Opostos

Edmundo

Eu não queria dizer para a Valentina mas a coisa aqui estava bem feia. Eu não estava ferido mas nós tínhamos descobrindo quem era a cabeça por trás dos rebeldes e eu pretendia pegar o homem o mais rápido possível

Sam: senhor eles se renderam

Nós tínhamos feito um cerco em volta do acampamento de soldados do pequeno reino que estávamos e já fazia três dias que eles insistiam

Edmundo: ótimo, vamos até lá

Fui até o campo e um homem estava amarrado no chão de joelhos

Sam: é o líder desses soldados

Fui até ele e o homem estava apavorado me olhando

Edmundo: não preciso machucar você, basta me ajudar com o que preciso
xxx: sou somente um soldado senhor, meus homens e eu servimos ao rei Dominic e ele nos deixou aqui a um mês sem armas, comida e muitos homens já morreram
Edmundo: quero saber onde encontrar esse tal rei
xxx: ele vive nas montanhas ao norte, está no castelo dele trancado
Edmundo: ótimo

Levantei e fui saindo

xxx: vai nos matar?
Edmundo: vocês não nos atacaram, não trabalharam em nada então não vejo motivo para isso
xxx: podemos servir ao senhor, somos um pequeno grupo mas sabemos lutar

Olhei para o Sam e ele balançava a cabeça negativamente

Edmundo: vou pensar

Voltei para a tenda e me sentei

Sam: o senhor não está pensando em fazer isso está?
Edmundo: o que você acha?
Sam: eles vão nos trair na primeira oportunidade
Edmundo: são poucos homens, não vão fazer um grande estrago
Sam: senhor
Edmundo: vamos mantê-los como prisioneiros até o próximo ataque e veremos como eles se comportam

Nosso exército caminhava rápido e eu já tinha conquistado dois reinos, faltava apenas um e o terreno complicava tudo

Sam: mantei um cavalheiro até lá e ele deve voltar logo com informações

Um homem entrou na tenda com uma carta e me entregou

Edmundo: podem sair agora

Todos saíram e abri a carta. A letra da Valentina era bem desenhada e a carta era gigantesca. Ela dizia o quanto estava com saudades a cada duas linhas, me falou sobre as crianças e disse que estava começando a ficar frio e que quando eu voltasse nós ficaríamos uma semana enfiados em baixo das cobertas sem ver a luz do sol. Eu sorri pensando em como seria aquilo e estava ansioso para voltar. No final ela dizia o quanto me amava e me pedia para voltar inteiro como eu tinha prometido. O cavalheiro voltou no final do dia com notícias, disse que o exército deles era bem grande e que já estava todo preparado para um ataque

Sam: não podemos só ir atacando
xxx: o terreno é bem íngrime, eles tem muita vantagem
Edmundo: nós podemos pegar eles por trás e fazê-los descer
Sam: e como faríamos isso?

Expliquei minha ideia e ela era meio absurda mas não tinha outra melhor. O dia da batalha final chegou e nós avançamos, foi uma luta bem feia e perdemos muitos homens mas conseguimos chegar até a porta do castelo

Edmundo: Ele vai ter que sair daí alguma hora

Conseguiu os derrubar os portões depois de três dias e assim que entramos o homem estava em pé na sala do trono olhando para a janela

Dominic: você demorou para chegar até aqui
Edmundo: você está por trás dos rebeldes que andam atacando meu reino
Dominic: somos homens gananciosos, você quer o mesmo que eu
Edmundo: a diferença é que eu consegui

Ele sorriu e se virou para mim. O homem parecia tanto a minha mãe que era assustador

Dominic: acho que não fomos apresentados devidamente

Ele caminhou até mim e pegou minha mão

Dominic: sou seu tio

Fiquei olhando para ele sem piscar

Dominic: sua mãe era minha irmã mais nova

Ele foi até o trono e se sentou

Dominic: ela era uma menina encantadora, vivia cantando pelos cantos e não havia uma pessoa que não a amasse, exceto seu pai

Os olhos dele demonstravam uma irritação muito forte

Dominic: eu implorei para ela voltar para casa mas ele não deixava e sabe por qual motivo?

Não respondi e ele continuou

Dominic: por causa dessa linhagem ridícula de Reis da água e eu pretendo acabar com isso para sempre
Edmundo: por isso você matou meu filho
Dominic: ah sim, foi um prazer fazer aquilo

Achei que meus dentes iam quebrar de tanto que eu apertava o maxilar

Dominic: mas não obtive sucesso
Edmundo: eu não sou meu pai
Dominic: seu pai era um garoto como você, um sonhador e ele caiu de amores pela minha irmã no começo, mas isso mudou quando ele se tornou um jovem ganancioso como você está sendo agora
Edmundo: cala a sua boca
Dominic: ou vai fazer o que? Congelar meu coração? Não tenho medo de morrer, a minha consciência está limpa
Edmundo: ótimo então

Eu o prendi no trono com correntes de gelo e fui caminhando até ele com o coração cheio de ódio

Edmundo: você não tem ideia da merda que fez
Dominic: consegui o que queria, afinal seus filhos dominam o fogo não é? É o fim dos Reis da água

Enfiei a faca na garganta dele e sangue começou a escorrer para todos os lados. Tinha acabado e agora aquelas terras eram minhas

Sam: senhor os prisioneiros foram muito úteis
Edmundo: solte eles, faça o inventário do castelo e suma com esse corpo da minha frente

Puxei a faca e caminhei até os fundo do castelo. Ele dava para o mar, o sol estava se pondo no horizonte e ele tinha um alaranjado que me lembrava os olhos da Valentina