Capítulo 18

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Eu acordo com um grito na garganta, o som que sai é o nome de Shinen e a primeira coisa que vejo são os olhos verdes claros e o rosto preocupado de Yuri.

- Calma..calma...já passou....foi só um pesadelo. – ela sussurra e seus dedos me colocam de volta no lugar, e mesmo que me esforce para levantar mais, sinto que algo está agarrado no meu braço... na verdade meu corpo inteiro tem dificuldade de se manter sentado na cama.

- O que...?- os olhos parecem focalizar melhor onde estou e como estou.

Yuri está me segurando para não arrancar os fios que estão no meu braço e outros presos pelo corpo – estou em um hospital. Agora me lembro exatamente o que me levou a estar aqui, alguma coisa abriu os portais que ligam o Ningenkai ao Makai e de repente tinham demônios de diversas estirpes saindo e invadindo ruas e cidades. Minha família havia me ligado dizendo que alguma coisa estranha estava saindo na rua de casa, meu pai estava no hospital recebendo vários casos de humanos feridos por ataques de demônios que se espalharam pela cidade. Yuri disse que Kazuma estava indo para lá, uma equipe do clã deles havia chegado e eu acabara de sair de um treino, por sorte tinha minha arma em punho quando eles começaram a brotar perto do complexo hospitalar que trabalho.

Não sei dizer de onde veio meu estímulo de lutar como se fosse um guerreiro, mas as técnicas que havia desenvolvido nesses últimos anos treinando com meu mestre e vez ou outra com Shinen me fizeram salvar a vida de muitos até que a equipe do Hokaiaro surgisse e os policiais de defesa dessem conta do que tinham pela frente.

Nunca vi um portal aparecer do nada e muito menos vi demônios invadindo nosso mundo para nos matar ou nos carregar de volta por ele, foi uma loucura! Quando dei por conta Kirara estava lutando ao meu lado, não consegui obter muitas explicações sobre o que estava acontecendo e onde estava Yanagi, mas chegou um determinado momento em que estava lutando por minha vida, matando youkais com minha katana e uma outra arma que peguei de algum soldado. Meu corpo já era rasgos e sangue, mas não sentia mais nada a não ser a adrenalina correndo, quando algo saiu daquele imenso portal e era uma bola de energia que com seus raios foi acertando e matando eletrocutado diversos dos nossos. Eu tentei desviar, um deles me atingiu, me lembro disso, mas não me lembro do que houve depois que aquele raio pareceu vibrar pelo meu corpo e ganhar forma através das minhas mãos. Uma estranha energia negra oscilava e me envolvia como barreira de defesa e o raio virou faíscas em segundos.

Depois disso, me senti arrasado, quando olhei do lado Kirara estava me protegendo de outros demônios maiores que começaram a sair com voracidade. Porém, isso durou alguns minutos, pois logo o portal se fechou do nada e aqueles que ainda estavam do lado de fora foram sendo mortos pelos policiais e agentes de defesa dos clãs.

Estávamos vivos! Rezava para que meus amigos e parentes também. Minha paz durou muito pouco, foi o suficiente para Kirara me passar a informação que as coisas no Makai não estavam boas, e que o grupo deles tinha vindo o mais rápido possível para o Ningenkai a fim de parar os ataques e salvar vidas humanas.

Quando olhei para a rua, tudo era caos, eu tive sorte de estar vivo ainda, mas muitos não tiveram a mesma sorte, pensei que meus ferimentos poderiam esperar, que meu cansaço não era grande o suficiente e eu poderia servir como médico e ajudar as pessoas..

Acho que administrei isso por minutos, antes de sentir que tinha alguma coisa errada e não era comigo, não era somente com meu corpo, uma voz me chamava. Uma voz do fundo da minha alma gritava meu nome e pedia ajuda. A sensação de perda foi tão grande que era como se minha alma tivesse sido arrancada de mim! Kirara tinha parado de falar, ou tentar me impedir de seguir com meu desejo de ser médico, porque agora ela olhava para mim com seus olhos de gato azuis assustados.

Reencarnações parte 2- Uma vida dois amoresOnde histórias criam vida. Descubra agora