7. Confusa.

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Seulgi estava se sentindo estranha. Desde que tomou um banho e resolver sair com Seungwan para dar uma volta, ela tem analisado os acontecimentos. Sua companhia parecia estar um pouco distante, talvez cansada também. A mulher olhava para sua vizinha e apenas a ouvia desabafar sobre sua vida cheia e corrida. Ao que parece, Seungwan faz home-office, mas seus chefes lhe exigem muito.

A questão era, será que sua vizinha tinha apenas aquele problema? Porque Seulgi também tem um leve sentimento de que sua discussão com Sooyoung tem algo a ver.

Enquanto elas caminhavam pela praça, a monolítica teve a chance de absorver cada palavra dita por Seungwan. Ela se solidarizava, bem como percebia o quão boa aquela mulher é capaz de ser. Por isso, Seulgi gostaria de lhe retribuir com um certo conforto, por meio de sua amizade. Esperava ser o suficiente.

— Wannie, desculpe a pergunta, mas posso saber se sua discussão com Sooyoung também tem alguma interferência nisso? — Seulgi se manifestou no momento em que ambas se acomodaram num banco da praça.

— Ah, aquilo... — Seungwan suspirou de maneira audível. — Certo, Sooyoung é uma garota bastante inconsequente, é isso. Eu não gosto da maneira que ela age, com quem ela anda. Sabe, Seul, as pessoas que estavam na festa dela são apenas oportunistas, e Sooyoung não percebe! — ela diz com indignação.

— Mas então você se importa com ela?

— Sim, eu me importo... eu acho... — a Son encarava suas próprias mãos. — A questão é que eu não tenho paciência para lidar com quem não sabe o que faz da vida.

Seulgi ouviu bem o que sua vizinha dissera. Não era tão fácil chegar à conclusão de que Seungwan poderia ter sentimentos por Sooyoung, e talvez seja por isso que a Park odeio tanto a Kang, afinal. Embora a mulher tenha lhe dado aquela resposta, a monolítica ainda não se encontrava tão convencida.

— Mas então você e Joohyun se tornaram próximas, hein?! — aleatoriamente, Seungwan se virou para a mais alta. — Quem diria...

E foi quando a Kang ficou confusa. Em todo aquele tempo, Seungwan não estava interessada em falar dela, ela só queria arranjar uma forma de chegar até o ponto certo.

— Sim... sim, nós estamos nos aproximando mais. — ela respondeu sem jeito.

— Se aproximando, é? Uau... — Seulgi também notou o sorriso sem graça esboçado no rosto de sua companhia.

— Algum problema, Wannie?

— Não. — Seungwan disse imediatamente. — Só estava pensando em algo, mas já passou. — ela assegurou.

A partir dali, todo o rumo da conversa se perdeu. Nem Seulgi sabia o que dizer, muito menos Seungwan. Elas ficaram sentadas naquele mesmo banco, alheias ao momento, apenas encarando o cenário em volta, o barulho dos pássaros, a conversa de outras pessoas, os carros passando, pequenos ruídos que poderiam ocupar o silêncio perturbador que ali se formava.

A questão é: como aquilo aconteceu? Seulgi sempre fora carismática, sempre soube o que dizer, no entanto, agora ela parece estar no meio de um abismo, tendo que enfrentar o respirar pesado de sua vizinha Son Seungwan. As palavras de Park Sooyoung nunca lhe fizeram tanto sentido.

Seungwan tinha sentimentos por ela.

— É... acho que tá ficando um pouco tarde, Wannie. Que tal voltarmos? — o melhor que a monolítica achou que poderia fazer era justamente acabar com aquele vácuo inoportuno.

— Tem razão, Seul. — a Son sorriu de bom grado e se levantou. — Vamos voltar, porque Joohyun pode estar preocupada.

Voltar para a casa seria uma boa ideia para a Kang, assim ela poderia respirar um pouco. Fazer aquele caminho de volta, porém, também estava sendo uma tortura. Ter Seungwan ao seu lado a fazia sentir uma culpa que ela não entendia bem. Se sua vizinha nutria sentimentos inéditos, o que fazer, quando a monolítica só a encarava como uma boa amiga?

Elas passaram pelo porteiro. Deram uma boa tarde. Entraram no elevador. Cumprimentaram outros moradores. Andejaram pelo corredor. E o silêncio continuou. Até que finalmente estavam de frente para ambos apartamentos. Seulgi olhou para Seungwan um tanto perdida e lhe acenou com um sorriso doce.

— Então, até mais, Wannie.

Sua vizinha sorriu retribuiu aquele sorriso, mas não a deixou entrar no apartamento, por sua vez.

— Sabe, Seul, obrigada por esse momento comigo. Eu precisava disso.

— Mas eu nem fui tão relevante assim... — ela abaixou a cabeça, envergonhada.

— Quem disse que não foi? Apenas a sua companhia foi o suficiente para mim... — Seungwan segurou suas duas mãos com ternura. — Eu me sinto mais leve ao seu lado, Seul... — e sorriu um largo sorriso.

Seulgi se deu conta de que o silêncio ensurdecedor era só coisa de sua cabeça. Seungwan não queria palavras, ela só queria uma companhia. Seulgi era essa companhia.

— Oh, bem... tudo bem... — a Kang sorriu, ainda sem graça.

— Mais uma vez, obrigada. — sem sem avisar, Seungwan a abraçou fortemente, envolvendo seus braços nas laterais do torso de sua vizinha e encostando sua cabeça em seu ombro.

Seulgi não pensou em outra a coisa a não ser retribuir o doce afeto da mulher.

— Wannie, eu... — ela até pensou em dizer algo parecido com 'sinto muito por não corresponder ao seus sentimentos', mas logo em seguida percebeu que não seria necessário dizer aquilo. Talvez Seungwan não a queria da forma que ela pensava. — Eu também me sinto bem com você.

Mesmo que a Kang não tenha notado, Seungwan teve seu coração pulsando fortemente, por isso ela apertou o abraço. Mas quando o contato acabou, a menor encarou a monolítica e mais uma vez sorriu.

— A gente se vê, Seul. — apertou as bochechas da mais alta.

— Certamente, Wannie. — daquela vez, seu sorriso não era forçado, era verdadeiro.

As garotas se afastaram para digitarem as senhas de seus respectivos apartamentos. Antes mesmo de Seulgi adentrar em seu espaço, ela viu sua outra vizinha se aproximar, possivelmente voltando do mercado ou coisa do tipo. Ela sorriu com satisfação, mas a coisa mais estranha foi que a mais velha ignorou seu gesto e se virou somente para Seungwan.

— Fui ao mercado, Wannie. — ergueu as sacolas para que sua companheira de apartamento as visse.

— Oh, isso é bom, Hyun. — Seungwan a agradeceu.

— Por favor, abra rápido. Meus dedos estão doendo. — Joohyun reclamou, sem nem fazer questão de dar atenção à Seulgi.

— Pronto, abri.

Joohyun rapidamente se pôs dentro do espaço sem dizer mais nada. Em seguida, Seungwan também adentrou e se despediu da Kang antes de finalmente fechar a porta.

E ali ficou Seulgi completamente confusa, perdida, inerte, com todos os sinônimos que puderem existir para descrever o que estava sentindo. É isto, Joohyun acabou de ignorá-la, como se não a conhecesse, mesmo depois de terem quase se beijado naquele mesmo corredor mais cedo.

O que ela perdeu?




Apartamento 0707 | SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora