A perdição de Ava

CAPÍTULO 4

A confusão na qual Elijah a metera como o inconsequente que se mostrara ser, exigiria que ela tomasse as devidas medidas. Pelo menos, fora no que preferira acreditar na esperança de acalentar os temores danosos que poria fim no momento em que propusesse o acordo de que havia falado para Dominique.

As más decisões do marido forçaram Ava a abdicar de sua honra para recorrer a última pessoa que esperava precisar um dia. Aquilo era tortura, e a estava matando lentamente.

A viscondessa optara por sentar-se, convidando-a a fazer o mesmo de maneira que ficassem uma de frente para outra no estofado vermelho de dois lugares. Os olhos cor de relva emoldurados por cílios escuros e espessos, a sondavam em expectativa, aguardando pacientemente por suas palavras. O perfume almiscarado de Dominique possuía um leve toque de suor, contrapondo o frio que ondulava pela saleta e as envolvia.

Ava estremeceu com o olhar compenetrado dela, refreando o impulso de afastar-se dado que precisava ficar, e convencê-la a ajudá-la.

__ Temos tempo até o amanhecer.__ Dominique a encorajou, parecendo realmente interessada em saber mais sobre o tal acordo, descartando as luvas de pelica no colo.

Os olhos verdes tornaram a analisá-la silenciosamente, atentando-se exclusivamente à ela e a sua proposta.

O ar tornou-se mais pesado ao passo que Dominique fazia sua avalição de modo direto, sem restrições ou decoro. Ava mordeu o canto interno da bochecha, tentando não sucumbir a tentação de reprimi-la pela falta de tato.

Encarar as pessoas de forma tão aberta não era nem um pouco cortês. Sua progenitora não a alertara quanto àquela conduta inadequada?

__ Estou exausta, Sra. Santley. Poderia ir direto ao ponto?__ A mulher loura pediu num muxoxo que evidenciava sua insatisfação com o silêncio mórbido dela.

__ É claro.__ refutou, ligeiramente retraída por estar fazendo papel de tola.__ Não desperdiçarei mais um segundo de nosso tempo, perdoe-me.

Dominique aquiesceu, não se preocupando em disfarçar o suspiro de alívio que lhe escapou.

__ Faça isso, minha senhora.

Ava definiria aquela eventualidade como a mais impertinente de todas. A proposta ficara na garganta, entalada como um pedaço de bolo seco, fazendo-a despretensiosamente levar as mãos para o colo escondido sob a camisola rendada.

__ Você tem o dinheiro de que preciso para recuperar minha casa, e eu, a influência necessária para beneficiá-la, se assim desejar.__ Ela falou pausadamente, sentindo-se mais leve ao apresentar o esboço do acordo.

Trentworth House fora a casa onde crescera, a única que reconhecia como sua. Ela faria de tudo para reaver a propriedade que os seus pais tão generosamente haviam entregue aos seus cuidados. Ava não a perderia pela irresponsabilidade de Elijah, aquilo não era negociável.

Os vitrais coloridos do hall de entrada estavam ali desde que ela se entendia por gente, juntamente com a equipe de criados que permanecera ao seu lado apesar da partida dos condes. Como ficariam se Trentworth House fosse vendida? E as suas famílias?

__ Sim?__ Dominique atrapalhou sua linha de raciocínio, desconcertando-a.

__ Em troca do dinheiro, ofereço-me para encontrar um cavalheiro à sua altura nessa temporada. Tenho uma boa relação com o meio social, e sei que a senhorita não...