Inesquecível

908 79 82
                                    

Era o fim de uma tarde quente de verão quando Metawin, sentado na areia da praia, observando a água calma enquanto ouvia música nos fones, sentiu uma presença atrás de si. Ele se virou e olhou quem era. Sorriu tímido, sem saber muito o que fazer ou falar. Era Bright o observando. Ele tinha um sorriso de canto e o cabelo estava uma bagunça. As mãos estavam nos bolsos da bermuda com uma estampa de desenhos de abacaxi que Metawin, particularmente, achou hilária e ridícula. Bright estava usando aquilo em um almoço entre os seus próprios pais e os pais de Metawin. Um almoço de negócios, e Bright estava com aquela bermuda. Metawin se deixou rir quando ficou sozinho no quarto de hóspedes daquela casa gigante na beira da praia.

A questão era que não entendia o motivo de ser tão observado por Bright a todo momento. Sentiu o olhar do rapaz em si por quase todo o verão, e a estação já estava acabando. Talvez ele quisesse fazer amizade, ou brigar, quem sabe. Metawin era um cara de dezenove anos, meio antissocial, que adorava colocar os fones nos ouvidos, gostando de achar que estava sozinho no mundo. No entanto, não estava sendo fácil fazer aquele ritual com Bright o encarando. Ele nem ao menos disfarçava. Até chegou a correr para o banheiro e observar o próprio rosto no espelho, mas ele continuava normal. Então... qual era o problema?

— Posso me sentar aí com você?

— O quê? — Metawin retirou os fones com rapidez. O coração estava acelerado, ele não era acostumado a conversar com muitas pessoas, principalmente se a pessoa fosse um rapaz atraente.

— Perguntei se posso me sentar com você. Você não imagina a chatice que está lá dentro. Nossos pais não param de falar por um segundo sobre como as vendas estão altas e blá, blá, blá.

Antes que pudesse assustar o rapaz com a sua cara boba de admiração, assentiu com a cabeça. Claro que Bright poderia se sentar consigo, por tanto que não ficasse o encarando a cada segundo. Bright não atendeu ao seu desejo e Metawin continuou olhando o mar, o céu mudando de cor, o verão indo embora. Sentia o olhar do rapaz em cima de si e a sua vontade era perguntar irritado o motivo de tudo aquilo, mas... ser encarado por um rapaz tão lindo deixava Metawin com o ego massageado.

— O que estava ouvindo?

Metawin o olhou, e logo desviou o olhar até o celular. Não o usava muito, na verdade. O aparelho só servia para ouvir as suas músicas ou olhar as notícias que julgava importante. Como o era um garoto que estudava Jornalismo, tinha que ficar sempre ligado no que acontecia no mundo.

— Você não conhece.

— Pode me falar. Eu passo praticamente o dia todo ouvindo música, como você.

— O que você ouve?

Pela primeira vez desde que se sentou na areia, Bright olhou o mar. Naquela hora, parecia mais interessante do que olhar Metawin, e aquele gesto o deixou respirar melhor. Caramba, parecia que o olhar de Bright fazia a sua respiração parar.

— Rock, provavelmente. É o que eu mais escuto. Qualquer dia eu posso te mostrar a minha playlist. — Foi o que disse, olhando nos olhos de Metawin de novo. Aquilo era demais para o pobrezinho de Metawin. Nunca tinha passado por aquilo, ninguém nunca foi tão íntimo de si daquele jeito. Romântico do jeito que era, aquela troca de olhar era mais íntima do que um beijo.

— Claro. — Foi a única coisa que disse, engolindo em seco e voltando a observar o mar.

O céu tinha a cor laranja e Metawin percebeu o quanto gostava do verão. Nada de frio, nada de gripe, nada de não sentir as mãos doerem pelo gelo do inverno. Verão era tempo de férias, de praia, de curtir a família, — ou pelo menos, apenas a mãe, já que Metawin quase nunca encontrava o pai pelo divórcio — de experimentar todos os tipos de sorvete, ficar com a pele bronzeada, respirar aliviado sem se preocupar com a faculdade. Verão era definitivamente a sua estação preferida, e conhecendo Bright justamente naquele tempo, tudo parecia melhor. Estava interessado pelo rapaz, não iria negar. Sabia que era gay desde os quatorze anos... então, quando se sentia atraído por um cara, não tinha uma crise de pânico. Sua mãe aceitou tudo muito bem, o que deixou o coração de Metawin levinho.

Amor de VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora