Opostos

Valentina

Eu acordei com muita dor no abdômen e o Ian estava sentado ao meu lado

Valentina: Ian

Ele veio até mim rápido e sorriu

Ian: como se sente?
Valentina: como está o bebê?
Ian: você tomou duas facadas, o bebê impediu que elas atingissem seus órgãos e você não morreu, mas ele infelizmente não resistiu
Valentina: meu bebê morreu?

Senti uma coisa na minha mão e quando olhei era o colar de conchas que tinha dado para o Edmundo

Valentina: cadê o Edmundo?
Ian: o Edmundo veio conversar comigo e me pediu para levá-la de volta ao reino do fogo
Valentina: pq?
Ian: ele não quer mais
Valentina: o que?
Ian: ele está se culpando muito pelo que aconteceu
Valentina: onde ele está?
Ian: eu não o vejo desde o dia do ataque
Valentina: que foi?
Ian: hoje faz três dias, ele foi viajar
Valentina: ele me deixou?
Ian: sim

Meu mundo tinha desmoronado todo de uma só vez e eu estava tão triste que não tinha vontade de nada, nem para chorar. Demorei 15 dias para melhorar completamente, nesses dias eu não comi, não sai do quarto e não chorei. A Tatiana arrumou todas as minhas coisas para partir e eu fui me despedir dela antes de ir

Valentina: Tatiana eu queria agradecer, você foi uma ótima amiga no tempo que eu estive aqui
Tatiana: foi um prazer trabalhar com a senhora, e eu sinto muito belo bebê e também pelo Edmundo
Valentina: obrigada

Abracei ela e entrei na carruagem com a ajuda do meu irmão. Eu fiquei olhando a janela no caminho e não disse nada o tempo todo

Ian: como está se sentindo?
Valentina: bem

Ele sentou ao meu lado e pegou minha mão

Ian: não me importo de você chorar
Valentina: não quero chorar
Ian: quer sim

Os meus olhos começaram a arder e as lágrimas desceram com tanta força que eu não conseguia segurar mais. Ele me abraçou apertado e não me soltou

Ian: vai ficar tudo bem, eu estou com você
Valentina: qual era o sexo do bebe?
Ian: era um menino

Eu chorava tanto que a camisa dele ficou encharcado

Ian: você ainda tem uma longa vida irmã, vai ter muitos filhos
Valentina: eu não quero viver mais, não tenho mais nada
Ian: não diga isso
Valentina: o Edmundo me deixou, meu bebê morreu

Chorei tanto que dormi, acordei na minha antiga cama e a Gabriele estava sentada na cama ao meu lado

Gabriele: oi
Valentina: oi

Ela me abraçou e ficou fazendo carinho no meu cabelo

Gabriele: eu estou com você

Chorei por cinco dias seguidos e no sexto consegui levantar da cama, no sétimo desci para tomar café e no oitavo caminhei no jardim com a Gabriele, no nono dia brinquei com o Davi a tarde toda e no décimo dei o primeiro sorriso

Ian: olá irmã
Valentina: oi
Ian: vou até a vila vizinha, você quer ir comigo?
Valentina: pode ser

Nós fomos até lá e ele ficou conversando com alguns fazendeiros e eu fiquei sentada em baixo de uma árvore esperando. O dia hoje estava bem quente e meu vestido era de mangas curtas pela primeira vez em meses e eu sentia falta disso. O ar fresco balançava meu cabelo e eu fiquei olhando aquele colar de conchas por um bom tempo, ele me trazia lembranças então decidi jogar fora. Tinha um rio que passava por lá e eu o joguei bem lá no meio e sai sem olhar para trás

Ian: vamos Valentina

Nós visitamos três vilas aquele dia e voltamos na hora da janta para o palácio

Valentina: olá amiga
Gabriele: como você está?
Valentina: bem, fui visitar umas vilas com o Ian
Gabriele: isso é ótimo, nós podemos conversar depois do jantar?
Valentina: claro

Depois do jantar ela veio no meu quarto e deitou comigo na cama

Gabriele: eu tenho que te dizer uma coisa mais estou enrolando a alguns dias pq não sei como dizer depois de tudo que você passou
Valentina: você está grávida?
Gabriele: sim
Valentina: amiga isso é maravilhoso, eu estou muito feliz por você
Gabriele: jura?
Valentina: lógico que sim

Ela ficou me falando sobre a preparação do quarto do bebê e tudo e mesmo eu estando extremamente feliz por ela aquilo me deixava chateada. Assim que ela saiu do quarto tirei meu vestido e fui para o banheiro tomar banho, em quanto a banheira enchia eu me olhei no espelho de lado e minha barriga já tinha voltado ao normal, agora só tinha três pequenas cicatrizes de onde a faca entrou e eu comecei a chorar, chorei o banho todo pensando no pq o Edmundo tinha me deixado quando eu mais precisava dele, pensando no que ele estaria fazendo e em como nossa vida poderia ter sido maravilhosa