Opostos

Valentina

Os dias sem o Edmundo aqui eram péssimos e eu tentava me ocupar com qualquer coisa para não ficar atoa. Já tinham passado 15 dias e a Gabriele veio me visitar

Gabriele: nossa que saudade

Ela me abraçou apertado e eu sorri para sua enorme barriga. Sentamos para tomar um chá e ela ficou me contando como estava as coisas no reino do ar e me contou várias fofocas

Gabriele: como você está?
Valentina: com saudades do Edmundo
Gabriele: ele mandou alguma carta?
Valentina: sim, faz uns dois dias e disse que está tudo bem
Gabriele: ele deve voltar logo
Valentina: e o Joaquim?
Gabriele: ele é a cópia do Thomas em tudo, os dois andam juntos o dia inteiro e agora ele aprendeu a fazer um tornado
Valentina: um tornado?
Gabriele: você tem que fez o estrago que ele faz no quarto, joga tudo no chão
Valentina: uma hora ele vai cansar
Gabriele: tomara, não quero que ele use isso para o mal e nem para punir as pessoas
Valentina: punir as pessoas?
Gabriele: você já viu o Edmundo congelando alguém?
Valentina: sim, não foi nada agradável
Gabriele: um morador da vila ficou revoltado e disse coisas horríveis para o Thomas em uma audição que tivemos e ele só com os olhos tirou todo o ar do homem e o matou asfixiado
Valentina: sério?
Gabriele: foi a coisa mais horrível que já vi, ele estava lá e não conseguia respirar
Valentina: por isso você veio para cá?
Gabriele: sim, nós brigamos
Valentina: mas você acha que foi sem necessidade?
Gabriele: não, o homem me ameaçou
Valentina: ele estava te protegendo
Gabriele: os olhos dele ficaram cinza quase transparentes e foi assustador
Valentina: você pode ficar quanto tempo quiser
Gabriele: só vou ficar uns dias, o Joaquim ficou lá
Valentina: ele é um bom menino e vai ficar bem

Olhei para o Henrique e ele colocou fogo na bola de futebol e chutou para o Frederico

Gabriele: fogo?
Valentina: nós decidimos não contar para ninguém, ele ficou arrasado
Gabriele: mas como?
Valentina: não sabemos, só aconteceu

Ela ficou uma semana comigo e depois partiu. Eu estava bem ocupada cuidando de alguns problemas simples do reino e das crianças então nem via a hora passar

Henrique: mamãe
Valentina: sim
Henrique: você acha que é possível alguém ter o dom da água e do fogo?
Valentina: claro que não, isso seria impossível
Henrique: eu meio que... não sei explicar

Ele veio até mim e colocou um copo de água congelado na mesa

Valentina: você fez isso?
Henrique: acordei hoje de manhã com muito frio e fui tomar banho mas a água começou a ficar insuportável de quente e eu já estava soando, então me sequei e peguei um copo de água, aí está ele

Fiquei parada olhando para ele e para o copo por um longo tempo com a boca aberta

Valentina: filho... eu... eu não sei o que dizer
Henrique: o que tem de errado comigo?

Ele olhou para as mãos e depois para mim

Valentina: você consegue congelar algo novamente?
Henrique: como?
Valentina: pegue isto

Dei um peso de papel para ele e me levantei

Valentina: como você colocaria fogo nisso?

Ele acendeu uma chama e o porta papel começou a queimar

Valentina: agora faça a mesma coisa, mas não pense no fogo e sim na água

Ele demorou uns dois minutos e então o impossível aconteceu. As chamas foram se tirando fumaça ao serem apagadas pela água que saia das mãos dele. Ele jogou o porta papel no chão e nós dois ficamos sem dizer nada por muito tempo

Valentina: vamos esperar seu pai voltar para contar para ele, consegue guardar isso em segredo?
Henrique: sim
Valentina: chame seu irmão para mim

Ele saiu e pouco depois o Frederico entrou na sala

Frederico: me chamou?
Valentina: preciso testar uma coisa com você

Eu fiz o mesmo teste com ele e a mesma coisa aconteceu

Frederico: o que está acontecendo?

Meus dois filhos herdaram o poder de controlar a água e o fogo. Isso jamais tinha acontecido em toda a história e eu tinha medo de qual reação poderia causar as pessoas quando descobrissem