Sorriso Sangrento

Quarto

Todos temos um lado escuro e sombrio em nós mesmos. Se estivermos feliz, em um momento qualquer, assim, do nada, ele aparece. Porque a escuridão habita em nós. Se deixarmos, é claro. Ela habita em mim, pois não sei expulsá-la. A tristeza, muitas vezes me consome. Eu queria ter minha mãe, é ridículo né? Mas tudo que eu sempre escrevia na minha carta ao papai noel, era pra trazer minha mãe pra mim. Eu queria tanto ela aqui. Eu não queria estar aqui, neste lugar. Mas não posso evitar. Está na hora de dormir. Se ao menos isso eu conseguisse. Eu tenho medo de dormir. Tenho medo de não acordar.

☆☆☆

Uma escuridão cobria as montanhas à minha frente, suas árvores balançavam de modo lento. Isso me assustava. As árvores começaram a balançar mais rapidamente, por conta do vento. E uma voz, vinda do bosque cheio de árvores me chama.

— Melanie... — ele repete várias vezes.
Eu me viro para ir embora. Eu estou com muito medo.

—  Não adianta fugir de mim... — Sua voz é um eco na minha cabeça. Isso me assusta.

— Eu sempre vou te achar...

Algo se aproxima de mim. Porém, não é visível.

—  Sempre — sussurrou. —  Se prepare, querida.

Ele falou aquilo de um modo muito irônico. Eu estava desesperada. Eu estava tentando berrar mas a minha voz não saía.

A criatura tomou forma, uma forma meio borrada aos meu olhos, porque eu só via a escuridão vindo dele. Apenas.

                          ☆☆☆

Acordei em pânico. Fazia tempo que eu não tinha sonhos assim, que me traziam aquele terror com um misto de realidade, o que, certeza, sei que, não é.

Porque sonhos assim existem?

Ainda era de madrugada. Eu estava assustada e com o medo, parecia que eu ouvia barulhos de tudo que era possível.

Por que aquele bosque de árvores? Por que é sempre ele que aparece nos meus piores sonhos?

                          ☆☆☆

Preciso voltar a dormir. Já é quase de manhã...

Mas desde o pesadelo, eu não consigo fechar o olho.

                            ☆☆☆

— Nossa Melanie, você tá parecendo um zumbi — Ronnie falou.

— Obrigada — murmurei de forma irônica.

Eram 6:30 da manhã. Eu devia estar uma belezura. Minha cabeça já começou o dia mal. Tá explodindo. Meu corpo tá cansado. Minha mente também. Tudo em mim tá destruído. Eu queria apenas dormir. Meu cansaço é excessivo. Me sinto muito ruim.

— Teve insônia? — perguntou.

— Sim — menti.

Se eu falasse dos meus sonhos, o que ela pensaria? Que sou louca, é claro.

— Acho melhor você nem ir à aula hoje. Vão pensar que está morrendo — falou. Nossa, obrigada pela parte que me toca.

Simplesmente muito cuidadosa com as palavras, claro.