Conto de Júlia - parte 20

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Todos estavam ali, todos os meus amigos da creche e até mesmo a Gabi.

- Pessoal...vocês...fizeram isso pra mim? - Eu não consegui segurar e comecei a chorar alí mesmo.

- Claro que sim, porque a gente te ama! - Mamãe disse vindo me abraçar.

- Obrigada, gente! Vocês não sabem como eu tô feliz!

- Vai ficar mais feliz ainda quando abrir os presentes, vem ver. - Rebeca falou.

Era uma pilha enorme de presentes, a maioria eram brinquedos, também tinham algumas roupas e sapatos, eu adorei todos.

Depois de abrir os presentes, eu apresentei a Gabi para os meus amigos da creche, deu pra ver que ela ficou bem impressionada em ver outros adolescentes vestidos como bebe. Após as apresentações, nós fomos comer e depois passamos o dia todo brincando.

Lá para as 7 da noite todos já tinham ido embora.

- Você gostou da surpresa, meu amor? - Mamãe perguntou.

- Adorei, foi de longe o melhor aniversário que eu já tive!

- Que bom! Você nem desconfiou da surpresa?

- Desconfiei, sim, vocês sabiam que era meu aniversário e não comentaram nada, e quado você disse que precisava sair e o papai me levaria pra passear no shopping, eu tive certeza.

- Aposto que ver a sua amiguinha no shopping só confirmou ainda mais, né? - Papai perguntou.

- Sim...suspeitei que ela estivesse lá pra comprar meu presente.

- Bom, o importante é que todos se divertiram. Agora vem que eu vou te arrumar pra dormir, mocinha. - Mamãe disse me pegando no colo.

Chegando no quarto, como de costume, ela tirou minha roupa, minha fralda molhada e me deu um bom banho, só pra depois me colocar numa nova fralda, e me vestir com um macacão rosa.

- Você comeu bastante na festa, né? Mas que tal uma mamadeira? - Mamãe sugeriu.

- Uhum, eu quelo!

Mamãe sorriu de orelha a orelha ao me ouvir falar de um jeito tão manhoso. Uns minutinhos depois ela voltou com uma mamadeira cheia de leite quente, se sentou no puff comigo no colo e colocou a mamadeira na minha boca.

Não tenho palavras pra descrever aquela situação, uma sensação de conforto, paz e tranquilidade, imagino que poucas pessoas no mundo tiveram a mesma sorte que eu. Sorte? Em meio a tantos pensamentos, eu comecei a questionar se aquilo era certo ou não, regredir ao invés de crescer? Isso é bom? Isso não pode me fazer mal no futuro?

Pois bem, o que importa? Eu tenho tudo que eu sempre quis, não preciso mais me preocupar com nada, posso dizer com certeza que nunca fui tão feliz, e é só isso que importa.

- Pois bem, meu amor! Hora de dormir. - Mamãe disse, me tirando daquele mar de pensamentos.

A mamadeira foi substituída por uma chupeta, mamãe me pôs no berço, apagou a luz e saiu.

Conto de JuliaOnde histórias criam vida. Descubra agora