Plurais

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a normalidade a assusta, assombra o reflexo de alguém que não conheço. aquilo que tem medo de nunca conseguir ser normal como as pessoas nas ruas e que, ao mesmo tempo, teme ser normal demais a ponto de não lhe sobrar uma característica singular o suficiente para ser distinguida. o desperdício da vida a deixa pálida, com olhos caídos e vermelhos, perdida nas próprias lágrimas delinquentes que ousam escorrerem frias, em uma pele que não possui mais sangue.
ela teme a rotina, a constância, a robotização dos seus sentimentos e ações, o momento em que nada mais importar. e também teme a sí, os atos que pode fazer sem pensar, ela quer muito, viver muito, amar muito, sentir muito, sem limites, sem obstáculos.
ela quer a liberdade e o entendimento, sem saber que ambos jamais andariam juntos, que o saber da sua vida consome sua liberdade de ser.

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