Capítulo 13 - Mais do que Simplesmente Invisíveis

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O dia havia começado de uma forma muito agradável.
Eu havia acordado e descido para tomar o café da manhã na mesa da Corvinal. Depois, a caminho do Salão Comunal (estava indo pegar os livros para fazer os deveres de casa), Luna me pegou pelo braço e me puxou, fazendo com que eu descesse a escada com ela.

– Não, nada de estudar hoje - disse ela, fingindo estar com raiva.

– Mas Lu... - usei seu apelido para tentar fazê-la mudar de ideia - Eu tenho que adiantar o trabalho de Adivinhação.

– Não. Você pode fazer isso depois - Luna continuou me puxando escada abaixo.

– Pode, pelo menos, dizer aonde a gente está indo? - perguntei, desistindo de tentar convencê-la.

– Não - ela sorriu - É surpresa.

Bufei. Odiava surpresas. Não porque eu não gostava da surpresa em si, mas porque eu odiava ficar sabendo da surpresa antecipadamente. Me deixava ansiosa e muito curiosa.

Luna me guiou pelos arredores de Hogwarts e começou a seguir em direção à Floresta Proibida.

– Luna... - chamei, em tom de alerta.

– Relaxa, não vamos muito longe - disse ela.

– Às vezes eu acho que não são só os sonserinos e o trio de ouro que gostam de quebrar as regras - disse, sorrindo.

Ela se virou e fez uma careta brincalhona, mas continuou andando.
Andamos por entre as árvores por alguns minutos, e encontramos uma manada de Testrálios.

– Está vendo eles? - perguntou Luna, sorrindo.

– Sim - disse, sorrindo também.

– Sério? Achei que fosse a única - disse ela, um brilho em seus olhos.

– Estamos juntas nessa - disse, colocando a mão em seu ombro - Mas por que me trouxe aqui?

– Ah, eu gosto muito deles - disse Luna - E sei que você ama Criaturas Mágicas, então achei que seria legal. Você parece sempre tão concentrada nas aulas...

– Eu amei! - exclamei, abraçando ela - Obrigada.

Nós nos aproximamos devagar dos Testrálios para não assustá-los. Eles não demoraram muito para se acostumarem e até gostarem da nossa presença.
Infelizmente, por serem invisíveis a muitos, eles não recebiam tanta atenção. Então Luna e eu decidimos que os visitaríamos todo final de semana, como uma tradição.

– Acho que ele quer que você o monte - disse Luna, percebendo que o Testrálio na minha frente havia se abaixado.

– Mas eu... - hesitei - Eu não sei cavalgar. Desculpa, amiguinho.

Olhei para Luna. Ela me encarava, a expressão fechada.

– O que foi? - perguntei, pensando se havia feito algo de errado.

– Achei que fosse mais corajosa - disse ela - Não foi você que ajudou a salvar Sirius Black?

– Eu sei o que eu fiz - disse - Mas ainda não sei cavalgar.

– Cansei dessa sua desculpa - disse Luna, vindo na minha direção - Vamos, eu te ajudo.

Subi nas costas do Testrálio e ele ficou de pé, me fazendo ter medo de cair logo no primeiro balanço.

– É bem simples - disse ela - Você não vai ter que fazer quase nada. É só apertar a barriga dele um pouco para andar e guiá-lo para onde você quer ir.

Ainda com medo e me segurando com todas as forças, fiz o que ela havia sugerido. Ele começou a trotar calmamente, sentindo que eu estava insegura.
Demos algumas voltas nas árvores e comecei a ganhar um pouco de confiança. Percebendo isso, o Testrálio começou a cavalgar mais depressa até que, de repente, alçou voo.

Me segurei ainda mais forte e apertei as pernas nele para que eu não caísse. Podia ouvir Luna comemorando lá embaixo mesmo na altitude em que estávamos.
Ele voou um pouco, dando algumas voltas e fazendo um passeio tranquilo. Finalmente pude sentir, talvez exatamente, o que Harry havia sentido no ano anterior no voo com Bicuço.

Depois de alguns minutos, o Testrálio pousou suavemente e se abaixou para que eu pudesse descer.

– E aí? - perguntou Luna - Como foi?

– Incrível! - disse - Assustador, mas incrível. Obrigada, companheiro.

Ele relinchou e se aproximou para que eu fizesse carinho em seu focinho.

– Acho que ganhou o direito de dar um nome a ele - disse Luna - Algo em mente?

– Hum... - disse, olhando para ele - Preciso admitir que me sinto inclinada a chamá-lo de Blackjack.

Mais uma vez, o Testrálio relinchou. Parecia ter gostado do nome.

– Tudo bem - disse - Blackjack então.

Logo voltamos para o castelo. A caminho do Salão Comunal, vi vários alunos com os famosos buttons que diziam "Potter Fede".

Passei pela aldrava pensando que não poderia ver mais nenhum desses na minha frente, senão iria explodir.
Luna entrou para o nosso dormitório e eu comecei a trabalhar no meu trabalho de Adivinhação.

Mais tarde, Felicity entrou e jogou um button na minha mesa.

– Aí, para você - disse ela.

Essa garota era realmente a escória da Corvinal.

– Já chega! - me levantei e apontei a varinha para a minha garganta - Quero que todos prestem muita atenção!

Todos os alunos que estavam no Salão Comunal naquela hora, olharam diretamente para mim.

– Eu amo nossa casa. Mas são coisas assim - disse, pegando o button - Que fazem eu sentir vergonha de ser corvina. Agora, se vocês acham que o Harry deu um jeito de se inscrever no Torneio Tribruxo, vocês não são nada inteligentes.

Um burburinho começou. Felicity me olhava com desgosto.

– Com um ano, ele perdeu os pais, em uma noite em que ele também poderia ter morrido. Por um milagre, ele sobreviveu e derrotou Voldemort, e vocês puderam descansar a cabeça no travesseiro em paz enquanto ele sofria com os tios - disse - Quando ele finalmente veio para Hogwarts, passou a sofrer um atentado contra sua vida a cada ano. Então, se vocês acham que esse garoto se esforçaria para ter mais chances de morrer, estão muito enganados. Isso tudo foi armação de outra pessoa, e logo vão saber quem.

Peguei meus livros e me tranquei no dormitório.

– Você foi ótima - disse Luna.

– Você ouviu?

– Todo mundo ouviu - ela disse, sorrindo.

– Tem certeza de que fui bem? Acho que posso ter exagerado um pouco - disse - A raiva tomou conta de mim.

– Eu poderia ter falado alguma coisa, mas não chegaria nem perto disso - disse Luna, brincando com sua varinha - As pessoas te escutam. Isso é bom.

– Deveriam escutar você também.

– Tudo bem. Não me importo com isso - disse ela, dando de ombros - Já me acostumei.

– Você não devia se acostumar com as coisas ruins, Lu - disse, abraçando-a.

Ela me abraçou de volta, e me senti feliz por poder estar lá com ela.

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