Capítulo 5

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Akyla

Fiz as porcarias dos exames e depois,Kill nos levou pra casa. Confesso que estava meio preocupada com minha saúde,pelo médico ter me pedido aqueles exames,mas resolvi não pensar muito naquilo e ir dormir de uma vez,afinal dali a três horas eu teria que trabalhar.

Acordei com o despertador,toquei-o na parede,e me levantei. Tomei banho,me arrumei,comi uma maçã e sai para ir trabalhar. Ótimo,estava chovendo,tudo muito embarrado e mal conseguia caminhar. Escorreguei,sujei as roupas,e fingi que nada aconteceu. Contiuei caminhando.

Chegando lá fui logo conferir minha agenda,para verificar se teria tempo o suficiente para buscar o resultado dos exames. Minha agenda estava cheia mas preferi acreditar que daria tempo.

Troquei de roupa e estava secando o cabelo de uma moça quando meu colega me disse:

- Poderia atender aquele moço? Ele esta com pressa.

Fui atender o rapaz que tinha roupa de motoqueiro e capacete em seu rosto. Quando ele tirou aquela proteção da cabeça,fiquei totalmente sem jeito e senti minhas bochechas corarem. Ele tinha cabelos pretos e os olhos também.

- Um corte rápido por favor. - disse se sentando na poltrona de lavar os cabelos.

- Pois não. - respondi.

Fui pegar o shampoo e condicionador e checar se a água estava morna.

Comecei a lavar o cabelo dele,quando de repente,deixo sabão cair em seus olhos. O gerente veio ralhar comigo e o moço começou a limpar seu rosto. Ele estava rindo de mim enquanto eu pedia desculpas.

O gerente me levou em um canto e me disse:

- Da próxima,cuide o que você está fazendo,para não cegar os clientes.

Passei o resto da manhã me lembrando daquela gargalhada tão bonita. Quando chegou o intervalo,fui até o restaurante próximo do salão.

Entrei e me sentei para descansar. O sol estava muito quente. Chamei o garçom e ele me trouxe um refrigerante e um arroz com sushi.

Quando olhei para as outras mesas,vi aquele mesmo rapaz que eu havia colocado shampoo em seus olhos. Ele veio até minha mesa.

- A desastrada de shampoo está por aqui,que surpresa. - disse ele já se sentando sem ser convidado.

- Eu já te pedi desculpas tá legal? - e já ia pegando a minha bolsa quando ele me puxou pelo braço.

- Olha,podemos nos encontrar hoje depois do salão?

- Eu preciso ir ao hospital pegar uns exames. - respondi somente desejando sair dali de uma vez.

- Te levo lá e depois vamos jantar fora,pode ser? - ele pergunta,ainda segurando meu braço.

- Tá legal. - e saí.

É estranho porque nem conheço o cara..mas ele me parece gente boa.

Trabalhei a tarde inteira no salão,e quando estava fechando as portas,o cara chegou.

- Então,vamos lá? - perguntou ele abrindo a porta do carona.

- Tem outra escolha? - e entrei no carro.

- Qual é o seu nome? - ele perguntou enquanto eu colocava o cinto.

- Akyla e o seu? - forcei um sorriso.

- Yuri. Mora aonde?

- Perto do salão. E você?

- Em Foxvel. - era uma pequena cidade.

Continuamos o trajeto em silêncio.

Quando chegamos lá,enquanto Yuri me esperava na sala de espera,eu entrei na sala de Gill e sentei-me na poltrona preta.

- Então Akyla,seus exames não são dos melhores. Nenhum problema com o canivete que possivelmente poderia ter infeccionado seu sangue mas através do seu exame de sangue,constatou-nos que você tem uma doença no coração. Os médicos não conseguiram decifrar o nome da doença pois ela é totalmente desconhecida e infelizmente não tem tratamento. Você tem cinco meses de vida.

Ouvi atentamente cada palavra daquele médico e as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Ele me entregou um vidro de remédios e disse-me que eram anti-depressivos e que eu deveria tomá-los duas vezes ao dia,sendo uma pela manhã e outra pela noite.

Saí da sala chorando e pensando o que eu falaria para a minha amiga. Aquele homem me viu chorando e automaticamente veio me abraçar.

Entramos no carro e nos sentamos nos bancos. Contei para ele tudo o que o médico tinha dito e a resposta dele foi:

- Vou entrar lá agora e socar ele. Como assim tem uma doença que nem ao menos tem nome? Nem tratamento? Aquele desgraçado vai se ver comigo.

- Não Yuri. Não quero que se envolva com isso tá legal? A vida é assim. Cheia de surpresas e dores. Talvez a morte não seja algo tão ruim assim. - disse limpando as lágrimas.

Ele me abraçou e ficamos ali abraçados por bastante tempo até que ele finalmente disse:

- Onde quer jantar?

- Acho que só preciso ir pra casa. - sugeri.

- Ainda bem que você só acha,porque eu tenho certeza que precisa conhecer meu atelier.

- Que atelier? E saiba que não vou a lugar nenhum com você. Nos conhecemos hoje e eu não sei se você é um estuprador ou vendedor de órgãos. - falei enquanto ele já dava partida ao carro.

- Sou artista plástico. Pinto quadros. Então,você que quase deixa as pessoas cegas e é eu que preciso ser considerado como alguém mau? - ele falou com os olhos na estrada.

Achei graça mas não disse nada. Ele pinta quadros. Meu sonho.

Quando chegamos lá,ele ficou na cozinha preparando uns hambúrguer's enquanto eu estava em seu atelier admirando suas obras. Estava namorando um quadro que tinha desenhado,duas árvores e uma sombra de uma pessoa depressiva. Tinha uma corda amarrada na árvore indicando que a pessoa iria cometer um suicídio.

- Esse quadro eu não quis vender. Me ofereceram fortunas por ele. O fiz quando estava depressivo. Gosto de guardá-lo como uma lembrança de algo que não quero reviver.

- Certo. - conclui.

- Podemos ir jantar? - Yuri perguntou,me encarando.

Fiquei sem jeito e apenas o segui.

Uma Prova de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora