Adão, Eva e o fruto

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Ele sempre comia como se não houvesse amanhã. Falei ao meu pai que um amigo ia dormir por aqui já que seria impossível esconder ele por mais alguns dias. Disse que o pai de Boris iria viajar e que ele morava pertinho.

Meu pai não ligou e Xandra mandou apenas ele ficar longe das coisas dela enquanto está no trabalho.

-Boris-entreguei um cigarro a ele e ascendeu com o meu, me devolveu-quer maratonar uns filmes do Rambo?

Ele riu, que sorriso lindo, me disse algo em russo que não compreendi.

-O que significa?

- Você parece o Harry Potter!

- Vai se fuder!

Descemos para jantar e ficamos conversando um pouco, meu pai falou que ia passar a noite em casa, provavelmente perdeu outro emprego e Xandra se arrumava para sair enquanto Boris a babava.

-Acho que vai começar a maratona de filmes.-Disse.

- Vamos ver então. 

-Vejam lá em cima, vou ver a corrida de cavalos.-Meu pai já mudava de canal quando falamos dos filmes, claramente ele queria ficar só.

Sentamos na cama e ficamos vendo, o primeiro filme me fez dormir, ele ria e comentava sozinho enquanto eu adormecia, algumas palavras em russo e outras em inglês, um tanto confuso devo confessar.

Acordei um tempo depois deitado no colo dele enquanto ele fazia carinho em meus cabelos e meu óculos estava todo torto e meio embaçado. 

-Hm-resmunguei , meu braço estava por baixo e ficou meio fraco quando tentei levantar e acabei caindo me apoiando nele-Desculpa.

- Sem problemas-ele ficou vermelho, notável em sua pele branca-Sai,por favor. 

- Ah, claro.

Acho que o deixei desconfortável, me afasto e fiquei meio dolorido por ele exigir tal distanciamento , mas entendo.

-Acho que agora não precisaremos trocar tantas vezes o curativo-comento pegando o kit, troquei rapidamente mas não parecia totalmente fechado.

-Theo-Ele afaga meus cabelos e se aproxima, colando uma testa a outra-obrigada por não me deixar morrer.

-De-De nada, nada mesmo- talvez a aproximação não seja um problema para ele.

Terminei tudo e ele falou que ia tomar banho, estava um frio desgraçado porém a chuva estava mais fina, quem sabe já ia acabar e ele poderia ir embora.

Droga, ele ia embora e eu ainda não o convenci de não matar o pai.

O russo entrou rapidamente no banheiro , demorou um tempo por lá e então eu assistia um dos filmes de Rambo enquanto fumava um cigarro.

Escutei uns clicks, algo pesado sobre a pia do banheiro e lembrei, a droga da arma está lá. 

Corri e abri a porta, pensei que estaria trancada mas tentei, não estava. Ele estava de toalha de frente ao espelho limpando a porcaria da arma. Peguei uma peça que não identifiquei. 

- Que porra Theo? O que está fazendo?

-Arma não-Disse.

Ele riu.

-Não vou te machucar. Acha que te machucaria?

- Não é isso-Me afastei em direção a porta-não quero que você vá embora-Ele riu de lado- ou  que mate seu pai-O sorriso se desfez, ele se aproximou e me afastei de costas, ainda o encarando.

- Não se mete nisso-mandou .

-Porfavor, você não precisa se rebaixar ao nível dele, Boris, você é tão legal, divertido, okay Que você quase me fez ter um infarto da forma que chegou na minha vida, quero que continue nela-Isso o fez parar mas eu ainda dei uns passos para me distanciar e senti a cama atrás de mim.

chuva no desertoOnde histórias criam vida. Descubra agora