Segundo

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Depois de chegar na porcaria do internato, a diretora super estranha, me deu a chave do meu quarto. Fui andando até meu quarto. Mas antes parei e fui em uma daquelas máquinas cheias de porcaria e comprei um Doritos e um suco de laranja. Porque eu não tomo refrigerante, não se espantem gente. Comprei com o dinheiro que meu pai me deu, uma miséria que agora acabou porque comprei Doritos!

Andei até meu quarto e fui abrir a porta, mas ela já estava aberta. Então eu a abri com a minha mala e Doritos. Foi complicado.

Assim que entrei uma garota loira de olhos cinzentos ficou me olhando como idiota, como se eu fosse um E.T. na Terra.

— Você é a Melanie? — perguntou enfática.

— Sim — falei.

— Muito prazer, eu sou Verônica —

ela disse com um sorriso simpático.

— Prazer — falei tímida. E fui sentando acho que, na minha cama.

Coloquei as malas no chão e o pacote de Doritos e o suco comigo na cama.

— Quer? — perguntei, mostrando o Doritos pra ela. Diga não, por favor, diga não.

— Claro que quero. É Doritos — falou, pegando o pacote da minha mão.

Que folgada, pensei. Mas tudo bem, pelo menos ela foi gentil comigo. Poderia ter me tratado mal, mas me tratou com educação, e melhor do que eu esperaria de qualquer pessoa.

— Os seus olhos são diferentes... — falou examinando minha face.

— Por que? — perguntei, curiosa.

— São olhos pretos.

— Eu sei — falei.

Tipo, como assim, eu não saberia a cor dos meus olhos cara. Eu sei sim.

— Seus olhos são profundos, eles são bonitos. — Ela fez uma pausa, me observando. — Também se destacam muito no meio dos seus cabelos branco. — Sim, meu cabelo é branco. Branco acinzentado.

— Obrigada, mas por que seriam bonitos? São apenas olhos pretos.

Acho que ela tinha mania com olhos. Tudo bem, quem não tem um pouquinho? Também gosto de observar olhos. Talvez não de modo tão constrangedor como ela, mas gosto.

— Eles não são olhos idiota — falou com cara de filósofa.

Ela estava se concentrando? Com aquela cara? Seus olhos semi cerrados e uma cara pensativa.

— Seus olhos mostram sua alma. Posso ver que de fato, os seus olhos não são muito acostumados a sorrir, não é mesmo? — falou como se fosse a gênia do mundo. Porém ela estava certa.

Dei apenas um sorriso tímido e continuamos a comer o Doritos.

— Qual é a do cabelo branco? — Verônica perguntou.

— Eu gosto dele assim falei sem dar muita bola.

— Qual era a cor natural? — Curiosa.

— Preto.

— Sua idiota! Por que pintou? — ela disse de forma escandalosa. — Tá vendo isso? — Pegou seu cabelo loiro e me mostrou. — Eu odeio essa cor. Queria ter cabelo preto. Eu querendo e você estragou seu cabelo, idiota!

Ela falava as coisas de modo engraçado, e também era querida. Acho que talvez me daria bem com ela.

— Me desculpe, mas o cabelo era meu, e eu não gostava — falei, de um modo nem estupido, nem querido demais.

Ela começou a mecher no meu cabelo — com as mãos sujas de Doritos.

— Cabelo preto, cadê você? Cadê você, precioso cabelo preto da Mel? Vem com a titia... — ela falava e eu desatei a rir.

Ela explodiu em uma gargalhada também e ficamos rindo.

— Mas sério, você é nova e já tem cabelo branco. Stressada!

Eu ri novamente.

— Verônica...

— Ronnie! Me chame de Ronnie! — ordenou.

— Ronnie... Você poderia me mostrar esse lugar? — perguntei.

— Claro que sim! Vou te mostrar tudo! — ela me pegou pelo braço e me puxou para fora do quarto. — Pensei que nunca encontraria ninguém legal aqui, mas até que você é legal.

— Eu também...

— Aqui é o refeitório. — Apontou para uma porta enorme. As pessoas estavam me olhando. — Onde nós comemos as gororobas das tia da comida.

— Aqui, são a sala de teatro, sala de aulas técnicas. Sala de música. E lá fora tem um jardim. Aqui tem as salas de aulas. — Ela falava muito rápido.

— Ah, já ia esquecer — falou caminhando mais para frente — e aqui, é a biblioteca.

Adorei. Amei e amei. Bibliotecas são vida. Livros são vida!

— Olá — alguém falou. Mas nem fiz menção de virar pra ver. Provavelmente, ou obviamente não era comigo.

A pessoa veio na minha frente me olhou e disse:

— Eu te dei um olá super animado e você me ignora! É isso que ganhamos por ser educados!

— Oi — falei para o garoto que me olhava abismado. Ele tinha cabelos castanhos e olhos escuros, como os meus. Depois teria que perguntar pra Ronnie se o olho dele, era um olho bonito.

— Meu nome é Peter. É um prazer te conhecer...

— Melanie.

— Melanie... Mel... seu nome é lindo — falou sorrindo para mim.

Eu estava me sentindo desconfortável demais. Ele era um gato. Estava bem na minha frente. Falando comigo. Aí. Meu. Deus. Juro que pensei que ia desmaiar. Mas apenas sorri.

— E então, Mel, gostaria de conhecer o internato? — perguntou.

— Desculpe, mas Ronnie já me mostrou. E bom, quero ir na biblioteca agora falei me sentindo imensamente com vergonha dele.

— Ah — ele parecia decepcionado. — Tudo bem. Te vejo depois então?

— É claro. — Que não.

Depois de olhar alguns livros na biblioteca. Ronnie entrou correndo lá. A moça da biblioteca brigou com ela.

— Aonde você foi? — perguntei.

— Cara, você tava falando com o Peter. Peter Lefroy. Tive que sair.

— E o que tem esse garoto? — Que exagero.

— Ele é um gato Mel! — falou.

— Ele é só um garoto. E nem é tão bonito assim. Tem apenas uma beleza mediana. E parece ser um imbecil.

Tudo bem, não deveríamos julgar pelas aparências. Mas sério. O cara é um mané.

— Como você é sem graça — falou.

☆ ☆ ☆

Peter estava jogando futebol com seus amigos. Como sempre faziam nos domingos.

— Peter, o que você tava fazendo com a menina dos cabelos brancos? Ela não é meio velha pra você não?

— Cala a boca Vince. A garota é legal — Peter disse a Vince.

— Começou a gostar de coisas ruins agora? Se liga Peter.

— Você é um idiota murmurou.

Sorriso SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora