Assentindo novamente, o semblante de Gulf precisou de mais alguns segundos até um flash que remete a 'aceitação' poder surgir em sua feição. A cabeça balançou lentamente. O cenho continuou franzido. Gulf suspirou. Embora o inevitável acolhesse com precisão seu estado inerte para as noticias, Mild sabia que Gulf não estava completamente preparado para o amanhã;— talvez, para o início de conversa, ele nunca estivesse realmente preparado para começar a falar de sua mãe ou sobre o infeliz destino que os separaram.
Afinal, não era nem para eu ter descoberto... Mild pensou com um pesar em seu peito, observando Gulf a sua frente que mantinha a cabeça baixa enquanto os lábios recebiam a consequência de seu nervosismo ao morde-los violentamente, transparecendo desta vez a insegurança em querer continuar sua caminhada até o dormitório.
— Está tudo bem? - Mild indagou, sem poder evitar a pergunta após ver a hesitação presente no semblante do amigo que imediatamente concordou num movimento, parecendo perdido em seus próprios pensamentos enquanto encarava fixamente o chão sujo que continha algumas embalagens de lanches espalhadas.
Olhando para seu modo paralisado e o fio de medo transparecendo no comportamento peculiar, Mild notou o quanto Kanawut poderia ser um mau mentiroso. Assim como Mew, Gulf possuía atitudes semelhantes quando se tratava de algo imprevisível que, quem os conhecesse e notasse o detalhes, provavelmente seria capaz de rir se o contexto da história fosse outro.
Durante o tempo em que estudaram juntos, Gulf sempre foi do tipo quieto;— o tipo de aluno que optava por não chamar tanta atenção para si ao andar constantemente com a cabeça baixa pelos corredores —, permanecendo sempre longe dos outros estudantes. Desde que se lembrava, este havia sido o exato motivo que Gulf teria chamado tanto sua atenção depois do incidente na aula de educação física.
Acertando em cheio uma bola pesada em sua testa depois de ter sido obrigado a participar da atividade em grupo, Mild ainda conseguia se lembrar claramente da expressão surpresa e nervosa de Gulf que havia saído correndo da quadra para pegar uma bolsa de gelo na enfermaria; ignorando totalmente os gritos do professor que não sabia se dava atenção para o aluno maluco que havia saído correndo da quadra, ou se olhava o outro aluno que reclamava de dor a sua frente. De toda forma, foi por conta daquele exótico dia que ele soube que o estranho aluno que todos comentavam pelas costas, era na verdade uma boa pessoa.
Naquele instante, as fofocas não passaram de mentiras, e as conclusões idiotas que havia feito através da boca dos outros, logo foram imediatamente jogadas no lixo no instante em que Gulf havia aparecido todo frustrado e encolhido com a bolsa de gelo pedindo desculpas sem parar.
O fato era que, seja o passado ou o presente, naquele momento, estranhamente, Gulf Kanawut parecia igual aquele dia na quadra, estando: frustrado e encolhido no seu próprio mundo em silêncio.
Negando, Mild suspirou baixinho, usando o mesmo artifício que havia usado no passado para tentar acalmar o outro:
— Gulf, você gosta mesmo do Mew? - Ele questionou de forma aleatória e repentina, fazendo com que o rapaz levante sua cabeça quase que imediatamente. - Você gosta ou está apenas...?
— Eu gosto do P'Mew! - Gulf afirmou prontamente ao levantar seu tom de voz, voltando a olhar nos olhos do outro que sorriu singelo com sua reação súbita, mas não inesperada.
— Neste caso, você não deveria mais ficar se preocupando em como Suppasit irá reagir quando souber sobre seu passado. - Mild aconselha cuidadoso, querendo afugentar ao menos um pouco seus medos antes de Gulf tomar coragem para adentrar o prédio. - Apenas confie nele.
O calouro balançou a cabeça.
— Eu confio no Mew.
— Então, por que está com esta cara que diz o completo oposto? - Mild questionou, visivelmente confuso.
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Sua Cor
عاطفيةQuando Mew Suppasit havia encontrado aquele pequeno diário amarelo debaixo de sua carteira, o riso não pôde ser contido diante as palavras de alerta grifadas de vermelho. Na folha de apresentação, como todo diário que se preze, pelo menos um verso s...