Capítulo 3

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Não tem nem uma semana que estou aqui e já vou viajar, não estou reclamando, afinal, vou conhecer outro estado, mas, mesmo assim, tudo parece irreal.

É como se algo estivesse errado, não "errado", mas algo estivesse fora do lugar. É como se não fosse minha própria realidade, é difícil acreditar que estou realizando um dos meus maiores sonhos.

Mas essa sensação não tira minha animação, na verdade, mal posso esperar pra chegar no Rio Grande do Sul. Uau, vou poder visitar estádios enormes, de times gigantes, e ainda ganhar pra isso.

É, trabalhar num time tem seus benefícios.

Acho que eu deveria ir tomar café da manhã logo, já que já tomei banho.

Levantei do sofá e fui em direção a cozinha. Abri a geladeira, peguei iogurte, pão e manteiga.

Tô com preguiça o suficiente para não fazer café, sem contar que vai estragar.

Peguei uma faca e comecei a passar de uma extremidade a outra do pão, abri o pote de manteiga e coloquei a faca ali, fui passando delicadamente a manteiga no pão.

Coloquei a faca em cima da mesa e comecei a comer o pão.

Quando terminei meu café da manhã — e terminei de lavar a louça — me dirigi até o quarto e dei uma olhada no que faltava na mala.

Peguei tudo que precisava e coloquei os documentos e a passagem na mochila.

Faltava pouca coisa.

Apaguei as luzes do apartamento e comecei a descer, ajeitei a mochila de forma que as alças ficassem cada uma sobre um ombro.
Cheguei no térreo e entreguei a chave ao porteiro.

Quando cheguei na frente do prédio, não acreditei no que vi.

  — Eu falei que não precisava, mas você é insistente. — olhei pela janela do banco do lado do motorista que estava aberta.

  — Bom dia pra você também. — ele destravou a porta — Entra aí.

  — Bom dia!

  — Agora sim o dia tá bom. — ele deu aquele sorriso tímido.

Aguentei não. Rapaz, por quê?

Virei o rosto pro lado para que ele não visse o sorriso bobo que se formou no meu rosto.

Puta que pariu, Analice tu não era assim não. Não pode perder a pose.

  — Preparada para o primeiro jogo?

  — Não. — nós rimos — Quando o assunto é futebol e se trata do Flamengo o meu lado agressivo fala bem alto. É bem provável que vocês me vejam gritando, falando palavrão, dançando, roendo a unha. Coisas desse tipo.

  — Quem sou eu pra te julgar?

  — Tu lembra da primeira vez que tu pisou no Maracanã? — olhei de relance para ele.

  — Lembro, foi mágico, estar no meio daquela torcida imensa. Mas a primeira vez jogando no Maracanã é uma outra história, ouvir a torcida cantar ali pra te apoiar, cara, ó, fico todo arrepiado. — apontou para o braço esquerdo.

  — Deve ter sido inesquecível mesmo. É incrível e bizarro ao mesmo tempo saber que mais de quarenta milhões de pessoas estarão apoiando a gente e torcendo pela mesma coisa.

  — Verdade né, alguns países nem tem essa quantidade de pessoas. Bizarro. Tu tá se adaptando bem aqui?

  — Bom, é uma cidade maravilhosa, como diz a música, e muito grande, talvez eu demore um pouco pra me acostumar com o fato de que as coisas aqui são diferentes. Eu gosto daqui, gosto da energia, das pessoas. Mas eu sinto falta dos meus amigos, da minha família, da minha casinha. — dei um meio sorriso.

With love, for u | M. Thuler™Onde histórias criam vida. Descubra agora