Capítulo - 4

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O tempo passa mais devagar no inferno.

Isso era um fato muito irritante para a garota, seus olhos já estavam cansados de tanto ler, o sono era notório em seu rosto, afinal, não dormia por mais de duas horas já fazia cinco dias. Tinha que resolver aquele problema o mais rápido possível.

Um dos lotes de drogas tinha sido roubado, não deixaria isso passar, afinal, quem seria louco o bastante para roubar de uma overlord? Mas esse não era o cerne do problema, suas drogas são especiais, e aquela remessa estava inacabada, e isso sim era muito ruim.

Batidas ecoaram na porta, era como uma melodia mal feita, já sabia quem era, ninguém seria tão insuportável ao ponto de fazer a garota perder a postura.

- Entre de uma vez seu imbecil! - A gargalhada do outra lado da sala a deixou mais irritada do que já estava.

Logo as portas de camarão de madeira escura foram abertas, revelando um moletom branco manchado de sangue, os cabelos negros corridos até o ombro davam destaque aos olhos azuis, que se assemelhavam a lâmina da faca que o homem sempre carregava como um amuleto, sua pele queimada de cor acinzentada dava certa beleza aos cortes na lateral do rosto, formando um sorriso medonho, as asas se arrastavam no chão deixando uma trilha de sangue, as pálpebras queimadas o impediram de dormir, o que o fazia ter olheiras enormes, que estranhamente o deixava ainda mais atraente.

- Você vai limpar isso, está me ouvindo? - A albina disse se referindo ao sangue manchando o seu tapete, Jeff sempre deixava bagunça pra limpar.

- Alguém está de mal humor... - O moreno dizia se aproximando lentamente, balançando a maldita faca entre os dedos, fazendo questão que suas asas deixassem um rastro de sangue maior que o normal - Aconteceu alguma coisa?

O desgraçado sabia, o deboche em sua voz era óbvio, ah como queria socar aquele sorriso perfeito.

- Você é um canalha, mas não é burro killer - A garota se recostava na cadeira do escritório, se virando de lado e observando a paisagem pelas grandes janelas, adorava aquela paisagem.

- Você acha? Sinceramente, qual foi a última vez que você esticou as suas asas? Melhor, qual foi a última vez que você dormiu?! - O killer tinha uma fraca preocupação em seus olhos, passando a faca levemente pelo pescoço da garota, movimento que foi interrompido ao quase ser picado por uma cobra branca que rodeava o pescoço branco - Serpente nojenta! - O homem disse se sentando em cima da mesa do escritório, escondendo suas asas, observando o risinho que saiu dos lábios da albina.

- Cuidado, ela é muito ciumenta! - A garota sorriu fraco fazendo carinho na cabeça da cobra, essa que pareceu muito satisfeita, um suspiro deixou os seus lábios pintados de branco como o de um cadáver, estava preocupada - Pó de anjo... - A albina soltou a frase no ar, o moreno pareceu demorar um pouco pra entender, mas logo viu a surpresa em seus olhos.

- Espera, a carga que foi roubada era pó de anjo?! - O terror era explícito em seus olhos, ou talvez fosse divertimento, era difícil distinguir quando se tratando de Jeff.

- Sim...

Uma resposta curta e franca, foi tudo que recebeu, pó de anjo não era uma simples droga. A albina tinha descoberto a muitos anos que suas asas soltavam um tipo pó, capaz de deixar um demônio inconsciente pôr meses, dependendo de quanto ele ou ela ingeriu, no entanto, ao ser modificado aquele pó se torna uma droga potente, trazendo as melhores das sensações, sempre como se fosse a primeira vez. Mas aquele lote em questão estava incompleto, não tinha passado por todos os testes e sido aprovado, se qualquer demônio que fosse ingerisse aquilo, a sensação seria como um afogamento, demônios estão acostumados com o calor, mas com a queda de temperatura e deterioração dos órgãos internos, aquilo seria uma catástrofe.

- Precisa de ajuda? - Os olhos azuis a miravam com cautela, a garota estava calma demais pra seu gosto, preoucupada, mas calma, tinha algo errado.

- Na verdade não, a carga está sendo recuperada neste exato momento... - A resposta surpreendeu o moreno, mas nem tanto, Diana era uma overlord afinal.

- Entendo, mas então porque você parece tão preocupada? - Os olhos negros se encontraram com os azuis, travando uma batalha de autoridade, que o moreno cedeu primeiro - Droga, eu sempre perco nesse jogo.

- Continue tentando, quem sabe daqui a milhares de anos você não consegue? - A risada sarcástica do moreno deixou a albina mais calma, estava mesmo preocupada, mas não eram pelas drogas, mas sim pelo que teria que fazer naquela noite.

- Ah, por favor, não faça essa cara "princesa", não combina com você - O moreno era extremamente irritante e também extremamente calmante, era um conflito interno que a garota tinha toda vez que o via, matar ou não matar, eis a questão do problema. A segunda costuma ganhar.

Uma batida na porta foi ouvida.

- Entre - Seu tom de voz havia mudado, não era mais Diana alí, era uma overlord em seu território.

Um homem alto com olhos maliciosos em tom de vermelho entrou, seus cabelos negros lisos bem arrumados, combinado com as luvas e a roupa de mordomo o deixavam muito sexy, pelo menos foi isso que passou pela cabeça de Jeff.

- Senhorita, o seu convidado a espera - A garota sorriu divertida ao ver Jeff estremecer ao seu lado, todo mundo tem o seu ponto fraco, não é?

- Obrigado Sebastian - A garota se levantou da cadeira indo em direção a porta, parando em frente ao mordomo - Pode fazer companhia para o meu amigo, ele não gosta de ficar sozinho - Ouviu o homem atrás de si engasgar, Jeff podia ser um demônio bem velho em anos humanos, mas para demônios ele era só um adolescente com os nervos a flor da pele, aquilo seria divertido.

O seu mordomo concordou prontamente e a garota seguiu pelo corredor, perguntaria os detalhes ao killer mais tarde, todos os corredores pareciam iguais, aquilo era proposital, uma armadilha para os desavisados que tetarem entrar sem permissão em sua casa, mas havia um segredo nos corredores, especificamente no teto, se você prestasse atenção perceberia que era um mapa, uma ideia que tinha tido a algumas décadas.

Ao parar em frente a uma parede específica a garota apertou em um botão que estava escondido entre os padrões de cores. Uma porta se abriu, dando espaço para um corredor claro e muito bem iluminado, descendo as escadas com cuidado, as asas com padrões de borboleta quase arrastando pelo chão, a garota seguiu até encontrar algumas salas que estavam lacradas com ferro maciço, entrando em uma específica, mostrando que não era tão fraca quanto parecia ao abrir a porta com uma das mãos.

Lá dentro havia um demônio preso e amordaçado, parecia com raiva, mas também parecia com medo. Sebastian devia ter feito as preliminares, já que o demônios demostrava estar com alguns cortes e hematomas, nada letal ou profundo, apenas para assustar, a garota concluiu.

- Então, vamos conversar?

» Continua?.............ᘛ⁐̤ᕐᐷ

Bem vinda ao inferno(Descontinuada)Onde histórias criam vida. Descubra agora