Capítulo 6.

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Meu soninho mais uma vez fora bom. Não tive sonhos estranhos, e não tinha tido sonhos fazia um tempo.

Quando eu acordei, meu coração logo se acelerou. Eu tentei imaginar o porque disso, mas logo lembrei de que naquele dia, eu teria uma conversa de esclarecimento com Tori.

Eu tinha medo que ela fosse demorar na sua caminhada justamente pra evitar essa conversa, mas quando saí do quarto, depois de me trocar, ela chegou no seu horário normal, sem atrasar um segundo.

-Bom dia, minha pequena -ela tinha uma expressão serena em seu rosto, como se no dia anterior, eu não tivesse a pedido nada.

-Bom dia, Tori. -devolvi o sorriso, e ela foi direto pra cozinha.

-Está com fome? Colhi algumas folhas de manjericão, e de e alguns cogumelos. Gosta de sopa?

-Sopa? -perguntei.- eu adoro!

Era normal que quando Tori chegasse, ela fizesse o almoço logo. Eu acordava bem tarde.

Fui me sentar sobre a mesa, e ela começou a preparar a sopa. Depois de uns minutos, ela já tinha um cheiro ótimo.

-Que cheirinho bom! -comentei.

Ouvi uma risadinha da cozinha.

Esperei até que ficasse pronta, Tori trouxe uma panela com sopa, e a ajudei arrumando a mesa, colocando dois pratinhos, suco, copos e talheres.

Nos sentamos e nos servimos. A sopa estava deliciosa, tipo, eu nunca tinha comido uma sopa tão boa!

-Que delícia!! -eu disse, colocando mais no meu prato.

Tori riu.

-Que bom que gostou!

Eu sorri, mas logo passei a encarar meu prato. Eu tava me segurando pra não iniciar. conversa sobre o portão. Porém, não demorou muito para que Toriel lesse minha expressão.

-Você está pensando sobre o que tem além do portão, não?

Ergui meu olhar, e ela me observava, ainda serena.

-É... mas eu não sei se você está confortável pra falar sobre isso agora, então eu posso esperar—

-Não, não, está tudo bem. -ela colocou seu prato de lado.- sinto que não posso esconder isso por tanto tempo...

Ela deu um longo suspiro, e a observei.

-Além das ruínas, há muitas coisas. Muitos lugares pra visitar, pra conhecer... -seu olhar ficou distante.- e perigos imagináveis pela frente.

Esperei algo mais.

-Perigos? -perguntei- perigos... como?

-Os monstros que você conhece por aqui não são 1/3 que existem lá fora. O subsolo é imenso, demoraria meses para o atravessar. Nenhum humano foi capaz de o atravessar inteiro.

Um silêncio se iniciou. Meu estômago estava revirado, e meu coração passara a bater mais rápido. Algo dentro de mim dizia que minha aventura não poderia parar ali. Que ela deveria ir além das ruínas. Que algo me aguardava no final do subsolo.

Algo dentro de mim dizia que era agora minha missão chegar no final e os libertar dessa maldição.

Eu queria sair... eu não tinha sentido tanta vontade antes, mas eu sentia uma forte determinação dentro de mim.

-Tori -chamei-lhe a atenção.

-Sim, pequena? -ela olhou em meus olhos, e eu olhei nos dela.

-Como faço pra sair das ruínas?

Na mesma hora, sua expressão ficou assustada, como se tivesse visto um fantasma.

-...como?

-Eu quero sair das ruínas, nem que seja um pouquinho. Tem como?

Ela ficou calada por um tempinho, e passou a olhar pra sua estante de livros.

-Hum.. quer ouvir uma história sobre caracóis? Eu tenho um livro cheio de fatos e mitos, é bem divertido!

-Tori -coloquemos minha mão encima da dela, que por sinal era bem menor que a dela.- por favor

Seus olhos tremiam, acho que de medo. Então ela se levantou, pegou as coisas de cima da mesa e as levou pra cozinha. Será que eu tinha a chateado?

-Se me der licença... preciso fazer algo muito importante. Por favor, não me siga.

Ela saiu da sala. Me virei na cadeira pra ver aonde ela ia, mas não dava pra ver. Eu queria saber o que ela faria, então eu a segui.

Será que ela tinha ido pro quarto? Poxa... queria pedir desculpas, não tinha notado como o assunto poderia ser delicado pra ela.

Fui pro hall, e ouvi passos descendo as escadas.

-Oh não... -o que será que ela iria fazer?

Desci as escadas da maneira mais suave possível, e a encontrei no final do corredor. Ela andava em direção ao portão.

-Toriel...

-Volta pra cima, por favor. -ela continuou andando, e eu continuei a seguindo.

-Tori, por que tá fazendo isso? Ei, vamos conversar!

-Frisk -ela se virou pra mim, com seu olhar profundo e sério- volte pra cima. Eu não vou falar de novo.

Aquilo me surpreendeu. Eu continuei a seguindo.

Ela parou, e disse:

-Vocês são sempre iguais... vocês vem, ficam por um tempo, e se vão...

Nós já estávamos na frente do portão, e ela continuou:

-Vocês não fazem ideia no que podem estar se metendo se atravessarem esse portão. É um caminho sem volta... Se saírem, eles.. Rei ASGORE irá matar você.

Meu coração acelerou de uma forma que eu quase desmaiei.

-Entende que eu só estou fazendo isso pra lhe proteger? Vá pra cima.

-Mas o que você vai fazer..? -perguntei, mesmo já sabendo.

-Irei destruir essa passagem. nenhum monstro poderá passar daqui, para sair ou entrar. Assim você estará segura.

-TORI! -ela estava de trás para mim, suas mãos tinham fogo, e ela estava prestes a destruir a passagem.

Eu suspirei.

-Eu quero sair daqui! -gritei.

Ela se virou, surpresa.

-Mas você é realmente bem determinada... bem -ela se virou de frente para mim- se realmente quer sair daqui. Se esse é realmente seu desejo, então lute comigo. Prove a mim que sua dança é precisa e forte o bastante para sobreviver lá fora.

-Lutar...?

-Dance comigo.

Dancetale - Uma dança para lembrar Onde histórias criam vida. Descubra agora