Prefácio

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Tenho dezessete anos. Meu nome é Melanie. Minha vida... é estranha. Todos acham que sou bipolar, mas quem disse que só por que meu humor muda, eu sou bipolar? Mas creio estar em perfeito estado físico e mental. Mamãe está morta. Morreu em um acidente de carro, no qual eu e meu pai estávamos. Meu pai, ele continua o mesmo, mas sei que tem sequelas diligentes na sua alma. Perder quem se ama dói. Sei disso. Perdi minha mãe com oito anos, eu vi tudo acontecer. Vi ela morta. Todos dizem que depois do acidente não sou a mesma. Meu próprio pai diz isso. Nem sempre com palavras. Sei que todos os dias de manhã ele mistura remédio nos ovos mexidos, ou na massa das panquecas... isso me mágoa, sabe? Dói no fundo do coração, como se prensassem uma espada no meu coração que atravessava além de tudo - a minha alma.

Não sou bonita, tampouco sou querida, dócil ou simpática. Sou dura como pedra. Apenas para não me machucar. Mas isto, ninguém sabe. Apenas eu. Só eu, sei o quanto minha alma dói, o quanto pede por cura. Mas eu não tenho o remédio para curar essa ferida enorme que existe em mim. E nem sei se há, algo que possa curar uma ferida deste tamanho.

Eu gosto de ler. Ler é o meu refúgio. É pra lá que vou, quando fico de saco cheio do mundo - e das pessoas. Ou seja, passo a maior parte do tempo lendo. Livros são a arte bem mais bolada que o mundo já pôde ter.

Eu fico sozinha o dia todo. Sou a única mulher na casa, ou seja, tudo sobra pra mim, mas não culpo o meu pai, ele sofre também, com a ausência da minha mãe. Sabemos disso. Ambos sabemos. Mas ambos não fazemos questão de unir nossos laços de amor, para não destruir o resto da família. Ambos não nos importamos mais. Deve ser por que não sou o que ele esperava.

Eu realmente não sou nem aquilo que eu esperava.

Sorriso SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora