eu fechei os olhos e dancei pois pensava ser Akyla. Mas não. Era um homem. E quando eu me virei ele começou a passar sua mão pelo meu corpo e beijar meu pescoço. Me chamou de gostosa. Grudei minhas mãos naquela cara dele pois senti muita raiva. Fui até a mesa onde eles estavam e já tinha uma nova família sentada ali. E eu me senti uma criança perdida. Comecei a chorar. As lágrimas caiam pelo meu rosto sem cessar. Peguei minha bolsa e fui atrás de um táxi, e caí no meio do caminho por estar correndo de salto alto. Quando eu cheguei em casa toda embarrada, apenas senti vontade de me trancar no banheiro e me isolar do mundo, e foi exatamente o que eu fiz.

Uma Prova de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora