ANJOS COMO VOCÊ • JK + JM

Você me pediu uma história de vida, eu te dei a minha

Crianças, não usem drogas.

Eu tinha 14 anos quando fumei meu primeiro baseado, ainda me lembro perfeitamente de ter matado aula para fumar com meus colegas atrás da escola. Fiquei tão chapado que por um minuto senti como se tivesse saído do meu próprio corpo. Aos 17 cheirei a primeira carreira de cocaína, foi durante uma festa na casa de um amigo e minha nossa! Aquela merda foi a pior coisa que eu já experimentei na vida.

Esse era o meu histórico com drogas até conhecer Yoon.

Eu não era um viciado, levava uma vida fodida como qualquer adolescente solitário. Tinha conseguido minha emancipação mais cedo do que o resto das pessoas, mas não daquele jeito burocrático já conhecido. Meus pais foram embora. Eu sei que pode ser considerado algo triste mas quer saber? Hoje eu não dou uma foda para aqueles desgraçados.

Não, Jeon, eu não era uma criança problemática, muito menos, difícil de lidar. Na verdade, era alegre e completamente otimista, sempre desejando o melhor para todos, mas, aparentemente, isso não impediu meus pais de me deixarem sozinho aos meus 16 anos. Até que durou, né?

No final sempre foi eu contra o mundo.

Conheci Yoon nesse meio tempo, e eu nunca conseguiria colocar em palavras o quão grato sou por tudo o que ele já fez por mim. Nós criamos um laço forte, algo incapaz de ser rompido.

A vida caminhava dentro dos conformes, apenas dois jovens inconsequentes tentando desvendar o universo todo de uma vez. E então, nós conhecemos Lee Youngjae durante uma festa na praia, aos meus recém 19 anos. Yoongi não foi com a cara dele logo de primeira, mas no meu caso, eu não sei, tinha algo em You que me cativava, por isso me tornei amigo dele. Nós éramos como confidentes um do outro.

Depois de um certo tempo, Yoon começou a tolerar a presença do Lee, mesmo que ainda não aprovasse nossa amizade, então nós três saíamos juntos, bebiamos juntos; vivendo a vida como se o mundo fosse acabar na manhã seguinte. Mas isso, só até Yoon descobrir que ele estava me vendendo drogas.

Depois disso as coisas desandaram um pouco.

You me vendia oxicodona, uma droga aparentemente inofensiva à olhos nus, mas foi o que tornou minha vida um inferno.

E aos 23 eu já era um viciado. Essa foi a pior fase da minha vida, para todo entendimento eu vivia como um zumbi, Jungkook; não comia, mal dormia, meus dias tinham se tornado loops infinitos de puro martírio, onde a única coisa que eu conseguia pensar era em como eu arranjaria dinheiro para comprar mais drogas. Perdi dez quilos em três semanas, lembro-me de olhar no espelho e chorar ao ver minha imagem completamente desgatada. Céus, eu nunca estive tão horrível.

Cheguei a vender as coisas do meu apartamento, tudo porque não podia passar um dia sem a minha droga. Foi então que Yoon percebeu, eu não era mais o mesmo. Até meu humor tinha mudado. De alegre, eu fui para a apatia total. Minha pele nem tinha mais cor e meu cabelo começou a ficar quebradiço. Qualquer um que batesse os olhos em mim, perceberia o quão terrível eu estava.

- EU VOU MATAR ELE! - Yoongi exclamou, aos prantos, enquanto eu me encontrava em posição fetal, encolhido no canto de meu banheiro. - Jimin, por favor, fala comigo! - Pediu, se aproximando. Eu nada respondi, estava estático, sequer piscava. - Jimi... - Se ajoelhou ao meu lado, jogando uma toalha por cima de meu corpo nu. O apelido foi o estopim para que me desencadeasse uma crise de choro.

- Yoon... - Minha voz soou, totalmente quebradiça, pelo banheiro podia-se ouvir apenas o som de minhas lágrimas sincronizadas às de Yoongi, como uma sinfonia de lamúrias.

Esse é um pedaço de como foi ter minha primeira abstinência. Jeon, eu disse que minha vida não era um conto de fadas, antes de te conhecer eu era triste, além de Yoongi, eu não tinha mais ninguém. Por isso eu escondi coisas de você, Jeon, eu sinto muito não ter sido honesto logo de primeira, sei como você odiava mentiras, mas o que eu poderia fazer? Eu não podia, não conseguia, tinha vergonha só de pensar em te contar sobre quem eu era. Tinha medo de te perder, medo de perder o meu sol e viver para sempre na escuridão.