6. Run

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Cavalgando sobre Duquesa com seu arco nas costas em direção ao interior da floresta, Park Jimin pensava em tudo o que passou em sua existência ao longo dos anos. Existência um pouco patética essa.

O não tão mais pequeno ômega sempre desconfiara que, de alguma forma, ele era diferente das outras pessoas, mesmo que seus progenitores nada nunca tivessem o contado. Era esperto, sabia detectar quando havia algo errôneo.

Ele só não sabia o quanto essa diferença afetaria sua vida, e tudo mais o que estava ligado a ele próprio. 

Tomar um líquido de cor estranha todos os meses, na mesma data, ajudava a descobrir que tinha algo de errado consigo. Claro, poderia ser algo simples, caso o menor não conseguisse sentir que toda vez que eu tomava a poção seu cheiro diminuía, logo após de ter aumentado, alguns dias antes. Estava óbvio que queriam reduzir a intensidade do aroma proveniente do acastanhado; ele só não sabia porquê.

Além disso, o contato humano inexistente com outros humanos — Exceto seus pais e sua madrinha — e o isolamento constante também denunciava uma anormalidade obstinada voltada a sua presença.

Sobre este último fator, Jimin nunca questionou a causa de sua falta de convívio com as outras pessoas, pois mesmo desejando muito, não queria que seus genitores achassem que não gostava do que eles o ofereciam na cabana que moravam ou que ele não estava satisfeito morando lá. Porque  estava, sempre esteve. E também via como eles se esforçavam para o deixarem alegre e contente, sempre sugerindo várias ocupações que o mantivessem ativo e entretido.

Tanto que mesmo que não conhecesse ninguém e não tivesse amigos, o ômega possuía uma rotina cheia. Eram tantas coisas que no fim do dia estava esgotado, apenas com energia o suficiente para se retirar até os próprios aposentos e dormir. Mas até que ele gostava. Porque com isso não teria tempo pra pensar no seu modo de viver estranho e um pouco retrógrado. Aquilo fazia-o sentir mais normal, mesmo que no fundo ele soubesse que não era. Talvez nunca fosse.

Além do mais, Jimin acreditava fielmente de que nunca poderia sentir falta do que nunca teve, — nesse caso, a aproximação com uma sociedade completa - mesmo que houvesse alguns momentos em que seguir esse mantra eram mais difíceis do que outros.

Almejou a interação com outras crianças, que lhe entendessem e pensassem igual a si, mas não tinha, e tudo bem. Ficaria tudo bem, enquanto possuísse os outros três do seus lado, que faziam de tudo pela sua felicidade — Mesmo que houvesse alguns limites. Eram uma família, e isso bastava.

Apesar de tudo, não era leigo, nem burro. Sabia como eram as coisas. Como as pessoas eram. A hierarquia da sociedade. Alfas em cima, betas abaixo e ômegas com menos que isso. Na realidade, Jimin não sabia dizer qual dos dois últimos estavam em pior estado — os dois eram tratados com algo parecido com desprezo, só que mais inferior. E não contribuía em nada se não fossem da alta classe, com títulos nobres — Algo que o ômega não tinha.

Também tinha ciência dos alfas lúpus. O topo da pirâmide. Vangloriados, quase endeusados. Não importava a classe social. Desde reis, até os mais simples, todas as famílias ficavam eufóricas com a chegada destes no mundo. Tratavam como uma benção.

Revirou os lumes. Que ironia.

Quando tinha onze, quase doze anos, Jiwoo e Soobin revelaram à ele do porquê de viver daquela maneira, e de todos os motivos possíveis, aquele de longe seria o último que passaria pela sua cabeça.

Ele era um lúpus.

Ômega lúpus, eles salientaram - Mesmo que Jimin já soubesse que era um ômega.

 Feelings |Jikook ABO|Onde histórias criam vida. Descubra agora