Capítulo 2

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Hoje é meu aniversário de Shinen, ele fazia 5 anos e estava tentando convencer meu pai de convidar, Yuri e Natsuro a ir a sua casa.- Por favor, toosan, deixa eles virem aqui?!- Não, eu já disse que está de castigo!- Mas...- Não adianta fazer cara de tadinho, Yanagi Shinen; você desobedeceu a sua madrasta e aprontou com seus irmãos. Te avisei que seu castigo seria pior, nada de festas no seu aniversário, tão pouco convidados ou presentes.- Mas papa...eu não fiz nada.- eu sussurro, com um olhar suplicante, mas de nada adianta-- Nada de mais, nem pense em me enganar, está de castigo! Já para o quarto!- Hai...otoosama...Eu olho triste para ele e subo as escadas para o quarto, ouvindo as risadinhas de meus irmãos. Me jogo na cama, entristecido...Por que isso tem que acontecer comigo...? Justo no meu aniversário e logo quando consigo amigos...doushite??****- O que vai fazer, filho?- Vou ligar para o Shinen, hoje é o aniversário dele e já que não sei se vai Ter festa ou não...quero saber se pode sair.- Dá um abraço nele e milhões de beijo!- gritou Yuri-- Pode deixar mana!- eu disco seu número e quem atende é o Itsu-Sama, pai de Shinen-"Moshi! Moshi!''- Itsu-Sama? sou eu, Natsuro. Ogenki desuka?"Ah...Natsuro-San, boa tarde, eu estou bem. Obrigado.''- Queria saber se posso falar com Shinen, dar os parabéns pelos seus 5 anos e quem sabe até sair com ele."Gomen, garoto, mas Yanagi está de castigo, sem aniversário ou qualquer visita...trancado no quarto!"- Mas o que aconteceu?"Ele aprontou uma das suas com seus irmãos e sua madrasta.''- Tem certeza de que foi ele?"Absoluta, sei o que faço, ele está de castigo, vai aprender a se comportar com seus familiares.''- Por favor, pelo menos posso falar com ele por telefone?"Tudo bem, vou chamá-lo.''- Arigatou gozaimasu!- eu espero alguns minutos até ouvir a voz fraca de meu amigo-- Moshi-moshi?- Sou eu, Natsuro, está tudo bem com você?- Nat-chan, é você? Que bom...que ligou!- sua voz é soluçada e então posso perceber que estava chorando antes de atender o telefone-- Eu liguei para te dar os parabéns pelo seu niver! Felicidades!- Ariga...arigat...- Shinen começa a soluçar com mais vontade, sem terminar a palavra e as lágrimas dão para ser ouvidas desse lado da linha-- Shinen, não chore, por favor... acalme-se, vamos! Por que isso?- Eu ... eu...queria muito que vocês estivessem aqui...- os fungares ficam piores e dá tristeza, certas horas tem que parar de falar para puxar o ar-...depois de tantos anos sem ninguém ao meu lado...sem okachan...seria a primeira vez que teria amigos...Por que mereço ficar sozinho, Nat-chan?- Shinen, por favor, não chore mais, assim você me deixa triste, afinal não está sozinho eu estou aqui!- Eu não fiz nada!- Eu sei disso, acredito em você, seus irmãos provavelmente aprontaram uma das suas e sobrou para você, não foi?- Foi...eles...me obrigaram a revidar e minha madrasta acreditou neles...como meu pai e agora estou de castigo... Acredita em mim, né Nat-chan?!- Claro, eu sei que você nunca ia fazer nada de mal a ninguém.- Que bom, que alguém acredita em mim!- sua voz se torna feliz e parece que parar de chorar-- Acho que te animei um pouco, né?! Bom, o que eu posso fazer por você ...para que essa sua tristeza se vá?- Me conta uma história?- Ah?!- É, me conta um de seus sonhos, eu sei que ontem você teve outros deles. E foi legal!- Nani?! Como você sabe com que sonhei, Shinen?!- Ah...sei lá, sabendo! Foi bonito, não foi?!- Foi, mas como...- Me conta vai...eu quero saber!? Conta!- Tá legal!- Ôba!! Quero detalhes, ouviu?!- Certo...certo...garotinho exigente! Bom, vamos lá, eu sonhei com aquele casal novamente, mas desta vez foi bem mais bonito! Ele a havia salvado de um forte ataque inimigo e estava cuidando dela numa casa muito estranha...- No meio da floresta de céus de trovões?- É, isto mesmo, mas como sabe?- Já disse, que sabendo! Continua!- Tá certo...bem, ela estava muito ferida, mas como sempre ele a curou....eu pulo isto, porque a parte mais legal vem depois! Quando ele veio acordá-la com o mais lindo buquê de flores...- E ela estava linda como sempre, com aquelas roupas esquisitas?- Exatamente e ainda com aqueles olhos e sorriso maravilhoso, que encantam qualquer um, e foi o que aconteceu com ele...nossa foi um beijo tão lindo!!!Natsuro continua contando seu sonho por muito tempo...até perceber que do outro lado da linha não tinha mais nenhum som, Shinen parecia ter desmaiado de sono. Por alguns segundos ele o chama várias vezes, mas o único som que recebe é sua voz fraca chamando por sua mãe em sussurro carinhoso. Ele queria poder fazer mais por seu amigo, mas teria que deixar para animá-lo amanhã, talvez propusesse de chamá-lo paraum final de semana na sua casa com seus pais e sua irmã. Tinha certeza de que isso faria o menino mais alegre com certeza.Natsuro desliga o telefone com esse intuito na cabeça e quando coloca na base, seu pai está a sua frente o observando.- O que aconteceu filho, por que está com a face tão triste? Não conseguiu falar com Shinen?- Não...pai...eu consegui conversar com ele e dar os parabéns pelo seu aniversário, mas ele estava muito triste porque seus pais o deixaram de castigo justo hoje e por algo que ele não fez. Pai, por que os adultos não acreditam nas crianças?- Filho, que pergunta...- Aragani torce os narizes, tentando não rir- os adultos acreditam sim, mas é que crianças as vezes costumam aumentar muito a história real e omitir alguns detalhes. Mas ainda não entendi por que os pais de Yanagi o colocaram de castigo hoje?- Seus dois irmãos fizeram coisas erradas e colocaram a culpa em Shinen de novo!- Não acredito, ele fez de novo! O pai dele não muda...não sabe o que está fazendo com o próprio filho, este descrédito todo uma criança, vai afetá-lo muito quando crescer...- o pai sacudiu a cabeça desiludido, porque já sabia só com aquele pequeno comentário do filho que a história era uma repetição do passado.- O que quis dizer com isso pai?- o menino virou a cabeça sem entender.- Nada querido, você é muito novo para entender essas coisas de adulto. Amanhã você poderia trazê-lo aqui, se os pais dele permitirem e podemos animá-lo, o que acha?- Era a ideia pai! Acho que ele vai ficar muito feliz!- o loiro pulou nos braços do pai, agradecido e já fazendo os planos todos na sua cabeça de como seria o fim de semana.Enquanto isso na casa dos Yanagi, Itsu subiu as escadas para o quarto do filho caçula para ver se ele ainda estava no telefone com o menino que ligou mais cedo. Não entendia por que Shinen não conseguia se dar bem com os irmãos mais velhos, sempre arranjando confusão e parecia estar eternamente querer ser mimado por todos. Sua primeira esposa tinha falecido, e deixado aquela criança para ele cuidar...não sabia por que ele tinha que ser tão diferentes dos outros dois, que para ele pareciam ser muito mais seus filhos do que aquele garoto. Ele interrompe os pensamentos, ao ver opequeno menino encolhido nas cobertas, ainda com os dedinhos agarrados ao telefone e suspirando profundamente. Aragani solta um sorriso pensando que ele realmente parecia com a mãe, os dois tinham coisas mais em comum do que podia imaginar.Aragani retira o telefone, coloca na base e puxa as cobertas para cobrir o filho. Deposita um leve beijo em sua bochecha, ajeitando melhor o garoto na cama e sussurra em seus ouvidos.- Bons sonhos filhos. Gostaria que não fizesse essas coisas estranhas que faz e diz, porque não ser igual as outras crianças, ein? Se fosse, tenho certeza de que tudo seria perfeito.Ele se afastou, olhou mais uma vez para o rosto do filho, apagou a luz e saiu fechando a porta.Dia seguinte...Shinen olha novamente para o pai e quase pula de felicidade ao escutar que ele tinha deixado –o ir para a casa de seu amigo Natsuro. Em segundos está com a mochila arrumada, com os brinquedos mais legais na bolsa e só espera a campainha tocar para sair como uma bala pelo corredor a fora em direção do amigo.Seu sorriso é tão grande que não cabe no rosto, os dois se abraçam e fazem aqueles cumprimentos secretos e riem um para o outro. Itsu sacode as mãos para Aragani, e recebe ambos no carro, dirigindo para casa onde o moreninho teria uma grande surpresa.Assim que eles saem do carro e abrem a porta, um grande "Feliz Aniversário" é gritado na sala e ele vê alguns dos amigos de ambos e a família Yatsuko no centro com faixas, balões e muito barulho para cantar parabéns para ele.Shinen é só surpresa, seus olhos vinho enormes brilham de alegria e ele sente as mãos de Natsuro nos seus cabelos como um ligeiro afago. Ele nunca gostou que tocassem em sua cabeça e muito menos nos seus cabelos, mas a sensação de que aquele toque trás é aconchegante, assim como os olhos verdes como esmeralda que o encaram acompanhados daquele sorriso que somente seu amigo podia dar.- Shinen você gostou da surpresa? – perguntou alegremente o loiro.- Papai e mamãe tiveram a ideia! – completou a Yuri.- Eu ... eu ...não sei nem como agradecer...- o moreno gaguejou, olhando para todos e abaixou o corpo numa ligeira mesura para ambos os adultos.- Não tem nada criança! Aproveite seu dia e vá brincar! – ambos os adultos falaram rindo e apontando para as outras crianças.Shinen se juntou a Natsuro que o pegou pelas mãos, e ambos foram se divertir pelos jardins, onde a festa aconteceu. O menininho nunca tinha estado tão feliz, o dia do seu aniversário iria ficar na sua memória para sempre, assim como cada carinho que aquela família estava lhe proporcionando.A noite caiu e no quarto que Natsuro dividia com o amigo ele acordou com um sussurro fraco vindo da janela. Seus olhos abriram e fecharam várias vezes antes de realmente enxergar o que estava a sua frente, os dedos esfregaram no rosto e então se levantou para ir em direção à bancada da janela. Shinen estava encostado na quina dela, os pequenos pés apoiados na madeira e os olhos fixados na lua lá fora. O vento balançava seus fios pretos e o reflexo da noite batia diretamente na sua face, seus lábios sussurravam uma pequena prece dirigida a noite.- Eu sinto falta de você 'kaasan, queria que estivesse ao meu lado e visse como meu dia foi feliz. Consegui um amigo e parece que ele realmente gosta de mim, se preocupa comigo...sabe Nat-chan é estranho, mas é legal e engraçado! Gostaria que estivesse aqui para conhecê-lo e visto como sua irmã é maneira e com sua família também gosta de mim. Nat-chan tem uma onda calma e bonita...como a sua...'kaasan, é como se tivéssemos nos conhecido antes...tenho vontade de me abrir e confiar nele, diferente de 'toousan...- o moreninho suspirou, deixando as mãos passarem pela franja que caiu pelo seu olhos.Natsuro se aproximou aos poucos do pequeno menino e deixou uma das mãos pousarem por sobre seus ombros, interrompendo o momento, para que não ouvisse mais a voz tão solitária de seu amigo.- O que houve Shinen, perdeu o sono? – ele falou, recebendo um virar de cabeça na sua direção e um leve torcer de lábios.- Perdi...foi um pesadelo, mas estou bem agora, Nat-chan. – ele sacode a cabeça e segura com sua pequena mão a do loiro.- Sabe...- ele voltou as duas grandes bolas vinho na sua direção e continuou a falar- minha mama morreu hoje...já deve ser domingo,certo? Ela morreu logo depois de completar 3 anos, não pude comemorar e por um bom tempo não sei o que era ficar feliz no meu dia...uhmmm.... mas hoje foi diferente...foi especial! Mamãe antes de morrer me disse que um dia ia achar alguém muito importante para mim, alguém muito especial...e que quando eu achasse o presente que ela me deixou, eu saberia quem ela seria. Bom, nunca entendi muito as coisas que ela me falava...mas ela costumava saber muito do futuro.Shinen colocou as pernas para dentro do quarto e tirou uma das mãos que estava no ombro do amigo e passou para dentro do peito, puxando de lá uma corrente longa de prata. Seu dedo deslizou pela corrente até chegar ao amuleto que tinha um kanji trabalhado em vários arabescos ao seu redor, sua mão o levantou e ele mostrou o objeto, bem maior que sua palma para o amigo.Natsuro voltou seus olhos para o que estava escrito e sua face fez um olhar de interrogação, seus dedos foram em direção ao objeto e seus lábios se moveram, tentando ainda entender por que aquela palavra.-SHI? Está escrito "morte"?!- Sim, isso mesmo...eu encontrei nas coisas de mamãe quando fui procurar umas fotos dela no sótão. Então lembrei o que ela tinha me contato a tanto tempo atrás...O amuleto foi feito para mim, para me proteger. 'Kaasan me dizia que tinha colocado "shi" no meu nome, para que lembrasse que morte não era o fim de tudo e sim uma chance de um recomeço, que não ficasse com medo dela, e esse amuleto me protegeria quando mais precisasse dele. E que eu o encontraria quando a pessoa especial surgisse. – Shinen fala sério.- Quer dizer que eu estava no seu destino? – Natsuro o questionou.- Não sei...não entendia metade das coisas que mama me falava e ainda muitas delas não fazem sentido algum para mim, são como nossos sonhos. Mas eu...- Shinen é interrompido.- ...você apenas sente que é certo. – completou o loiro.- Como você sabe que ia falar isso?- o menino arregalou os olhos assustado, soltando o amuleto das mãos.- Eu consigo ouvir as vozes das pessoas as vezes...- Natsuro suspirou encabulado, seus pés sacudindo no chão. -As vozes são muitas e vão e voltam...- Por que não me disse isso antes? Você lê pensamentos!!! – Shinen pulou da janela e ficou na ponta dos pés olhando exacerbado para seu amigo.- Queria lhe contar, mas fiquei com medo...nem todo mundo fica muito feliz ao saber que posso entrar na sua mente. E mamãe e papai sempre falaram para não espalhar porque as pessoas podem ser cruéis e me fazer mal, mesmo com muitos humanos agora tendo dons. – Natsuro terminou.- Então se você pode ler meus pensamentos porque me perguntou tantas coisas quando nos conhecemos?? – ele o interrogou.- Porque não consegui ler seus pensamentos Shinen. É engraçado as vozes da sua mente são abafadas e praticamente o que escuto são poucos relances, como agora! Você é um dos primeiros que sinto um silencio absoluto quando estou perto. –o loiro exclamou.- E o que isso significa?- o moreno questionou.- Que você tem uma energia tão forte que consegue protegê-lo muito bem. Shinen você é especial e é por isso que gosto de você amigo!- ele solta com um sorriso imenso na face, passando os braços pelo ombro do garoto mais baixo do que ele.- Eu também. – suas simples palavras e um pequeno sorriso iluminaram sua face morena, Shinen apenas devolve o abraço do amigo e deixa que ele o leve de volta para o futon que dividiam no chão.- Boa noite Shinen. - ele puxou as cobertas para cobrir o amigo que de imediato se ajeitou ao seu lado, agarrando uma de suas mãos.- Boa noite Nat-chan e obrigado por tudo. – ele sorriu e fechou os olhos.Em segundos ambos estão entregues para os deuses dos sonhos. E aquele amuleto nunca seria tão especial na vida dessas duas crianças.********Os meses se vão e cada vez a amizade deles vai ficando mais forte e intensa. Natsuro é a única pessoa que Shinen pode contar e com quem praticamente passa a maior parte do tempo quando não está na escola estudando.Ao completar mais um ano de vida, aquele moreno não ganhou apenas de presente o amuleto da mãe, mas seus poderes cresceram e começaram a se fazer mais visíveis, uma energia espiritual que lembrava tanto a de sua 'kaasan. O seu ki vinha acompanhado com força física e a capacidade de explodir pequenas coisas que tocava, sua agilidade parecia teraumentado, mas se forçasse muito as dores de cabeça também apareciam, o que o faziam identificar seus limites.O poder também o ajudava a não ficar indefeso perante os seus meio-irmão, porém ele preferia não machucar ninguém com esse dom, não parecia certo a seu ver. Esse dom apesar de já ter se tornado comum entre os humanos, não significava que as relações eram facilitadas por quem o possuía, no colégio ter dons não o fazia ganhar amigos. Shinen tentava conversar com um e outro colega de classe, porém parecia que os meninos se afastavam dele. O olhavam com certo medo, não sabia explicar o motivo, somente as meninas é que pareciam ficar cheia de suspiros para seu lado...muito pior ainda quando estava com o loiro! Não queria entender as meninas, elas eram um bicho muito esquisito!Como um encanto a primavera tinha chegado e Shinen havia aprendido com Natsuro a plantar flores por todo o seu jardim, fazendo-o lembrar de sua mãe. Nesse dia umas das mais belas rosas tinha florescido e ele queria muito que seu amigo visse, correu da escola para a casa dos Yatsuko, mas lá só encontrou com Ani que o avisou que tanto Natsuro quanto a irmã estavam fora de casa, com seus colegas de classe para uma atividade.Shinen ficou desapontado, mas garantiu a Ani-san que iria procurar se divertir com outras crianças e que mais tarde ligaria para o amigo. O problema era que ele não tinha muitos amigos além de Natsuro, e era visível que quando se aproximava de outras crianças elas pareciam que sentiam medo dele e logo paravam o que estavam fazendo e se afastavam. O pequeno menino nunca ia entender que sua energia era desafiadora para alguns humanos que não possuíam ki e tendiam a se afastar do perigo que o seu dom causava.Os pais daqueles garotos que agora via no parque também não ajudavam a pessoas especiais como Shinen, eles colocavam na cabeça de seus filhos que os tipos dele, eram mestiços e eram sempre perigosos. E mesmo quando uma criança fugia desse ciclo de preconceito e medo sem sentido, tentando se aproximar do pequeno menino, era logo carregada pelos pais para longe e no fim Shinen voltava a ficar sozinho no meio dos brinquedos.Ele ouvia ainda mais agora os xingamentos sussurrados pelos corredores do colégio, nos cantos do parque, da boca de seus irmãos e de sua madrasta: youkai, mestiço, demônio,impuro...as palavras fortes que para sempre marcariam uma criança, mesmo ela querendo ser forte e fingir que não ouviu.Então o que ele pode fazer? Sua única resposta era procurar a natureza que tanto o aconchegava, o som das águas do lago, a floresta sussurrando, os animas que conseguia ouvir acabavam sendo seu conforto. Shinen se perdeu no tempo e quando olhou para o céu escurecendo percebeu que já estava atrasado para voltar para casa, já sabia que ia escutar do pai.Assim que chega a casa, não dá de cara com o pai, mas sim com sua madrasta, que era mil vezes pior. Sua voz fria já é comum, seu olhar gélido e a postura no meio da sala com os braços cruzados parecendo o aguardar já o dizem que está em apuros.- Isso são horas de chegar em casa Yanagi Shinen?- ela berrou.- Gomen não queria me atrasar para a janta, perdi a hora. – o menino abaixou a cabeça constrangido.- Quantas vezes já lhe disse que não deve voltar tão tarde, ainda mais sem avisar para onde? E por falar nisso, onde esteve?- ela o questionou com os olhos frios.- Por aí...- o moreno deu de ombros.- Como saiu por aí?! Isso não é resposta, eu sua mãe e mereço respeito. – ela apontou o dedo em seu rosto.- Não devo nada a você...você não é minha mãe. E por que tenho que te dar satisfação se seus meus irmãos não o fazem? – ele a olhou desafiador, não sabia de onde veio tamanho instinto de resposta, mas agora já tinha escapado por seus lábios.- O que?! Menino atrevido! Posso não ser sua mãe real, mas nem por isso deve me desrespeitar! Vou fazê-lo aprender a ser educado com os mais velhos e...- Shinen a interrompeu com um olhar vinho dos mais frios.- Como vai me ensinar a ser educado quando não fez isso com seus próprios filhos? – aquela frase foi o que faltou para Kira perder completamente a paciência, ela levantou a mão para trás e um único tapa foi parar no rosto do menino. A marca de seus dedos começando a se formar segundos depois próximo ao seu olho esquerdo.- Olha só o que me forçou a fazer? Menino atrevido, vá direto para o quarto, está de castigo até segunda ordem, só desça na hora do jantar! – ela apontou as escadas.- Sim senhora. – Shinen sussurrou levando os dedos até a face ferida e subiu cabisbaixo as escadas para o quarto.Na hora da janta Shinen sequer tocou direito na comida e eu pai o questionou.- Não vai comer Shinen?- Não estou com fome...- Como está o rosto? – o pai perguntou olhando para a pequena marca ainda presente na bochecha do filho. – Sei que você e Kira se desentenderam hoje, mas você sabe que estava errado em desrespeitá-la, não foi motivo para ela te bater, porém você a fez perder a paciência. Então peça desculpas para sua madrasta e estará tudo bem.- Não. – o menino respondeu secamente.- Como?- Itsu arregala os olhos não acreditando, assim como os outros presentes na esa.- Só peço quando ela me pedir primeiro, ela não devia ter me batido.- a voz do menino é incisiva.- Kira, vamos dê o exemplo!- Itsu tenta reverter o problema, olhando para a esposa.- Claro, eu não quero que ele pense mal de mim. Shinen, querido, não devia ter tem batido e deveria ter controlado meu impulso, mas nunca mais me desrespeite dessa forma. Obedeça-me. Eu faço essas coisas para seu bem.- a mulher completou séria.- Sim senhora. Gomen nasai. Agora posso ir para o quarto ler meus livros?- o menino falou abaixando os olhos.- Então tudo bem, pode se recolher. Boa noite filho. – o pai falou, passando as mãos em sua cabeça, o que só fez o menino dar uma ligeira retraída, se levantando.- Kira, vamos conversar um pouco lá na varanda.- o pai levantou-se e saiu com a esposa, deixando os filhos sozinhos.Assim que os dois irmãos cruzaram no caminho de Shinen subindo pelo quarto, foi apenas um empurrão que o jogou na parede.- Eles estão brigando por sua causa! – Ariso falou.- Moleque mais infantil! – o outro empurrou.Enquanto isso, os pais discutiam tão alto que o som da varanda chegava no corredor. Eles claramente estavam falando de Shinen, a mãe afirmando que ele não gostava dela, que era estranho e que não queria ter que cuidar de uma criança tão estranha como ele. Mas Shinen deixou de escutar quando Nakari apertou seu braço com força e começou a brigar com ele.- Shinen você precisa parar de acreditar que é alguém nessa família! Não pode humilhar nossa mãe.- Mas eu não a humilhei...- ele puxava o braço do irmão.- Vamos dar uma demonstração de como deve ser tratado nessa casa Nakari!- Ariso falou para o irmão, já tentando bater no moreno.Shinen se sacudiu e com um forte impulso se soltou do irmão mais velho e deu um chute tão forte em Ariso que ele bateu nas paredes. Os dois olharam abobados para o pequeno garoto que emanava uma estranha energia enquanto saia correndo para se trancar no quarto.Ele se jogou na cama, colocou o rosto entre os braços e torceu para que o sono viesse e todo aquele dia horrível passasse logo. Dormiu sem nem perceber e acordou sentindo o corpo em frangalhos, mas tinha que ir para a aula e para isso precisa tomar banho e se vestir.Assim que desceu e tomou o café, seu pai sorriu para ele e disse que o levaria para escola de carro, foi como se o dia tivesse ficado mais claro. Afinal, Itsu quase nunca o levava para a escola e muito menos dividia o café da manhã com ele. Alguma coisa já tinha melhorado aquela noite tão ruim de ontem.-Tchau filho, até mais tarde! – Itsu falou ao deixá-lo na porta da escola.- Pai ...o senhor não esqueceu de nada...- Shinen olhou as outras crianças se despedindo com beijos e abraços de seus pais e pensou que só faltava isso para completar o dia tão bom.- O que foi? Precisa de dinheiro?- mas o pai o olhou sem entender em pé a sua frente e o dispensou com algumas notas em suas mãos e um ligeiro tapa nas costas- Pronto! Tenha uma boa aula, agora vá que estou atrasado para o trabalho.- Sim pai..err...obrigado. – Shinen deu um suspiro, pegou o dinheiro e colocou no bolso da calça, sacodiu as mãos e viu o pai batendo a porta do carro e indo embora.Sabia que não podia ter tudo, seu pai pelo visto nunca seria igual a todos os outros pais. Durante a aula, a mesma sensação de afastamento se repetia; os colegas de sala nunca o escolhiam para fazer os trabalhos juntos e ele começava a achar que era melhor mesmo saber viver sozinho. A professora até tentava, colocando Shinen em grupo para fazer as atividades, mas lá apenas um ou dois o queriam e no fim ou ele ia fazer tudo para todos ou eles não ouviriam sua opinião. O dia havia acabado de se tornar tão chato quanto o anterior para Shinen, por esse motivo quando Natsuro foi procurá-lo em sua escola não viu omenino alegre que costuma encontrar sempre e sim alguém com o andar lento e cabisbaixo. Ele o chamou diversas vezes, mas não conseguiu ser atendido. Foi necessário correr atrás dele no caminho para fora da escola e tocar em seu ombro para se fazer notado._ Yanagi! O que houve? Não me escutou? - o loiro falou._ Oh...oi Natsuro...- seus olhos viraram em sua direção e a voz era fraca e sem ânimo. - Gomen não estava prestando muito atenção nas coisas..._ O que aconteceu? - o menino continuou apertando os ombros pequenos se virando em sua direção e notou a marca suave arroxeada na bochecha do moreno._ Nada...eu caí e me machuquei, só isso. Está tudo bem comigo...- o loiro notou imediatamente que isso era uma mentira, mas não iria insistir, seu amigo não parecia muito bem para falar sobre o assunto._ Se você diz, tudo bem. Por que ontem não me ligou, mamãe disse que passou lá em casa e queria falar comigo?_ Não era nada importante, queria somente que visse as flores que me ajudou a plantar...elas abriram...- ele deu de ombros._ Eí, como não era importante, você levou tanto tempo cuidando delas?! - o menino o questionou._ Se você diz...- Shinen deu um outro suspiro, retirando as mãos do amigo e dando passos para frente._ O que está acontecendo com você hoje, está chateado comigo por não poder encontrar contigo? - Natsuro voltou a acompanhar o menino pelo caminho, ficando cada vez mais preocupado com o desânimo do moreninho._ Meu problema não é com você...nem com ninguém. Não estou chateado por ontem e nem deveria, né?! - ele sacodiu a cabeça._ Ok...então podemos ver suas flores hoje? Estou livre!- o loirinho tentou com isso animar o amigo, que novamente responde com um dar de ombros e segue os passos em sentido de sua casa. - Vamos logo, quero muito ver seu jardim florido! - ele falou alegre puxando o outro pelas mãos para andar mais rápido.Quando ambos chegaram na enorme casa, Shinen o levou em direção aos jardins nos fundos e os olhos verdes do amigo se arregalaram com a beleza que viu. As flores todas tinham aberto e eram tantas cores que você se perdia no meio das orquídeas, rosa,crisântemos, e outras de vegetação tão encorpada que parecia que elas estavam dando "oi" para o loiro com seu perfume. Natsuro tinha apenas ajudado a plantar e ensinado algumas técnicas que aprendeu com sua mãe e avó, mas parecia que o moreninho tinha passado o mestre.- Estão lindas! Eu nunca vi orquídeas e rosas tão maravilhosas! Parabéns! – ele deu um belo sorriso.- Não pensei que fosse gostar tanto assim...- o menino sacudiu os pés na grama encabulado.- Ele não sabe admirar o próprio trabalho. Meu moreninho é tímido. – a voz ao fundo era da governanta da casa que acabara de chegar com uma cesta de guloseimas e bebidas para as crianças, Hitori parecia adivinhar quando eles estavam ali.- Não é para tanto Hitori-san. – ele sorriu sem graça.- Deixa disso e aceita o elogio! – o loiro deu um leve tapa nos ombros do menininho.- Crianças eu trouxe um lanche e vou colocar lá na piscina para vocês, o que acham? Hoje o dia está lindo e água ótima! – a governanta falou, já apontando para o caminho mais à frente da piscina imensa que ficava no fim do jardim. Os dois se entreolharam e sacudiram a cabeça como sim.Shinen levou o amigo para o quarto, onde deixaram o material escolar e trocaram de roupa. Porém, mesmo com toda a alegria contagiante de Yatsuko, o moreno não parecia ser o mesmo, e seus poucos sorrisos eram repletos de um olhar distante e entristecido. Após a piscina ambos foram tomar banho e jantar no quarto do moreno. Quando a governanta colocou os pratos e as bebidas na mesa de escritório do menino Natsuro notou que o moreno colocou apenas duas garfadas na boca e passou a mexer na comida.- Você não vai comer mais Shinen? – Natsuro perguntou com metade do prato já finalizado.- Não estou com fome. – ele empurrou mais o prato para o lado.- Precisa comer, não lanchou quase nada e agora vai virar passarinho! – ele empurrou a comida de volta para o menino e sorriu.- Mais um pouco ou a Hitori-san vai ficar chateada.- Ok...mas não aguento comer muito mais do que isso. – o menininho colocou mais três garfadas na boca e bebeu o chá, largando o resto para lá.A governanta quando viu metade do prato vazio, sacudiu a cabeça, mas não falou nada, já conhecia seu menino para saber que ele não estava bem desde ontem. Ela disse que os deixaria sozinho e se foi.- Shinen qual o problema? Está chateado comigo por causa de ontem? Por não ter te ligado? – o loiro estava sentado ao seu lado no chão de almofadas e tornou a perguntar.- Não, eu já disse, como ficaria chateado por ter outros amigos e poder sair com eles?!- Então aconteceu alguma coisa ontem que te deixou tão para baixo. Vou insistir até você me falar, estou ficando preocupado! Brigou com seus irmãos de novo?- Mais ou menos... – ele desviou das mãos que agora estavam no roxo em sua bochecha.- Foram eles que fizeram isso?- Não...foi minha madrasta, mas ela pediu desculpas... e tá tudo bem agora.- Kira-san fez isso contigo?- o loiro falou surpreso.- Nós tivemos uma discussão e enfim...foi minha culpa, não devia ter sido abusado. Mas sério Nat-chan eu estou bem! – ele tenta puxar de um sorriso, mas nada além de um esgar sai de seus lábios.- Bem você não está, sua aparência está horrível!- Não consegui dormir direito, é só isso. – ele esfregou os olhos com os dedos e bocejou, de repente seu corpo todo tinha ficado extremamente cansado.- Uhmm...eu não vou forçar, mas se está com sono, pode cochilar aqui. Eu vou ficar vendo desenho na tv. – Natsuro bateu com as mãos no colo e puxou de leve o corpo do menino para si, preferia que ele dormisse com ele do que sozinho.- Arigatou...Shinen se aconchegou no colo do loiro que se ajeitava nas almofadas para tentar ficar o mais confortável possível e em segundos o moreninho estava suspirando profundamente. Natsuro começou a se distrair passeando os dedos por entre os fios negros do amigo e lembrou que sua mãe sempre fazia isso com ele quando estava triste, o cafuné deveria funcionar com ele também.Em pouco tempo as feições de Shinen foram modificando para algo mais leve e um ligeiro sorriso surgiu em seu rosto, seus dedos pequenos se apertaram na calça do loirinho e ele sentiu que o sono tinha se tornado em algo profundo.- Deu certo...Mais tarde Natsuro tinha deixado seu amigo no quarto adormecido e ido conversar com Hitori-san na cozinha, quando voltou ao subir as escadas, já ouvia a voz alterada dos irmãos de Shinen e isso o fez correr em direção ao quarto para encontrar a cena mais bizarra de todas. Seu amigo estava encostado na parede enquanto recebia gritos e palavras de deboche de ambos os garotos mais velhos, um deles já estava agarrando sua blusa com força e podia ver um dos lábios do moreno sangrando de um pequeno ferimento.- Você é mesmo um inútil! – Ariso gritou e já estava pronto para lançar oura leva de insultos quando o loiro agarrou sua blusa e o lançou longe pelo corredor.- Vocês não vão mais encostar as mãos nele! – e deu um soco no rosto de Nakari fazendo com que largasse de Shinen.- O que??? – ambos estavam no chão sem acreditar.- Saiam daqui ou vou quebrar suas caras! – ele levantou os punhos e sua altura era a mesma que os dois garotos, mas a energia que ele emanava era terrível fazendo com que os dois pensassem duas vezes antes de enfrentá-lo.- Nós ainda de pegamos Yatsuko!!! – eles correram pelo corredor a fora.- Você está bem? – o loirinho se aproximou do amigo que estava encolhido no chão, com uma das mãos no rosto. – Por que não enfrentou os dois, sei que pode muito bem lutar contra eles, mesmo que seja para dar um susto?- Eu não vou mais brigar com ninguém.- O que? Você ia deixá-los te bater? Infelizmente eles não iam parar. – o loiro agarra as mãos no amigo e se ajoelha ficando cara a cara com ele.- Sim...se isso os deixa feliz, eu não vou mais enfrentá-los, se isso vai fazer com que eles gostem de mim, com que meu pai me escute e eu tenha alguém...eu não uso mais meus poderes. – Shinen respondeu com um olhar triste.- Shinen o que aconteceu ontem para pensar isso? Você não está sozinho.- Sim, eu estou. Meus poderes não são bons, eles não fazem as pessoas olharem para mim como se fosse normal. Eu só queria ser normal, igual a qualquer criança da minhaidade...se eu mudar quem eu sou fazer com que todas as pessoas gostem de mim, que eu tenha colegas na escola...amigos ... que meus pais gostem de mim e minha família não me odeie...então eu vou ser diferente. – seus olhos vinhos são frios e ele apertar os braços entre as pequenas pernas, se fazendo menor ainda.- Não fale uma coisa dessas! Você não tem que mudar por ninguém, você não está errado, não é anormal...se as pessoas se afastam são elas as erradas em não querer conhecer uma pessoa tão legal! Eles perdem! Eles são os errados, porque tem medo do que desconhecem e seus irmão estão todos errados! – o loiro colocou toda a emoção que sentia passar pelo seu coração, explodindo em palavras. Seus braços agarraram o menininho e trouxeram seu corpo para perto dele.- Mas se eu não fizer isso eles não vão gostar de mim! – sua voz saiu abafada entre as roupas do amigo.- Escute Shinen, eles estão todos errados! As pessoas não podem julgar ninguém que não conhecem, por ser diferente...Deixe-as pensarem o que quiserem, eu gosto de você porque você é assim, nunca mude! Promete para mim? Promete que nunca vai deixar de ser quem é? Seus poderes fazem parte de você, sua energia é linda e eles é que não sabem ver isso!- Natsuro afastou o amigo do abraço e encarou seus verdes olhos nos dele.- Eu prometo, se Nat-chan gosta de mim sendo assim, então eu não preciso ser diferente. Eu sou uma boa pessoa e um bom amigo, né?! – seus vinhos eram enormes e parecia que a qualquer momento lágrimas iriam descer deles.- Sim. Eu te adoro! Você é meu melhor amigo! – ele repetiu e voltou a apertá-lo entre os braços. – Vamos ser amigos para sempre!- Para sempre! Eu te adoro amigo! – ele devolveu o abraço.Infelizmente o para sempre não era tão eterno assim, e meses depois Shinen teve que se mudar de cidade por causa da empresa do pai. Eles tinham negócios fora do país e havia a necessidade de manter a presença de um dos majoritários próximos do novo grupo que surgia.E um belo dia, Natsuro estava vendo só a mudança de seu amigo saindo pela casa afora. Não tiveram tempo de se despedir direito porque a decisão dos pais só foi comunicada da noite para o dia e acaba que Shinen não quis falar com seu melhor amigoque eles não se veriam mais. Uma amizade que durou um pouco mais de um ano, mas que marcou a relação dos dois fortemente.O menino loiro correu em direção do amigo que estava na porta de casa esperando que ele aparecesse.- Por que não me falou antes?- Porque soube praticamente ontem e não queria que nosso último dia juntos fosse parecido com uma despedida. – ele falou triste.- Como assim vocês vão se mudar tão rápido? – ele falou afobado.- Meu pai vai gerenciar uma outra parte da empresa fora do país. E hoje já vamos embarcar em um avião para a América.- Eu não queria ir, mas foi assim...vou sentir sua falta.- suas pequenas mãos apertam as do amigo- Eu quero te dar uma coisa. – ele largou suas mãos e puxou do pescoço o amuleto.- Ah? – Natsuro arregalou os olhos ao ver o menininho colocando entre seus dedos o amuleto que a mãe havia deixado para ele.- É para você. Eu quero que aceite como uma lembrança minha. – ele apertou o objeto entre os dedos dos dois.-Mas Shinen isso é de sua mãe, não posso aceitar uma coisa tão importante dessas! – o loiro tentou entregar de volta.- É seu! Não posso dizer como sei, mas vamos voltar a nos encontrar e esse amuleto vai ser para não se esquecer de mim. Minha mãe disse que era para entregar para alguém muito importante para minha vida, e Nat-chan é e sempre será importante para mim. – ele soltou suas mãos do amigo e apertou sua cintura num abraço de despedida.- Então eu aceito, porque vamos nos ver e eu irei te devolver, não interessa quanto tempo isso demore. – ele retornou o abraço.- Shinen! Está na hora de irmos! – a voz da madrasta de Shinen veio ao fundo, apontando o carro os esperando.- Estou indo! -ele gritou se separando com dificuldade do amigo, os olhos de ambos cheios de água. – Então, adeus Nat-chan!- Adeus não...até mais!- Até mais Nat-chan!!! Nós vamos nos ver de novo, tenho certeza disso.- o moreninho sacudiu as mãos com lágrimas nos olhos e um sorriso na face.- Sim nós vamos sim...meu melhor amigo!Natsuro sacudiu as mãos de volta, e vendo o amigo entrando no carro e desaparecendo na rua. Seus olhos verdes marejados de lágrimas se fixaram no amuleto e o apertaram, colocando no pescoço e sentindo aquele calor se alojar entre seu peito.Tinha certeza de que eles se veriam por que como Shinen, algo lá no fundo dava esta certeza.Continua...

Reencarnações parte 2- Uma vida dois amoresOnde histórias criam vida. Descubra agora