Conto de Júlia - parte 18

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Bom, até que não foi tão ruim assim ser um "bebê completo", mas eu ainda prefiro poder andar e falar normalmente.

SEGUNDA-FEIRA

De manhã, tivemos a mesma rotina de sempre, café da manhã, banho, fralda, e me arrumar pra ir pra escola. Mas um pensamento não saia da minha cabeça, eu sentia que devia contar para os meus amigos o meu segredo, principalmente pra Gabi, que é minha melhor amiga.

Enquanto meus pais estavam me levando pra escola, eu decidi perguntar:

- Mamãe, sabe a minha amiga Gabi?

- Gabi? Ah, sim, eu sei quem é! Eu conheço a mãe dela! O que tem?

- A gente se conhece já faz alguns anos, e ela é minha melhor amiga, e...eu ando pensando em contar tudo pra ela!

- É uma decisão importante, se você realmente confia nela, eu acho que você poderia contar!

É isso aí, eu confio na Gabi e sei que posso contar qualquer coisa pra ela, e por isso ela vai ficar sabendo de tudo hoje mesmo.

Chegando na escola, eu me despedi dos meus pais e fui entrando direto, falei com as minhas irmãs do orfanato e logo fui conversar com a Gabi e o Bryan que já estavam me esperando.

- Júlia, oi! A gente estava esperando por você! - Gabi dizia enquanto me abraçava.

- Oi, gente, como foi o fim de semana? - Eu perguntei.

- Foi bom! - Bryan respondeu - Eu e a Gabi fomos no cinema ver aquele filme que a gente tinha falado, pena que você não pode ir! 

- Ah é, eu tive algumas coisas pra fazer em casa nesse fim de semana!

- Falando nisso, quando a gente vai na sua casa mesmo? - Gabi perguntou.

- Logo, logo, eu só tenho que combinar com meus pais antes!

- Hum...dona Júlia e sua nova família misteriosa...! - Gabi dizia com um olhar desconfiado.

- Gente, o sinal já vai tocar, é melhor a gente ir pra sala.

Depois de várias aulas chatas, pelo menos as duas últimas seriam de educação física, nossa aula de educação física é basicamente ir pra quadra e fazer o que quiser, alguns vão jogar futebol, outros vão jogar vôlei, e outros só aproveitam a aula pra ficar de bobeira conversando, o que é o meu caso.

Estávamos só eu e a Gabi conversando, eu senti que esse seria o momento certo, então eu disse que precisava falar um assunto sério com ela e chamei ela pra um canto.

- Quer conversar no cantinho? Você não vai me beijar nem nada assim, né?

- Não, não, não tem nada a ver com isso, o que eu quero te contar tem a ver com a minha família adotiva!

- Hum, e o que é?

- Melhor mostrar do que falar, olha...

Eu abaixei uma parte da minha calça, mostrando minha fralda, quando ela viu, inicialmente sem mudar de expressão, ela disse:

- Ah tá, você usa calcinha com desenho de bichinho, não é nada demais, e eu meio que também...peraí...isso é uma fralda?

Sua expressão mudou completamente pra uma cara de quem não estava entendendo nada, mas logo eu comecei a explicar.

Eu contei sobre como tudo tinha acontecido, e como eu estava adorando aquela vida.

Ela se manteve com uma expressão confusa, mas disse:

- Ah, ok, não dá pra falar que eu não acho isso estranho, mas se te faz feliz, é o que importa!

- Que bom que você entende, só vou te pedir pra por favor não contar pra ninguém!

Conto de JuliaOnde histórias criam vida. Descubra agora