Capítulo 6
Hero
Depois de deixar Sophia em sua casa, sigo para meu hotel, fazia tanto tempo que não dava boas risadas com alguém, me divertido de verdade, sorrio ao lembrar da cara dela quando perguntei sobre o Connor, não gostei daquele cara.
Coço a cabeça tentando deixar para lá o jeito que ele olhava para ela quando não estava vendo, eu senti… merda, eu estou sentindo ciúmes de uma garota que mal conheço e que está grávida de outro… o quão problemático isso é? Mas não consigo não pensar na forma como sua mão encaixou na minha e a eletricidade que me subiu, quando a gente se olhou… porra! Eu senti e tenho certeza que ela também, mas… eu não sei se consigo abrir essa porta de novo…
Entro no hotel e subo para meu quarto, tiro a blusa e meu tênis jogando na poltrona ponho os papéis na mesinha, não estou com cabeça para nada mais. A única coisa que não da minha mente é a risada maravilhosa de Sophie, como ela tem uma resposta irônica para cada situação, o que me faz sorrir, nesse quarto escuro. Será que ela é a pessoa que vai trazer minha felicidade de volta? E se alguma coisa acontecer a ela eu…
-Mas que porra, tenho que parar de pensar nisso… -fecho os olhos e me deixo descansar.. . .
No outro dia vou para o set, está chegando o dia de realmente começarmos a gravar. Consciente ou inconscientemente meus olhos vasculham o local atrás dela. É quando vejo um grupo, os amigos da Sophia. Me aproximo deles, ela não está com eles. Estranho, pois ela me disse que vinha pra faculdade, que não podia faltar mais.
-Hero, oi! -Uma das amigas de Sophie me cumprimenta, acho que seu nome é Emma.
-Oi… A Sophie não veio hoje? - pergunto tentando disfarçar que não lembro do nome da garota. Ela sorri
-Claro que veio, ficou lá dentro explicando pra professora o motivo da falta na terça, sabe como a Sophia é, essa faculdade é tudo pra ela e ela não pode perder a bolsa - Emma começa a tagarelar sobre a bolsa, que eu não fazia ideia que existia, que Sophia tem. Não imagino como deve estar sendo difícil pra ela esse momento, faculdade, ser mãe daqui uns meses.
-Claro que veio -sorrio - vou da um pulo lá dentro preciso falar com ela -mentira, eu não tenho nada para falar com ela, mas preciso vê-la, eu não sei o que esta acontecendo comigo, eu não do tipo possessivo ou controlador e não pretendo ser, abomino todo e qualquer espécime de homem assim. Eu apenas… quero ver como ela está e se aquele cara a lhe importunou de novo. Mesmo sendo tudo recente, até eu conhecer ela é recente, mas sei que esse bebê é importante pra ela. Eu já perdi muito nessa vida e sei que ela ficaria arrasada se algo lhe acontecesse. Me despeço do pessoal e sigo para as escadas.Quando chego a sala, escuto vozes alteradas. E uma é de Sophie.
Me aproximo da porta e vejo um homem de pé ao lado dela, Sophie tenta sair, parece que o cara a estar prendendo, merda. Mas ela não estava conversando com a Professora?! Faço questão de entrar batendo a porta e fazendo o máximo de barulho que consigo, isso chama a atenção deles. Sophia se vira para mim com seus olhos grandes e azuis em pânico, merda. O que esse filho da puta ta tentando fazer?
-Eii, eu tava te procurando! - digo com naturalidade forçada e me aproximo dela.
-O-oi, err, eu já tava saindo, só terminando de resolver umas coisas - ela tenta sorrir e é nessa hora que o cara se vira, eu não conheço, ele ta com cara de poucos amigos. Passa por ela e diz alguma coisa que não consigo escutar e depois saí batendo no meu ombro.
-O que aquele cara queria, ele te machucou? -pergunto tocando seu braço e vendo se não está machucado.
-Ele não me machucou, só… -ela olha pra baixo -Vamos embora logo
-O que aconteceu? -Pergunto ainda preocupado
-Já disse que não foi nada! - ela passa por mim, mas vou atrás dela a seguindo pelo corredor
-Pelo menos me dá isso aqui, não leva tanto peso assim - ela concorda com a cabeça me passando seus livros, aproveito para tirar a mochila dos seus ombros.
-Não precisa levar tudo Hero
-Não é nada, como você ta? -Ela Respira fundo, ainda não está olhando para mim
-Bem, eu acho...estamos bem -concordo
-Vai almoçar agora? - Ela faz que não
Franzo o cenho, olho para trás a procura do cara estranho.
-Certeza? Sua tia não vai ficar no seu pe?-ela revira os olhos e eu riu
-Claro que ela vai, mas eu não consigo comer nada e só em pensar naquele cheiro de carne assada essa hora que impregna tudo na lanchonete, não consigo, me dá logo um embrulho no estômago -Ela faz uma careta ao pensar na carne assada.
-Tudo bem então, a gente pode ir na barraquinha de tacos aqui do lado do campus que tal? - Espero ela responder.
-Claro, porque não… -Ela sorri e então seguimos para a barraquinha de tacos…
-Então quem era aquele cara? -pergunto de novo, ela franze a testa
-É complicado - diz isso e volta a comer
-Sophie, ele… ameaçou você? - percebo ela ficando tensa com essa pergunta. Droga
-Hero é melhor você não se meter nisso, como eu disse é complicado. E além do mais você sempre está querendo saber de mim e eu não sei nada de você, me conta alguma coisa que eu não sei! - ela parece se animar com isso, eu não.
-Eu não gosto muito de falar de mim
-E acha justo você saber mais coisa sobre mim do que de você? -Ela faz bico e eu sorrio
-Não,não acho eu só...eu não sei mais como fazer isso -Aponto entre nós dois. -Acho que não sei mais socializar com o sexo oposto, pode-se dizer assim - Ela ri, ri de dar gargalhada
-Ai, ai meu Deus, como assim Hero? -Ela pausa para respirar e volta a ri - como você não consegue socializar com o sexo oposto, isso -Ela aponta entre nós também -é socializar meu querido.
-Eu tô falando sério! É só que passei muito tempo sozinho, na verdade eu me fiz sozinho muito tempo, nunca senti necessidade de ficar perto de ninguém - A olho, ela está, pegando um pedaço de batata rústica e passando no molho. Tem alguma coisa com o fato de ela fazer tudo isso como se fosse um ritual, que me faz ficar hipnotizado e me faz começar a falar o que eu nunca disse pra ninguém antes.
-Ela morreu -Isso chama a atenção de Sophie, ela me olha com seus olhos arregalados mas não diz nada, só espera pacientemente eu continuar - Eu tinha uma namorada, o nome dela era Sky, nós tínhamos muitos planos sabe, ela era a mulher da minha vida… mas ela morreu, eu vi ela morrer e não pude fazer nada -sinto lágrimas nublando minha visão - ela tava grávida - Sophie faz "ah" de supresa. Concordo com a cabeça e continuo - ela me… me mandou mensagens antes do acidente, dizendo que queria me contar uma coisa…-enxugo o rosto - que era uma surpresa e… foi tudo diferente! Ela morreu! - deixo um soluço me escapar e sinto as mãos pequenas de Sophie nas minhas costas - Foi demais pra mim… -continuo, já que comecei vou terminar- perder tudo… perder a minha namorada e meu filho ou filha, a gente namorava a muitos anos, não que eu seja muito velho - Ela acena com a cabeça -só, era bom e agora eu não consigo mais me ver com ninguém e agora eu sou uma pessoa totalmente fechada e avessa a relacionamento - respiro fundo tentando me acalmar, Sophie está sentada do meu lado, desde a hora que comecei a soluçar, com suas mãozinhas quentes me acalentando - mas eu não sei Sophie, você… -ela me olha - você apareceu e eu sinto como se eu pudesse contar tudo pra você, eu quero fazer isso! Eu me sinto… bem, do seu lado, sendo seu… amigo? - Ela balança a cabeça concordando, ainda sem dizer uma palavra. -Sendo seu amigo e eu quero te proteger, daquele filho da puta miserável que te deixou assim e… esse bebezinho -aponto para sua barriga pequena - esse bebezinho que eu quero, ficar perto, entende? -Ela pigarreia
-Entendo Hero, entendo tudo isso e sinto muito pela sua perda. Eu sinto tanto!