Ellen me fitava com seus doces olhos tristes, ela era capaz de sentir minha dor, eu tinha medo que ela me odiasse quando contasse que Jeanine estava na minha casa, que eu tinha ido ali só para...
Eu era um covarde, eu sabia que ela me odiaria por estar fazendo aquilo, mas eu precisava de uma última vez com ela, sentir e ter ela em meus braços como agora, precisa beijar ela sentir a maciez da sua pele
Era perfeito, sim não havia uma palavra mais adequada para descrever como era ter Ellen em meus braços além de perfeito, ela passava seus dedos para cima e para baixo bem devagar em meu peito,os meus dedos fazia o mesmo movimento em sua costa nua
- obrigado por me falar sobre a rodoviária - murmurei depois de um longo silêncio
- de nada, não falo muito sobre isso, as pessoas não costumam entender... E eu sendo psicóloga acho meio estranho
- dizem que os melhores psicólogos são aqueles mais loucos - falei de brincadeira
- hahaha - Ellen bufou - obrigado por falar sobre o exercito
- de nada... Além do meu psicológo só falei pra você
- você estaria lá? Se não tivesse sido forçado a sair?
- sim... Eu estaria - respondi
- eu tenho medo...
- de que? - perguntei
- de que se machuque, se eu estivesse com você antes... Eu teria medo de que se machucasse - como podia Ellen conseguir transbordar amor com uma frase? Senti meu coração bater descompassado
- não precisa, eu não estou mas na guerra - sussurrei beijando seu cabelo
- mas seu coração ficou lá - ela respondeu
- eu achei que sim... Mas ele está aqui - minha voz saiu baixa e carregada de medo
- o que aconteceu? - Ellen sentou na cama e me olhou
- como assim?
- você está estranho, parece aflito e triste... O que aconteceu?
- nada... Deita comigo... Só mais um pouco - implorei, deveria falar pra Ellen a verdade de uma vez, mas quando falasse ela me mandaria embora pra sempre
- me conta... - Ellen olhou para baixo depois fixou seus olhar no meu
- eu não posso mais ficar com você - sentei também - eu queria poder te beijar, te acariciar, te abraçar, te proteger, te ouvir, te... - ia falar amar - mas não dá mais, eu fugi mas do que da dor
- Giacomo? Por que tá falando isso? - ela já estava chorando
- por que eu sou... Casado - soltei de uma vez, Ellen se afastou de mim saindo da cama, ela estava nua, vi ela se cobrir e puxar seu roupão o vestindo rápido, as lágrimas dela cesasaram no mesmo segundo que ouviu as palavras
- você... Você me fez de sua amante? - ela gritou com raiva
- por favor me escuta... - levantei também, vesti minha cueca e minha calça - eu não amo ela
- isso não... Droga... Isso não te dá o direito de me usar... Você mentiu - Ellen ainda gritava
- não era pra ter acontecido nós dois, entende? Por isso eu fugia tanto de você, por que... Ellen eu me apaixonei sem querer - me aproximei dela e levei uma bofetada como na noite passada
- você me usou, me fez de sua amante, você me humilhou... Veio até aqui e me fez acreditar que não queria me magoar, eu te perdoei... Mas a única coisa que você queria era mais uma transa? Ela está aqui? Na cidade?
- sim... Chegou essa manhã - respondi
- eu te odeio Giacomo... Eu nunca me senti tão usada e humilhada... - as lágrimas dela voltaram a cair
- Ellen... Eu queria poder me separar dela e ficar com você... Mas não dá
- não precisa, eu não te quero - as palavras dela eram duras
- por favor tenta me entender - pedi
- não quero... Vai embora da minha casa agora - ela gritou - esquece meu nome, meu endereço... Se ainda existe em você um pingo de respeito por mim... Me deixa em paz
- por favor... Eu não tenho escolha... Ela...
- vai embora - Ellen começou a bater em meu peito - vai embora... Vai embora
- tudo bem - segurei seus pulsos - estou indo - baixei eles e soltei, peguei minha camisa e meus sapatos e sai, quando fechei a porta ouvi o barulho de algo sendo quebrado ao atingir a porta
➿
- onde estava esse tempo todo? - ouvi a voz de Jeanine, quando mal tinha entrado em casa
- por aí tentando esquecer - murmurei
- você poderia ter ligado - ela veio até onde eu estava - preparei o jantar
- tô sem fome e você não cozinha - respondi
- tá... Eu pedi comida, você demorou - ela soltou uma risadinha, Jeanine era linda, eu lembro como se fosse hoje como foi conhecer ela, o que senti, como desejei ter ela, e hoje eu a olho e não sinto nada, só raiva
- pode comer, vou pra cama - comecei a ir para o quarto
- Gio... Você e eu estamos juntos de novo, você disse que iria tentar
- isso sou eu tentando - olhei para ela - eu estou aqui... Preferia não estar, então fique satisfeita
- isso não é suficiente - ela falou amarga
- sinto muito - virei e fui para o quarto, deitei na cama no lado que Ellen sempre dormia quando estava ali, na fronha ainda tinha seu cheiro, logo ela seria só uma lembrança, peguei meu celular e olhei a foto que tínhamos tirado juntos
Ellen nunca entenderia meus motivos, e eu não podia falar a verdade, não podia falar que...
- Gio... - Jeanine entrou no quarto, fechei a tela que mostrava a foto de Ellen
- o que aconteceu? - olhei para ela
- te trouxe suco - ela me ofereceu o copo
- obrigado - peguei o copo e comecei a beber o suco mesmo sem vontade
- tava pensando... Amanhã poderia me mostrar a cidade, si e que tem muito o que ver, tava olhando na internet os lugares sugeridos... Sabia que tem um teatro Burlesque aqui?
- sim... - respondi rude - não gosto desses lugares
- você não gosta de nada querido - ela pegou o copo vazio da minha mão e colocou no criado mudo - mas eu não conheço nada, vem comigo
- Jeanine... Por favor - pedi
- deixa de ser careta - ela riu - vamos
- outro dia - encerrei o assunto
- tudo bem... Mas não vou esquecer - ela chegou bem perto e me beijou