• Capítulo 17

689 120 35
                                    


Sorrindo com a resposta, Mew abriu a porta e adentrou o veículo sem dizer uma única palavra,— intrigando o mais novo que repetiu seus movimentos e o encarou fixamente assim que se sentou no banco.

— Nada a acrescentar? - Gulf sibilou, puxando o cinto de segurança sem ao menos encarar o objeto de trava. - Ei, sabe que estou flertando com você?

O rosto do mais velho se iluminou em diversão.

— Não, você está apenas me provocando. - Ele pronunciou de forma calma, mantendo o sorriso discreto nos lábios. - Fez isso durante a tarde toda e agora está aproveitando para continuar com a brincadeira, como uma distração.

Gulf não pôde deixar de sorrir.

— Não sabia que estava sendo tão óbvio. - Disse, continuando seu olhar fixo em Mew. Com o pingo de nervosismo o dominando por alguns segundos, Gulf relaxou o corpo assim que o automóvel deu sua partida. - Está certo. Você é a minha distração de hoje, espero que não se importe. - Gulf afirmou, esperando uma reação diferente do veterano, ou mesmo uma pergunta vinda dele; porém, o rosto do outro não revelava nada, nem mesmo curiosidade.

Era quase admirável que a expressão serena de Mew contrariasse tudo aquilo que esperou de si;— como se ele já soubesse a reposta para tudo e não havia necessidade para mais palavras. Talvez, um tipo de super poder. Logo, na cabeça de Gulf, o questionamento sobre aquele veterano se sobressaem em sua mente como uma pilha de confetes coloridos, pronto para bagunçar seus planos.

Enquanto observava os sutis movimentos de mãos rente ao volante, de alguma forma, Gulf pensou em sua mãe. Não entendia bem o por que daquilo, mas a imagem e voz foram direto para um acontecimento que parecia distante demais para a pouca idade. Uma breve lembrança que o fez sorrir silenciosamente ao desviar o olhar para a janela.

Em sua memória, o dia também estava seco e abafado por conta do clima,— tendo quase a mesma hora em que o painel do carro demonstrava. Sabia disso por conta do enorme relógio que foi obrigado a encarar enquanto seus cabelos eram afagados por sua mãe, que permaneceu deitada na cama. Naquele dia, tudo estava silencioso no quarto; quando, de repente, a pergunta preferida de sua mãe foi novamente dita no calar do final da tarde: "Ainda não achou sua alma gêmea para decifrar seus pedidos silenciosos?", e depois de continuamente negar, ela continuava a dizer: "Tem que encontra-la o mais rápido possível! Preciso saber quem será o mágico que acariciará seus cabelos enquanto sua boca permanece fechada".

E então, sorrindo consigo mesmo, Gulf suspirou ao relembrar:

— Como o papai? - Ele pronunciou num tom inaudível, apenas para ele mesmo; repetindo a pergunta que orgulhosamente sua mãe respondia em detalhes do dia em que ela e o homem que ela denominava ser sua "alma gêmea", se conheceram.

Balançando a cabeça, Gulf automaticamente fechou os olhos, se sentindo cansado.

— O que acha de comermos gaeng daeng no jantar? - De repete, a voz do veterano soou ao seu lado; fazendo Gulf abrir os olhos e encarar o belo rosto do mais velho que o encara de relance. - Você parece precisar um pouco.

Gulf riu.

— Pareço?

— Por que, você não gosta? - Mew questionou, mantendo o tom calmo; mas para variar, assim como Gulf, ele também parecia exausto. - Prefere outra...?

— Não, não! Eu gosto! - Gulf o interrompeu rapidamente, balançando suas mãos freneticamente para que sua comida preferida não se vá antes que possa ao menos prova-la novamente. - Eu gosto. Gaeng Daeng para jantar é uma ótima escolha. - Disse desta vez num tom mais baixo do que a euforia anterior, fazendo o mais velho automaticamente rir de sua reação.

Sua CorOnde histórias criam vida. Descubra agora