À um centímetro de distância

05_ Estou demitida!

De todas as reações que eu podia ter naquele momento, eu tive a pior possível.

Arregalei meus olhos e sai de seus braços soltando um grito assustada.

- Por que está gritando?? - O homem me encarou sem entender minha reação e eu continuei encarando seu rosto perplexa.

Eu não conseguia formular nenhuma palavra para dizer. Eu não conseguia nem respirar direito. Minha garganta secou e eu apontei para ele sem acreditar.

- Vo-você... - Gaguejei quando minha voz resolveu sair por minha boca.

- O que foi?? - Ele continuou me olhando sem entender a minha reação. Como ele não podia entender?? Como eu deveria agir vendo-o vivo a cores na minha frente??

- Co-como é possível? - Dei dois passos lentos para trás. - Você... você não pode ser.

- A... - O homem abaixou a cabeça e passou a mão sobre a testa em negatividade. - Você me conhece, né?

- Sim, quer dizer não, digo... Não é possível! Você morreu! Eu... eu vi todos os documentários e vídeos, pessoas chorando, fãs e... você... - Encarei Apolo Hale em pessoa parado na minha frente parecendo cansado do assunto. - Como pode estar vivo???

- Já acabou? - Ele me encarou com uma expressão de tédio e eu fiquei calada. - Ok, você não pode dizer isso a absolutamente ninguém.

- O que? - Minha voz sai falha.

- Ninguém pode saber que estou vivo. A única pessoa que sabe é o Jeremy e... agora você. - Ele afirmou de forma séria e despreocupada.

- Eu... - Eu não sabia o que dizer. Meu cérebro não conseguia assimilar que Apolo Hale estava em minha frente. Eu não conseguia entender como isso era possível. Meu sonho desde nova era conhecê -lo e eu fiquei bem chateada quando ele faleceu, mas agora ele estava ali na minha frente completamente saudável.

- Você entendeu, Aurora? - Seu tom se tornou ameaçador e ele deu uns passos na minha direção que me fizeram recuar.  - Você não pode contar a ninguém sobre minha identidade ou sobre eu não estar morto.

Seus olhos castanhos esverdeados me encararam com atenção e eu não consegui dizer nada, apenas assenti.

- Ótimo. Pode voltar ao seu trabalho e tome mais cuidado, não vou estar aqui se cair de novo. - Ele virou as costas para mim e falou num tom rude.

Minha cara de espanto se desfez e eu encarei suas costas com as sobrancelhas arqueadas.

- Ele volta dos mortos já me dando bronca... - Resmunguei fazendo uma careta e ele olhou para mim me fazendo parar de andar e desfazer a careta em uma fração de segundos.

- Você sempre tem uma resposta da ponta da língua, não é mesmo senhorita Morse? - Ele me encarou por cima de seus ombros.

- De maneira nenhuma, senhor. -  Respondi mordendo a língua para não responde-lo de forma " indelicada ".

Apolo saiu da sala me deixando encarando a porta aberta. Eu não podia acreditar. Era como se a minha ficha não houvesse caído. Como aquilo era possível?? Ele havia fingido sua morte? Ele havia sobrevivido ao acidente? Por que estava vivendo as escondidas? Por que estava morando na minha cidade? Como EU vim parar na casa do APOLO HALE??

Minha cabeça era uma confusão e eu me perguntei se tudo aquilo era apenas um sonho maluco que eu acordaria a qualquer momento.

O fato dele estar tocando a música Jardim naquele piano ontem fazia todo sentido agora. Quase ninguém conhecia ou gostava daquela música.