Capítulo 27

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Em algum lugar...

Os olhos percorrem todo o local que eu reconheço sem reconhecer, o cheiro me trás recordações profundas e longínquas. Algo entre cítrico, terra molhada e um perfume amadeirado de olíbano. Vejo as imensas árvores, antigas pelos troncos torcidos e largos, as pequenas flores que brotam de todos os tipos e cores, os tons de verdes e vermelhos se espalham pela imensa floresta em que meus pés estão pousados.

Não sei como vim parar aqui, o local não me lembra o Makai, muito menos qualquer canto do Ningenkai que conheça. Pelo menos não nos países que viajei e eu não poderia estar tão longe do Japão assim, foi o último lugar que estive lutando.

E essa floresta não me parece com nada igual, chega a ser irreal!

Minha pele se arrepia quando os sons de risadas ecoam por todo o espaço e não sei de onde vem, até virar os olhos e um imenso templo antigo aparecer na minha frente. Eu me vejo naquelas casas antigas, e cercado pelo complexo de pilastras, escadarias, um jardim de inverno com o um pequeno lago percorrendo o espaço, imagens de deusas e deuses estão circundando o local e são seres que a mim lembram aqueles desenhos antigos dos livros de mitologia oriental. O som das risadas aumenta e dessa vez sinto um vulto passando por entre minhas pernas e são várias crianças que definitivamente não são humanas.

Eu tento desviar de uma delas, e ela simplesmente passa por mim como um fantasma. Na realidade elas todas não são reais, parecem fragmentos de memórias ou espíritos que estiveram aqui a muito tempo atrás. O que significaria que toda a visão que estou tendo não existe na realidade.

As crianças, me parecem youkais, elas têm pele de cores diferentes, rabos, orelhas de animais, asas de fadas, porém algumas são bem humanizadas e todas riem e correm pelo imenso jardim. Até uma delas ser cercada pelos coleguinhas, com gritos e dedos apontando, com risadas nenhum pouco agradáveis e eu sei na pele o que é isso, e só de pensar meu peito já aperta, minha boca tem gosto ácido e sobe pela garganta uma vontade de vomitar tremenda.

De repente as vozes de deboche desaparecem por causa da criança que está no centro da roda, seus cabelos prateados que chegam a ser brancos e flutuam parecendo uma entidade fantasmagórica, e todos meus pelos arrepiam porque alguma coisa me toca na cena, na figura e finalmente em toda a criança. Ela é diferente das outras, seus olhos são verdes como o mar, com uma íris dourada que brilha a cada grito que ela solta...sim ela parece ter assumido uma outra personalidade ou todo o bullying que ela vinha sofrendo desencadeou essa explosão. Além do olhar de poder antigo, sua pele foi clareando ainda mais, a criança ia crescendo a medida que aquela explosão de energia a envolvia, suas orelhas e rabo vão se tornando maiores e agora noto que ela não tinha esse tom de cabelo, seus fios eram mais escuros quase castanhos...não eles eram ruivos!

E assim que ela se transforma naquela figura etérea, a sua volta todas as crianças estão curvadas, ajoelhadas e não somente elas, as pessoas que pertenciam ao palácio, que circulavam por ali e foram atraídas a situação que se passava ... todas fazem o mesmo.

"YUKI!"

A voz...o som daquele timbre eu reconheço, eu sinto meu coração batendo, sinto o amor simples e puro ali do meu lado e a mulher passa correndo através de mim, com seus cabelos entre ruivos e prateados, orelhas de raposa tremendo e seu quimono dourado esvoaçando pelo caminho. Ela tem uma face preocupada, mas um sorriso brotando no meio dos lábios, suas palavras e seus braços são aconchegantes quando se aproxima de seu filho.

Seu filho que não é mais a criança de poucos anos de minutos atrás, que no momento tem a aparência de um adolescente de 12 para 15 anos e a mãe o envolve, beija o topo de seus cabelos, afaga suas costas e o vai trazendo ao mundo real.

Reencarnações parte 2- Uma vida dois amoresOnde histórias criam vida. Descubra agora