Capítulo 08 - Lucca

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A última coisa que eu queria era quebrar, e eu estava conseguindo até Niara me rejeitar pra ficar com a mãe. Ela somente me rejeitava quando tinha “certeza” onde a mãe estava, e ela achava que iria encontrar Larissa em algum lugar do nosso apartamento, como sempre encontrou. E aí me veio a certeza que não conseguiríamos voltar a viver ali.

O problema é que ao entrar nesse apartamento eu assumi que é melhor deixar Larissa de lado, mas eu não quero esquece-la, não posso. E mais uma vez eu me senti perdido, como apenas me senti ao receber a fatídica notícia daquele médico no hospital, e pela segunda vez eu me permitir chorar.

Mas eu nunca imaginaria que enquanto eu sentia o meu desespero Maiara entraria no meu quarto e me arrancaria dele. Agora eu estou aqui, sentado no sofá com ela ao meu lado e eu não tenho coragem de olha-la, simplesmente porquê eu estava gostando de mais desse momento, gostando de mais dessa menina.

Não sei quanto tempo passamos em silêncio, mas eu sabia que ela estava ainda ali, sentada no meu lado. Abri os olhos para vê-la e pra minha surpresa ela dormia virada pra mim, ressonando baixinho.

Me permiti observar aquele rosto sereno, ela não parecia nunca ter passado por preocupação na vida. Seu rosto é delicado, sem fortes expressões, talvez seja reflexo da idade, percebi que não sei a idade dela, toda a alteração no contrato de trabalho dela foi feita por Piero eu só fiz assinar.

Levei minha mão até o seu rosto, queria toca-la, senti a sua pele macia e vi seus olhos puxados se abrindo lentamente.

- Você dormiu aí... – Falei, tentando justificar o fato de eu está tocando-a.

- Desculpa, senhor...

Senhor, voltei a ser “senhor”. Levantei mais confuso do quê quando eu sentei, o meu problema antes era a faltar de Larissa, agora além desse primeiro problema eu me sinto atraído pela única babá que minha filha aceitou. Resolvi me afastar dela, eu não podia sentir nada por essa menina, ela é muito nova, trabalha pra mim e com certeza isso que está me confundindo é fruto da minha carência.

- Boa noite, Maiara... – Me levantei e segui pro meu quarto.

- Boa noite...

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Pela primeira noite nesse último mês Niara não acordou assustada, ela até acordou no meio da noite mas logo voltou a dormir abraçada a boneca. E eu só percebi isso porque eu ainda estava acordado.

Dormi pouco mais de quatro horas essa noite por não consegui parar de pensar em Maiara e me senti culpado por isso, eu não devo sentir nada por ela e por causa disso eu decidi me afastar o máximo possível.

Eu já estou acordado a um tempo mas não levantei ainda pois sei que ela ainda deve está por aqui. Então melhor eu recomeçar a tomar as rédeas da minha vida, peguei o notebook pra olhar os investimentos que eu e meus irmãos temos, já que é responsabilidade minha cuidar dos nossos investimentos.

Começo a ler o balanço automático do último mês e agradeço pela maioria ser de rentabilidade mensal ou anual, temos apenas duas aplicações semanais que Piero se manteve atento. Resolvi estudar e lê alguns artigos sobre o mercado financeiro no último mês, precisava me atualizar já que muitas vezes as coisas mudam da noite pro dia.

Enquanto fazia a leitura percebi que Niara havia acordado, ela se manteve em silêncio me olhando, senti uma paz ao perceber que ela estava voltando a ser a bebê calma que sempre foi.

- Quer ficar aqui com o papai? – Perguntei.

Ela usou a grade do berço pra ajudar a ficar em pé e eu fui pegá-la, diferente do mini-berço que ela usava no apartamento esse é um berço de tamanho normal de madeira. Preferi mudar, pra quando ela fosse pro quarto dela pudesse continuar com esse por mais tempo.

Lucca - Bernardi 03 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora