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Assim que o despertador tocou e uma música estrondosa ecoou pelo quarto, Gulf Kanawut instintivamente sentiu como se o seu corpo tivesse se partindo em dois no minuto em que, instigado pelo susto, chutou o ar enquanto o tronco sem qualquer energia permaneceu intacto sobre o colchão; ouvindo o som gutural do rock que havia sido escolhido antes de adormecer por completo na madrugada relenta.
Ele resmungou.
Escutando a pancada do aparelho de encontro ao chão na tentativa de tatear todas as partes do colchão, a desistência voluntária de se recusar a se abaixar para desligar a música foi efetivamente aprovada pelo exausto corpo que se virou de bruços, ignorando o frenético acorde musical da guitarra que parecia querer competir com o cantor que, embora não parecesse ser a situação, realmente soou como uma competição entre: o cantor, a guitarra e o sono.
A luta para quem poderia ganhar o pódio de 'irritável', subitamente, é descartado quando a música enfim foi desligada, dando paz e silêncio a manhã que deveria ter continuado a ser desde que o primeiro raio do sol bateu contra janela. No entanto, embora o chamado da realidade batesse com tanta vontade como a guitarra e a bateria que antes acompanhava a música, não demorou muito para Gulf se render novamente ao conforto do travesseiro, fechando desta vez os olhos com mais força.
A necessidade de levantar da cama consequentemente transporta-se num ultimo plano a ser executado. A sonolência vence. Todavia, o celular também demonstra sua bravura ao começar a tocar pela segunda vez.
De repente, os ombros são levemente balançados.
— Nong? - Uma voz familiar ressoou perto de seus ouvidos, num tom extremamente calmo, quase soando como uma provocação ao ter a impressão de também ouvir junto uma risada baixa. - Nong, seu celular está tocando.
— Não está. - O calouro pronunciou num murmúrio, virando a cabeça para o lado oposto da voz. - É só o despertador.
— Na verdade, alguém está te ligando.
— Pode desligar. - Gulf disse sonolento, querendo voltar para o sono profundo ao qual seu corpo clamava.
Novamente, um riso baixo foi ouvido.
— Está com tanto sono que não consegue perceber que a música é diferente do despertador? - A voz questionou, fazendo com que o calouro suspire ao se concentrar brevemente no toque sutil do piano. - Deveria ter descansado mais cedo, como eu havia dito para fazer. - Ele continuou a dizer segundos depois, advertindo as consequências do que havia previsto na noite anterior.
Em resposta, o calouro negou.
— Se eu fizesse isso, não teria acabado o quadro a tempo. - Gulf avisou abafado contra o travesseiro, puxando mais do cobertor amarelo, cobrindo sua cabeça da claridade do sol. - E também, não é assim que se acorda uma pessoa.
— O que?
— Não sou qualificado para ganhar um beijo de bom dia? - Gulf disse bocejando, se virando para o lado onde se encontrava seu gentil veterano. - Você se sentou na borda da minha cama, falou no meu ouvido, mas não me beijou... P'Mew, deveria ter completado o pacote de café da manhã. - Ele disse sem rédeas na língua, levantando somente um pouco da coberta para observar um sorriso envergonhado se abrindo nos lábios do outro.
Logo, Gulf também sorriu ao notar seu tom avermelhado.
— Antes de se preocupar com beijos, que tal tomar seu café da manhã? - Mew sibilou, ajeitando a grande parte da coberta que estava sobre a cabeça do calouro. - Não temos muito tempo antes das aulas começarem.
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Sua Cor
RomansaQuando Mew Suppasit havia encontrado aquele pequeno diário amarelo debaixo de sua carteira, o riso não pôde ser contido diante as palavras de alerta grifadas de vermelho. Na folha de apresentação, como todo diário que se preze, pelo menos um verso s...