1 - Novos ares

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Cinco meses depois

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Cinco meses depois


Quando o avião aterrissou no Aeroporto de Congonhas, Laísa soltou um longo e silencioso suspiro, permitindo que os dedos que agarravam os braços da poltrona relaxassem um pouco.

Era quase cômico que uma jornalista que já viajara para fora do país a trabalho ainda sentisse aquele frio na barriga toda vez que fazia um pouso, fosse ele calmo ou conturbado.

Assim que o avião parou de taxiar na pista, Laísa aguardou pelo sinal, apanhou a maleta e desembarcou, sendo recebida pelo céu ensolarado da grande São Paulo.

— Hum... — murmurou para si mesma, os cabelos balançando com o vento da pista. — Nada de chuva na terra da garoa.

Céus, já fazia tantos anos desde que estivera pela última vez na cidade. Tinha combinado de voltar para lá com Iago qualquer dia, para fazer um tour pelos museus e pelos bairros da sua infância, antes do noivo...

Laísa bloqueou os pensamentos, baixando os óculos de sol, como se as lentes escuras pudessem bloquear a realidade na qual ainda se recusava a acreditar.

Cinco meses.

Apanhou o restante de suas malas na esteira e atravessou o portão de desembarque. O piso do aeroporto, formado por quadrados em placas de granito preto e mármore branco, a fazia se sentir como se estivesse andando sobre um tabuleiro de xadrez.

Cinco meses desde que ele se foi.

Laísa olhou em volta, procurando pelos rostos conhecidos. Não imaginava como os antigos amigos e vizinhos da infância estariam, mas tinha memórias o bastante e vira fotos o suficiente para criar o esboço de uma imagem plausível.

Aguardou, mas parecia que ninguém estava esperando por ela.

Franziu o cenho, dando uma volta pelo espaço, as rodinhas da mala se arrastando pelo chão.

Será que eles se esqueceram de que eu chegava hoje?

Bom, Leon não vivia em São Paulo, e sabia que Marcos era um empresário extremamente ocupado, mas será que não mandara ninguém até o aeroporto para buscá-la?

Laísa tirou o celular de dentro da bolsa; antes da ligação se completar, a bateria deu seu último suspiro de vida, e a tela se apagou.

Ela praguejou e bufou.

Fitou o relógio de pulso. Decidiu esperar mais vinte minutos. Pessoas se atrasavam, enfrentavam congestionamentos.

Mas os minutos se passaram, e ninguém apareceu.

— Maravilha.

Tudo bem; aquilo não era o fim do mundo. E sua profissão a ensinara a estar sempre preparada para qualquer situação.

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