• Capítulo 12

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Adentrando o ônibus e se sentando no primeiro assento que vê pela frente, Gulf acomodou a sacola sobre seus pés; cada perna apoiando um lado enquanto o celular começava a vibrar em seu bolso. A cabeça inclinou-se, considerando o toque em apenas três segundos. E então, sem a necessidade de conferir quem estaria o incomodando naquela hora, Kanawut desligou o aparelho.

Os olhos imediatamente vagueou pela estrada movimentada. Desse modo, ele precisou respirar profundamente.

O clima quente, mesmo sem a ajuda do fatídico sol, se estendia de minuto em minuto dentro do transporte que, a cada freada, fazia questão de subir o mormaço do escapamento para perto da janela suja e emperrada ao qual se sentava. Atrás dele, podia se escutar a pequena discussão do casal que parecia aflitos pela chegada da mãe da garota. A verdade era que nada se tornava muito agradável para ser observado. Tudo era um tanto mórbido de ver. Dali em diante, não havia mais nada que pudesse realmente capturar sua atenção;— Tudo muito diferente de quando estava com P'Mew.

Num certo ponto, Gulf definitivamente não conseguia compreender o mais velho, ao mesmo tempo, em que aparentava ser exatamente o oposto quando se tratava do veterano sobre si. De qualquer modo, havia muito tempo que não encontrara uma pessoa tão sincera, e, tão frustrante de se conviver. Pois, por mais que ambos, espantosamente, consigam conversar de forma tão fluída nas raras oportunidades que tiveram,— para o menor —, a sensação que sempre ficava após seus encontros, era de que mesmo que ele não tivesse aberto a boca, e não ter pronunciado uma só palavra na ocasião; poderia apostar que o famoso príncipe de gelo, seria capaz de ficar calado durante 24 horas em sua presença.

Levantando o celular com a tela desligada, de repente, Gulf sorriu.

O pequeno flashback das palavras do mais velho se concretizam assim que seu sorriso se desfez ao visar o reflexo que emanava a falsa paz que, — desde que havia voltado para o país — se esforçou para não demonstrar a ninguém; mas que, surpreendentemente, uma pessoa foi capaz de enxergar.

Guardando o celular de volta no bolso de sua calça, ele balançou a cabeça, se levantando de seu lugar assim que reconheceu a rua de sua infância.

Kanawut estremeceu.

Embora tenha reconhecido o bairro graças ao restaurante de frituras que nunca retirou sua placa extremamente chamativa, por alguns segundos, quando adentrou ainda mais a rua mal iluminada do poste, Gulf se sentiu meio perdido ao observar as casas e notar sua sutil mudança de cenário, como: o desaparecimento do comércio de doces e o surgimento de uma pequena farmácia no lugar. No entanto, mesmo que algumas coisas tenham mudado, o simples playground ao qual se lembrava de ver todos os dias no fim das aulas; continuava ali, intacto em sua ferrugem e desordem.

De alguma maneira, aquilo lhe trazia algum conforto.

Diante tantas mudanças, ver algo que podia reconhecer, era uma mistura de dois sabores diferentes: doce e salgado. Bom e ruim. Durante todo o tempo que esteve fora, as lembranças daquele pedaço de terra soavam felizes, mas... agora que estava ali, as lembranças não pareciam mais tão felizes quanto costumava pensar.

Negando a si mesmo ao balançar a cabeça freneticamente, fazendo com que os fios bagunce pelo violento movimento, Gulf rapidamente deixou a sacola no chão enquanto a mochila foi posta para frente, retirando as mais de 100 cópias da impressão que havia feito em segredo na sala de informática,— além do post que havia feito em todas as plataformas que conseguiu encontrar online. Uma mais desesperada que a outra. Sempre mudando alguma coisa para que a informação possa chegar mais rápido aos seus ouvidos. Um fato que ainda não havia ocorrido durante toda a semana.

Sua CorOnde histórias criam vida. Descubra agora