the stops of life

19. o porque

Me sentia frio como gelo, quando Ellen falou que está a grávida eu imaginei como séria se aquele filho fosse meu, como séria ter um filho com ela, algo que eu nunca desejei ter com Jeanine

E agora com essa possibilidade, essa pequena chance de ser pai do filho dela, eu não queria, mas tinha criado expectativas, uma parte minha estava totalmente iludido, fazendo planos

Talvez um menino, se fosse meu talvez Ellen colocasse o nome do meu irmão e se fosse uma menina?

Minha mente não parava, eu ouvia a voz de Jeanine falando de algo, mas não sei exatamente o que, eu decidi que tentaria fingir que ela não existia

- para de fingir que não estou aqui - ela parou na minha frente - me olha me trata com alguém que fala e merece ser respondida

- o que você quer? - olhei para ela

- já viu que não tem nada pra comer aqui?

- sim... Vou no mercado amanhã... Pode ligar e pedir comida, estou sem fome

- você... O que aconteceu? Você parece... Animado?

- só decidi que você não vai me enlouquecer... Só faltam 9 meses - levantei e 6 para Ellen ter o neném

- então? - ela não entendeu

- então, vamos morar aqui... Não somos marido e mulher, não somos amigos... Mas eu vou te respeitar... E se puder fazer o mesmo agradeço... Vamos conviver apenas isso

- não é meu? - Patríck parecia triste

- eu não sei... - sentei ao lado dele

- por que contou a ele? Poderia ter falado só pra mim...

- você aceitaria um filho dele? - perguntei surpresa

- e seu filho Ellen... E eu te amo - ele suspirou

- eu não podia esconder a verdade... De nenhum dos dois... - é injusto com você, e com ele, Giacomo já perdeu muitas pessoas na vida dele... Eu não posso afastar um filho...

- você gosta dele! - Patríck falou magoado

- sim... Ele se tornou um amigo, mesmo nos dois não tendo dado certo... Ele perdeu muitas pessoas na guerra

- e eu? O que eu sou pra você?

- eu estou com você... Eu escolhi isso... Eu não o amo... Nunca mentiria pra você... Mas eu gosto muito se pudesse escolher... - eu ia mentir para Patrick naquele momento, mas eu não queria perder ele - eu preferia que fosse seu

- mesmo? - ele deu um sorriso fraco

- sim... - beijei ele para esconder minha culpa, mas Patríck era bom para mim, ele me amava, ele cuidaria de mim, se pudesse escolher eu quero amar ele, por que ele é possível para mim

- eu vou cuidar de vocês... Tudo o que falei antes, eu vou cumprir

- obrigado

Eu esperei, um, dois, três, quatro dias, tentei não surtar com aquilo, tentei não sair correndo e falar para Ellen por favor largar Patrick e "me esperar" só por mais 9 meses, eu lutei contra cada partícula do meu corpo que implorava por ela, lutei contra o desejo que me socava por dentro e falava que aquele bebê era meu

Tinha entendido que eu havia perdido ela, mas se aquele filho fosse meu, se tivesse uma pequena chance de ser meu eu não sairia da vida dele, mas ainda sim eu me segurei até ter certeza de que eu não "latiria" ao ver ela, que não seria o idiota que fica como um cachorrinho atrás dela implorando por um pouco de atenção, não podia forçar ela a me querer

Quando tive certeza que estava pronto para uma conversa de "adultos" onde falaríamos do futuro do bebê eu liguei para ela e combinamos de nos encontrar na casa dela

- oi - sorri quando ela abriu a porta, olhamos juntos quando o trovão estrondou no céu, o tempo estava fechando

- oi - Ellen sorriu e fez uma careta ao mesmo tempo - entra

- tudo bem

- vamos subir? Acabei de chegar tô cansada - Ellen falava calma, eu adorava aquele jeito dela leve e despreocupado

- tá - dei de ombros e segui ela, fazia meses que não estava ali naquele quarto Ellen sentou no sofá olhando para a rodoviária, sentei ao seu lado

- como você tá? - ela me deu um olhar preocupado

- na medida do possível bem... Tô tentando sobreviver

- sinto muito - Ellen suspirou

- não é sua culpa, tudo o que tem acontecido na minha vida é culpa exclusiva minha

- eu sei que se esse filho for seu terá direito de ver ele, eu sei... Por isso quando vi que haveria uma chance... Eu decidi contar

- obrigado por isso - mostrei um sorriso fraco

- eu só não sei fazer isso funcionar, nos três - a voz de Ellen era amarga - quatro na verdade, por que tem a sua esposa

- Jeanine... Ela é só uma pedra no meu sapato - falei com raiva

- por que? Mentiu pra mim? - Ellen me olhou nos olhos

- por que não era só falar que eu sou casado, tem toda uma história

- por que? Me conta

- a 10 anos minha mãe descobriu que tinha câncer, foi o pior momento da nossa vida, eu estava no exército, e meu irmão ainda estava na faculdade, ela quem ajudava ele a pagar... Eu era um tanto despreocupado comigo mesmo, não tinha medo de morrer, por isso me tornei tenente tão cedo... - parei de falar por uns segundos sentindo o peso daquela lembrança, Ellen ficou calada me olhando - quando me ligaram para falar ela já estava mal, ia ter que fazer quimioterapia, radioterapia e todos esses tratamentos que são muito caros, voltei pra casa pra descobrir que minha mãe já estava doente a quase um ano e eles mentiram, meu irmão havia parado a faculdade para trabalhar... Então eu fiquei com eles, consegui uma licença de quatro meses, eu fiquei cada dia com ela, eu já conhecia Jeanine, nos estudamos juntos... Eu acabei me envolvendo com ela os meses que fiquei ali

- você amou ela?

- não sei... As vezes acho que sim, mas vezes acho que era só comodismo e gratidão... Ela tentava me ajudar com minha mãe... Mas eu tive que voltar, eu tinha um dever a cumprir... Tudo estava teoricamente bem, minha mãe fazendo o tratamento... Mas o que ninguém contou e que o plano de saúde só cobria uma parte do tratamento dela

To be continued......

Tô tão de b humor hoje.. recebi tanta mensagem de carinho que psotei mais um... Só pra deixar vocês e minha pessoa feliz... Boa noite...