Edmundo

1.3K 140 0
                                    

A porta abriu e as duas garotas entraram, eram as mesmas de sempre mas eu não sabia o nome delas

xxx: majestade quanto tempo

Elas começaram a se beijar na minha frente mas eu não senti a menor atração. Fiquei sentado com a mão no rosto entediado e as mandei sair

Edmundo: droga

Andei pelo quarto, deitei na cama, andei mais um pouco, sentei na escrivaninha e depois deitei de novo. As noites eram todas assim desde que ela partiu. Quando o sol nasceu eu estava olhando a janela e sentindo a falta dela, fiquei lá até a hora de tomar café da manhã então desci e fiquei olhando para o prato igual fazia todos os dias

xxx: majestade eu trouxe bolo, sei que o senhor gosta
Edmundo: obrigado
xxx: algum problema com a comida? Você não toca em nenhuma refeição a dias
Edmundo: não, eu só estou sem fome

Comi um pedaço do bolo para não fazer desfeita e fui para meu escritório. Agora que os rebeldes tinham acabado as coisas voltaram ao normal e eu só tinha que aturar os nobres chatos. Arrumei um conselheiro novo, ele se chamava Erik e tinha sido meu professor

Erik: o senhor tem um baile para ir
Edmundo: não vou
Erik: é no reino da terra
Edmundo: piorou
Erik: precisa se animar majestade
Edmundo: vou dar uma volta

Sai caminhando pela vila e fiquei sentado no Porto observando os barcos. Um garoto parou ao meu lado e ficou me olhando

Edmundo: o que foi?
xxx: você é o rei?
Edmundo: sou
xxx: as outras crianças contaram que você fez um barco de gelo super legal para elas, eu posso ter um também?
Edmundo: claro

Fiz um barco idêntico ao que estava atracado e ele agradeceu e foi correndo sorridente

xxx: majestade
Edmundo: sim
xxx: gostaria de agradecer pela forma que cuidou da nossa vila no último ataque, ninguém se feriu
Edmundo: não foi nada
xxx: boatos de que sua esposa está grávida
Edmundo: são falsos

Eu levantei, arrumei minha roupa e voltei para o castelo. Fui até a praia e entrei na água, ela estava agitada e eu nadei até tão longe que o castelo parecia uma miniatura. Fiquei lá boiando e pensando na minha vida até começar a escurecer depois fui dormir sem nem me dar o trabalho de jantar. Um mês se passou e o Ian teve que vim me visitar

Ian: oii, como você tá?
Edmundo: bem

Fomos para meu escritório e ficamos decidindo o projeto de algumas vilas nas áreas destruídas pela guerra, a ideia era trazer vida de volta para aquelas regiões

Ian: vamos dar um baile, você deveria ir
Edmundo: não
Ian: é aniversário da Valentina
Edmundo: eu não vou
Ian: você ainda é marido dela
Edmundo: vou arrumar os papéis do divórcio
Ian: você está feliz com isso?
Edmundo: sim
Ian: você mente mal

Ele ficou acendendo e pagando uma vela com as mãos

Edmundo: como ela está?
Ian: fingindo que está tudo bem, mas no fundo todos sabemos que está arrasada
Edmundo: entendi
Ian: você ama ela?

Eu encostei na cadeira e olhei para ele

Edmundo: isso não importa
Ian: para ela importa
Edmundo: ela foi sequestrada, foi esfaqueada e perdeu o bebê, tudo por minha culpa, o líder daqueles merdas era meu conselheiro
Ian: não tinha como você saber
Edmundo: eu já suspeitava, devia ter mandando prender ele antes
Ian: agora já foi
Edmundo: você não entende, seu filho está lá crescendo, o meu está morto e eu jamais conseguiria olhar para a Valentina depois disso
Ian: tudo bem

Voltamos a discutir sobre a vila mas eu só pensava na Valentina. Ela tomava conta dos meus pensamentos o dia todo e a noite também

Médico: majestade

Ele entrou no meu escritório e sentou na minha frente

Edmundo: o que devo a visita?
Médico: vim ver como o senhor está
Edmundo: eu estou bem
Médico: tem dormido?
Edmundo: não
Médico: comido?
Edmundo: não muito

Ele me examinou e sentou de novo

Médico: vou te dar um chá para dormir
Edmundo: não precisa
Médico: para de ser teimoso, sei que anda deprimido
Edmundo: eu estou bem
Médico: é normal se sentir assim depois do que você passou, não precisa ficar com vergonha de assumir

Comecei a tomar o chá a noite e ele era tão bom que me fazia dormir até mais do que devia. Eu acordava tarde todos os dias agora e isso era bom pq o dia passava mais rápido e a minha vida parecia menos chaga e rotineira

Erik: senhor nós devemos pedir para o Walter abaixar os impostosp de novo, ele aumentou pela terceira vez esse mês
Edmundo: com qual justificativa?
Erik: nenhuma 
Edmundo: chame ele aqui 

O homem chegou chato como sempre e se sentou na minha frente

Walter: majestade obrigado pelo convite
Edmundo: Quero saber qual o motivo do aumento dos impostos
Walter: o banco foi muito destruído com o último ataque e nós precisamos de uma reforma
Edmundo: o banco não foi nem arranhado
Walter: claro que foi
Edmundo: eu não autorizei isso
Walter: mas...
Edmundo: acho que o banco precisa de um novo diretor, Erik faça uma lista de possíveis candidatos
Walter: mas senhor
Edmundo: você está roubando dinheiro e acha que eu sou idiota?
Erik: falei com uma pessoa do banho e tive acesso aos gastos que o senhor vem tirando por fora
Walter: é falso isso
Edmundo: guardas podem prender ele

Eles levaram o homem preso e o resto do dia fiquei na função de achar um novo diretor. A noite chegou e eu tomei banho e fiquei na cama jogado lendo um livro até que dormi. Se passaram mais dois meses e a falta da Valentina me consumia, eu não conseguia dormir nem com aquele chá mais e meu humor estava péssimo. Fui até a vila falar com um marinheiro e decidi viajar com eles por alguns meses para distrair a cabeça

OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora