Cap. 3 - You're not like the others

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[Nota nos comentários]

KTH Narration

De uma forma misteriosa, eu estava me acostumando com a presença do moreno que me ofereceu ajuda. Apesar dele parecer rude, eu sabia que ele não era realmente assim e agora eu estava ciente do motivo. Suas palavras alcançaram o meu coração como uma adaga, pois dentre meus sete anos de carreira, sempre tive em mente manter meus pés no chão, não esquecer minha verdadeira essência e ao furar a fila da exposição, era um sinal claro de que eu havia fracassado como ser humano. Eu havia me tornado quem mais temia, apenas mais um artista que acha que tem o mundo em suas mãos. Afinal, não importa falar ou idealizar algo mas sim, a forma que agimos, com a qual eu havia magoado o homem, o que fazia uma aparente sangria em meu coração. O fato dele ter me acolhido em seu quarto de hotel, apesar do mau que o causei, demonstrava sua superioridade moral, pelo menos, diante aos meus olhos. Apesar de parecer ser um fato idiota, são nos pequenos momentos da vida que vemos o caráter de uma pessoa e baseando-se no meu último ato, o meu não era de grande valor.

O remorso corroía o meu íntimo e esse sentimento me deixava cada vez mais inquieto.

— Hm... eu acabei de perceber que nem perguntei seu nome. — Tudo havia acontecido de forma tão rápida que eu nem havia me dado conta que não sabia seu nome ou um pouco de sua história. Eu apenas o admirava pelo seu ato mas certamente gostaria de saber mais sobre ele.

— Jungkook, Jeon Jungkook. Mas não creio que saber meu nome é importante para você, quero dizer... Ninguém vai saber que você esteve aqui, pode ficar tranquilo. Eu não contarei a ninguém. — O moreno de orbes arredondadas dispara desconfiado enquanto olhava para os próprios pés que sacudiam inquietos.

— Gguk, eu não estou desconfiando de você. Na verdade, sou muito grato pelo que fez por mim. Eu apenas queria saber o nome do meu salvador, não me interprete mal. — Digo descontraído percebendo o, aparentemente, mais novo prender o ar em seus pulmões. Jungkook levanta o olhar fitando-me, a confusão em seus semblante me deixa intrigado. Será que eu havia feito algo de errado?

Vejo o moreno limpar a garganta antes de entreabrir os lábios rubros.

— Me desculpe. Eu apenas aprendi a ficar na defensiva desde novo, não faço por mal, Tae. — Jungkook se explica e eu sorrio casto.

— Oh, você conhece meu apelido? — Pergunto curioso cruzando minhas pernas o encarando, à espera de sua resposta.

— Ah, perdão te chamar tão informalmente, é que minha irmã mais nova fala de você de vez em quando. Apesar da pirralha ter dez anos, ela trata os cantores que ela gosta com informalidade mesmo que eles sejam mais velhos. — O homem revira os olhos ao lembrar da informalidade da caçula.

— Então a informalidade é de família? — Falo abrindo um sorriso provocador para o homem que engole em seco.

— Desculpa, é que eu pens... — O interrompo, não permitindo que terminasse seu pedido de desculpas.

— Tudo bem, Gguk. Somos amigos agora, não precisa me tratar com formalidade, eu estava apenas brincando. — Abro um sorriso após a minha fala vendo o homem corar, talvez pelo apelido ou pela palavra "amigo".

— Okay, Taehyung-ssi. Eu vou lá embaixo buscar a nossa comida. — O de orbes cor de jabuticaba fala divertido, pronunciando meu nome lentamente da maneira mais formal que encontrou. Solto uma gargalhada, deixando minha cabeça tombar para trás e encontrar o estofado do sofá. Meu nome saindo dos seus lábios pareciam mais uma melodia para mim, sua voz era doce e profunda. Gguk fazia um pequeno biquinho ao pronunciar, o que o deixava mais fofo apesar do porte viril que possuía.

— 아니 (Ani - não em pt) — Falo manhoso vendo o homem envolver a maçaneta em suas mãos e percebendo que ele amoleceu com o meu tom, vindo a me fitar por cima do ombro com as sobrancelhas levantadas, deixando uma expressão sapeca em seu rosto.

— Taetae? — Dispara deixando-me anestesiado pela forma com que o apelido soou em sua voz doce. Levo ambas as minhas mãos ao meu rosto pela fofura inesperada do homem.

Ouço o som da porta, sabendo que Jungkook havia saído, com um sorriso nos lábios pela reação que me causou e eu não preciso olhar para saber disso, para buscar nossa comida no hall do hotel. Em questão de segundos, um estalo invade a minha mente, quase que em um passe de mágica.

Me levanto, não tardando em puxar uma mesinha de centro para um espaço vazio do quarto. Apesar da boa aparência do hotel, não parecia haver aquecedor, mas certamente não seria um problema. Abro o armário de Jungkook, incerto se ele ficaria chateado pelo meu ato já que parecia que a qualquer momento, seu humor mudaria e ele voltaria a me odiar novamente.

Estava disposto a consertar a má impressão que havia lhe causado, acreditava que o mais novo não merecia ser vítima da minha atitude impensada. Não queria deixar preso a si a imagem de que eu usava do meu alto nível de influência para usufruir de benefícios e a ideia de que Jungkook, possivelmente, pensasse dessa forma me deixa assustado.

Na tentativa de passar uma boa imagem e lhe mostrar que eu também podia ser um garoto gentil, retiro uma manta que julgo ser do próprio hotel e a uso para cobrir a mesa, dessa forma, ficaríamos aquecidos. Retiro as almofadas do sofá, colocando-as no chão de forma que ficassem uma de frente para a outra, na intenção de usá-las como assentos. Ouso abrir o frigobar e retiro de lá uma garrafa de vinho, me certificando de estar com a minha carteira para pagar por ela futuramente. Coloco-a sobre a mesa, ansiando pela volta do moreno que logo chegaria e se depararia com o nosso jantar a dois. Essa foi a única ideia que tive a fim de me redimir e de também, conhecer mais sobre o homem que parecia mais interessante a cada instante.

Ouço o barulho de batidas na porta e logo a voz de Gguk soa aos meus ouvidos em um, aparente, pedido de socorro.

— Taehyung-ah? Abra a porta pra mim, por favor? Minhas mãos estão ocupadas.

Sorrio com a fala do homem, levantando-me rapidamente para acudi-lo. Abro a porta e sinto meu coração pular de maneira estranha, a cada instante era tomado pela expectativa da reação de Jungkook ao ver a mesa que eu havia preparado. Ele poderia achar brega demais, simplesmente adorar ou até achar nojento dois homens jantando juntos em uma mesa que de alguma forma fiz parecer romântica, apesar de eu supor que ele não era esse tipo de cara.

— Deixa eu tirar essa caixa aqui pra você não acabar caindo por aí. — Digo em tom divertido, destampando a visão do homem. Claro que eu me preocupava com o fato dele cair mas o que eu realmente queria, era ver seus orbes castanhos brilhando de forma intensa ao olhar para a mesa.

Nada do que eu havia imaginado antes, chegaram perto do que realmente aconteceu quando Jungkook bateu seus olhinhos pretos como noites na mesa posta no centro do quarto mediano. Seus lábios cor de pêssego se abrem em um sorriso que alcançam os ladinhos de seus olhinhos puxados, causando ruguinhas finas. Quase sinto meu coração parar de bater por míseros segundos ao notar como seus dentinhos avantajados me lembravam um coelhinho fofinho. Minhas pernas amolecem como resposta ao me deparar com aquela cena tão bela que era o curvar de seus lábios, quiçá os mais lindos que já vi em toda minha vida.

*Créditos à betagem: httpvantae

Espero que tenham gostado do capítulo que apesar de curtinho mostrou um pouquinho a visão do Tae e a forma com que ele lidou com essa ajuda repentina de um estranho.
Como coloquei nas notas, ando um pouco desestimulada a postar essa estória, pois não está tendo muito alcance. Mas refleti comigo mesma e percebi que todas os autores (as), em algum momento, passam por essa insegurança. Obrigada a quem está lendo e até breve. 💜⏳

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