Prologue

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Zelda bateu o copo seco no balcão de madeira como costumeiro sinal de que quer uma nova dose de uísque. O velho barbudo dono do Pub rústico, localizado em uma zona pouco frequentada em Greendale, imediatamente atente ao pedido, preenchendo metade do copo da ruiva pela terceira vez naquela noite.

Zelda agradece depois do primeiro gole, sua voz uma palma mais baixa pela força do álcool cor âmbar atuando em sua garganta. E claro, o cansaço do dia. Não é fácil ser esposa do homem mais fluente em Greendale. Não é fácil ser esposa de Faustus Blackwood. Não é fácil ser Zelda Blackwood. Por isso aqui - sentada em um banco nada confortável, dentro de um Pub com uma decoração mais ou menos de quadros espalhados pelas paredes com fotos de cervejas que ela desconhece, uma mesa de sinuca em um canto e jogo de dardos em outro, luzes amarelas suaves dando certa privacidade aos casais sentados nas mesas com poltronas de couro escura e uma música variando entre Rock e Flash Black - não está Zelda Blackwood, e sim Zelda Spellman.

Depois de um instante, escutando gargalhadas ao fundo, xingamentos absurdos nas mesas de jogos e conversas sujas dos casais ao seu redor, ela sente a ânsia de fumar crescer. Disposta a alimentar seu vício noturno, deixa uma nota considerável debaixo do copo agora seco e sai do bar.

Encostando seu corpo no próprio carro do estacionamento pouco iluminado, Zelda procura em sua bolsa por seu maço cigarros e não demora muito para acender um quando acha. O frio da noite perde um pouco do espaço depois de três tragadas e a atenção da ruiva vestida socialmente, nada combinando com o lugar em questão, é roubada com o som de uma Moto Custom preta entrando em seu campo de visão.

Não foi só a moto em si que prendeu sua atenção, mas a pessoa montada nela que Zelda observou através da fumaça.

Uma mulher.

Zelda a estudou, curiosa para vê sua face. Vendo como seu cabelo chocolate caiu em ondas perfeitas depois que ela tirou o capacete e desfez o coque. Como ela saiu de cima da moto ajustando a jaqueta de couro preta. Como a calça, no mesmo material que a jaqueta, abraça suas coxas e pernas. Zelda se esqueceu do próprio cigarro quando a morena virou-se e encontrou seus olhos e se viu em um impasse entre soltar a fumaça e engolir em seco quando a desconhecida lhe fitava dos pés a cabeça, talvez tirando a conclusão, como todos que a veem no Pub, de que ela não pertence a este lugar.

A morena não demonstrou nenhuma reação quando viu a outra mulher espiar seu rosto com um cigarro esquecido na mão. E só deixou para colocar um sorriso divertido nos lábios quando se virou, caminhando em direção à entrada do bar ciente de que Zelda a seguiu com os olhos escutando o barulho de sua bota de couro negra, cano baixo batendo firme contra o chão.

A ruiva caiu em si quando a porta do Pub bateu denunciando que a desconhecida tinha entrado e a quentura do cigarro ameaçando queimar seus dedos, no mesmo segundo o mesmo estava no chão com Zelda pisando sobre ele. Mais que droga! Brigando internamente consigo mesma por sua falta de atenção sem motivo. Ela reconhece ter ficado curiosa sobre a desconhecida pelo fato de nunca tê-la visto em suas vindas ao bar, que se tornaram cada vez mais frequentes nos últimos meses. E outra, sem dúvidas, a morena com longos cabelos selvagens não é de Greendale, afinal nenhuma mulher na cidade anda montada em uma Custom pilotando, nem mesmo em bairros como estes, na verdade, as garotas da misteriosa cidade andam na garupa agarradas a algum homem ou moleque de gangue. Quem é ela? A consciência de Zelda falou, assustando a si mesma com o efeito de sua curiosidade.

Decidindo, sabe se lá porque, que precisa de mais um bebida antes de enfrentar sua verdadeira realidade, a ruiva entra no Pub novamente.

I Went Mad About You - Madam Spellman Onde histórias criam vida. Descubra agora