Terceiro

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Era segunda-feira e eu ouvi o despertador. Ah, não. Aula. E eu nem sei onde ficam essas disciplinas. Línguas. Sociologia. Geografia. História. Química. Física. Matemática. Literatura. São tantas salas para procurar.

— O que está fazendo? Se vista logo. Se se atrasar vão fazer um escândalo. E ainda terá detenção. Então anda Mel! — Ronnie falou apressadamente. Acho que ela estava meio nervosa.

— Calma, estou indo Ronnie — lhe disse calmamente.

Vesti o uniforme. Super brega. Era uma saia e uma camisa branca com o nome do internato. Soltei o cabelo. Peguei minha mochila e esperei a Ronnie.

— Poderia me mostrar onde é a aula de... olhei para o papel — Línguas? — pedi para Verônica.

— Não. Acredito. Essa é minha aula também! — exclamou. — Vamos fazer juntas! Que bom, não vou mais ficar sozinha, mas vamos tomar café antes que eles fechem — falou dando um gritinho brega animado.

Ela começou a andar para fora e eu fui atrás dela.

Ficamos esperando pelo corredor depois do café. E logo o sinal tocou. Me sentei na fileira ao lado de Ronnie. E as pessoas me olhavam curiosas.

— Relaxa Mel — Verônica sussurrou.

— Estou bem — sussurrei em resposta.

Logo Peter entra na sala e me vê. Azar, demais. Ele vem na minha direção e me coloca sua mochila na mesa do meu outro lado.

— Oi — fala, dando um beijo demorado na minha bochecha, me fazendo sentir seu perfume completamente. O garoto gosta de provocar. Mas comigo ele não vai conseguir nada.

— Olá — respondo, fingindo não ser nada de mais.

Olho para Ronnie, que olha para mim, com um O perfeito formado na boca.

Ele se senta e fica olhando para mim. Enquanto eu, olho para frente. E de vez enquando faço uns desenhos no meu caderno.

— Ei — Ronnie me chamou. — Pega. — Me entregou um papel.

Abri o papel disfarçadamente para ninguém nos pegar.

Eu vi tudo, ele tá na sua. Ele te quer. Tá vendo? Ele fica só te olhando.

Eu apenas escrevi um "idiota" e devolvi para ela.

☆☆☆

Quando estava saindo da aula, uma garota loira, provavelmente a bitch da escola, me olhou de cima a baixo. E riu.

Apenas sai.

— Não dá bola pra Paola. Ela faz isso com todos — Peter falou vindo pra perto de mim.

— Eu não dou bola — menti.

Quem não daria bola, para uma garota que te olhou daquela forma? Como se você fosse um lixo podre, na frente de um diamante. Mas não é assim. Por que ela não é um diamante. Mas também sei que, no fundo eu sou um lixo. E ainda serei. Não há como mudar o que foi destinado à mim. Eu sou destinatário que o remetente quer acabar.

— Eu sei que está mentindo. Mas realmente queria que não desse bola... — falou.

— Sai daqui Peter. Por que não está lá com ela? Ela é bonita. Por que não fica com ela e para de me incomodar? - falei.

— Por que eu estou gostando de te incomodar — falou se aproximando de mim.

Eu me virei para ir para a próxima aula, mas ele me segurou.

Sorriso SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora