Bom, até que não foi tão ruim assim ser um "bebê completo", mas eu ainda prefiro poder andar e falar normalmente.SEGUNDA-FEIRA
De manhã, tivemos a mesma rotina de sempre, café da manhã, banho, fralda, e me arrumar pra ir pra escola. Mas um pensamento não saia da minha cabeça, eu sentia que devia contar para os meus amigos o meu segredo, principalmente pra Gabi, que é minha melhor amiga.
Enquanto meus pais estavam me levando pra escola, eu decidi perguntar:
- Mamãe, sabe a minha amiga Gabi?
- Gabi? Ah, sim, eu sei quem é! Eu conheço a mãe dela! O que tem?
- A gente se conhece já faz alguns anos, e ela é minha melhor amiga, e...eu ando pensando em contar tudo pra ela!
- É uma decisão importante, se você realmente confia nela, eu acho que você poderia contar!
É isso aí, eu confio na Gabi e sei que posso contar qualquer coisa pra ela, e por isso ela vai ficar sabendo de tudo hoje mesmo.
Chegando na escola, eu me despedi dos meus pais e fui entrando direto, falei com as minhas irmãs do orfanato e logo fui conversar com a Gabi e o Bryan que já estavam me esperando.
- Júlia, oi! A gente estava esperando por você! - Gabi dizia enquanto me abraçava.
- Oi, gente, como foi o fim de semana? - Eu perguntei.
- Foi bom! - Bryan respondeu - Eu e a Gabi fomos no cinema ver aquele filme que a gente tinha falado, pena que você não pode ir!
- Ah é, eu tive algumas coisas pra fazer em casa nesse fim de semana!
- Falando nisso, quando a gente vai na sua casa mesmo? - Gabi perguntou.
- Logo, logo, eu só tenho que combinar com meus pais antes!
- Hum...dona Júlia e sua nova família misteriosa...! - Gabi dizia com um olhar desconfiado.
- Gente, o sinal já vai tocar, é melhor a gente ir pra sala.
Depois de várias aulas chatas, pelo menos as duas últimas seriam de educação física, nossa aula de educação física é basicamente ir pra quadra e fazer o que quiser, alguns vão jogar futebol, outros vão jogar vôlei, e outros só aproveitam a aula pra ficar de bobeira conversando, o que é o meu caso.
Estávamos só eu e a Gabi conversando, eu senti que esse seria o momento certo, então eu disse que precisava falar um assunto sério com ela e chamei ela pra um canto.
- Quer conversar no cantinho? Você não vai me beijar nem nada assim, né?
- Não, não, não tem nada a ver com isso, o que eu quero te contar tem a ver com a minha família adotiva!
- Hum, e o que é?
- Melhor mostrar do que falar, olha...
Eu abaixei uma parte da minha calça, mostrando minha fralda, quando ela viu, inicialmente sem mudar de expressão, ela disse:
- Ah tá, você usa calcinha com desenho de bichinho, não é nada demais, e eu meio que também...peraí...isso é uma fralda?
Sua expressão mudou completamente pra uma cara de quem não estava entendendo nada, mas logo eu comecei a explicar.
Eu contei sobre como tudo tinha acontecido, e como eu estava adorando aquela vida.
Ela se manteve com uma expressão confusa, mas disse:
- Ah, ok, não dá pra falar que eu não acho isso estranho, mas se te faz feliz, é o que importa!
- Que bom que você entende, só vou te pedir pra por favor não contar pra ninguém!
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Conto de Julia
KurzgeschichtenJulia era uma garota orfã de 12 anos, sua vida muda completamente quando um casal adota ela. O que ela não esperava é que esse casal quisesse na verdade, um bebê.