Capítulo Único

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Astrid não conseguia dormir, o olhar magoado e decepcionado de Soluço não lhe saía da mente estando ela de olhos abertos ou fechados. Ela queria que ele entendesse, mas de fato, ela entendia que agira errado. Ele era o líder e por mais que ela fosse amiga de Header sua lealdade era a Soluço... e muito mais, seu melhor amigo era Soluço. Mas, na hora pareceu o certo a fazer.

Droga! Não podia continuar tentando arrumar desculpas. Levantou-se e andou um pouco de um lado para outro do quarto, deixando Tempestade entediada, até perceber que não iria conseguir fazer mais nada até resolver isso. Saiu porta a fora.

De seu alpendre via perfeitamente o alojamento dele. Construíram tão perto um do outro e isso era tão reconfortante. O voo em Tempestade foi apenas simbólico e lá estava ela de frente a porta de Soluço. Olhou para a dragão que a encorajou com um leve empurrão do focinho.

Bateu de leve, tão leve que ela sabia que não havia como ele ter ouvido, porém ouviu a movimentação de passos dentro do alojamento, e claro, os passos de Soluço eram inconfundíveis sobre a madeira e eles estavam se aproximando da porta.

- Soluço? - chamou, com um fio de voz doce e suplicante.

No instante seguinte ele a abriu, em sua expressão ela via um misto de emoções e se deu conta de quanto o conhecia, ele estava confuso e ainda tinha um pouco de altivez da mágoa que ela vira antes, e ainda sim, pode ver o lampejo de preocupação.

- O que houve? Aconteceu alguma coisa? - ele olhou ao redor rapidamente. - O que faz aqui há essa hora?

- E-eu... - ela gaguejou. - Eu vim conversar.

Soluço pareceu relaxar um pouco.

- Há essa hora Astrid?

- Você não parecia está dormindo. - ela deduziu pela rapidez com que ele atendeu a porta.

- Eu não estava, mas...

Banguela passou correndo por eles e já saltitava no alpendre com Tempestade.

- Parece que nós quatro perdemos o sono esta noite. - ela comentou baixinho.

Ele suspirou e entrou.

- Eu, sinceramente, não sei se quero conversar agora, Astrid! - ele disse indo em direção a sua mesa, estava cheia de pergaminhos e peças como sempre, coisas que possivelmente só ele entendia.

- Soluço, por favor, não faz assim. - ela se aproximou da mesa. - Eu... eu entendo que o que eu fiz foi irresponsável.

- Entende? Mesmo? Entende a dimensão da irresponsabilidade?

- Soluço! - ela tencionou protestar.

- Não! Me escuta. - ele contornou a mesa, aproximando-se dela. - Você me manipulou e ainda mentiu para mim. - então lhe segurou pelos braços. - Agora me diz: se eu não puder confiar em você em quem eu vou confiar? - os olhos verdes dele estavam fervilhando dentro dos seus, tão próximo que ela pensou que pudesse se afogar neles.

- E-eu... eu não manipulei você - ela não sabia como as palavras tinham saído de sua boca, sentia o coração terrivelmente apertado.

- Foi exatamente isso que você fez.

Sim, ele estava certo. E aquilo agora estava doendo nela. Astrid balançava a cabeça tentando encontrar palavras melhores do que: "Sinto muito" ou " Me desculpe", mas nada lhe ocorria. O olhar tempestuoso dele não estava ajudando, ela nunca o vira assim.

- Como eu disse Astrid, eu não quero conversar agora. - disse Soluço, com a voz mais mansa finalmente a soltando, e estranhamente ela sentiu frio e desamparo. - Fecha a porta quando sair e põe o Banguela para dentro, por favor. - virou- se e subiu as escadas, cabisbaixo.

Hiccstrid - Pedido de DesculpasOnde histórias criam vida. Descubra agora