Capítulo 11

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Depois de um mês, eu e Allan ainda estávamos sofrendo com toda homofobia na escola, mas chegou ao um ponto que aquela "brincadeira" estava até mais pesada do que antes, enquanto nós dois não estávamos nos sentindo bem com todo aquele preconceito por boa parte da escola. Allan ficou pior do que eu imaginava que ia ficar, enquanto eu mesmo não sabendo lidar com toda aquela pressão da escola, não abaixei a cabeça eu não ligava para nada do que as outras pessoas falavam de nós dois juntos, para mim a única coisa que importava era meu anão loirinho.

Bom, para piorar as coisas fazia duas ou três semanas que Ana não ia para escola, nem eu e muito menos Allan sabíamos o motivo dela não ir. Mesmo assim, nós nos aproximamos do Brian, que acabou ficando bem amigo de nós dois nesse tempo difícil. Ele era de outra sala, mas ainda sim a gente sempre ficava junto no intervalo em um canto escondido das pessoas, não de todos mas da maioria das pessoas. Mas enquanto estávamos conversando eu vi algo que me deixou preocupado, Brian tinha marcas de cortes em seus braços, algumas cicatrizes pareciam mais recentes, na hora não falei nada e só esperei o intervalo terminar para conversar com ele sobre isso.

— Ei Brian. — Chamo ele puxando pelo braço. — Posso conversar com você?

— Sobre o que exatamente você quer conversar meu amigo? — Ele pergunta em seu tom sarcástico.

— Sobre... Por que você tá se cortando? — Pergunto preocupado com ele.

— Ah... Eu acho melhor não conversamos sobre isso aqui tá? Eu não estou a fim de conversar agora cara, desculpa. — Ele responde se virando de costas para mim e indo para sala.

— Então ok...

Mas quando vou chegando na sala eu me deparo com Allan no chão chorando e todo machucado, Brian também vê a cena e vai até o loirinho ajudar ele. Então vou correndo até os dois e começo desesperadamente a perguntar o que aconteceu com ele.

— Amor, pelo amor de deus me fala quem fez isso com você? Por favor... — Pergunto chorando enquanto abraço ele.

— Foram os meninos da nossa sala... — O baixinho responde gemendo de dor e com a cara vermelha de tanto chorar.

— Brian, fica com ele por um minuto, eu já volto.

— Ok, mas o que você vai fazer?

— Eu vou resolver essa porra de uma vez.

Então vou até a sala com sangue nos olhos e tão puto que queria bater em todo mundo daquela sala. Mas chegando lá já fui batendo o pé na porta sem pensar duas vezes enquanto todos ficaram com caras de surpresos com a cena.

— Ah chegou o outro viadinho hahaha. — Falou um dos alunos.

— Deixa ele em paz pelo menos caralho. — Uma das alunas respondeu.

— Quer tomar porrada que nem seu namoradinho também é?

Fico sem responder nada e continuo na calma pensando no que falar para eles, só esperando a reação deles.

— RESONDE SUA BICH... — Então antes dele terminar eu interrompo.

— Olha aqui, eu não sei e nem quero saber porque vocês fazem isso comigo e com meu namorado, é para chamar atenção? Então parabéns hein, vocês conseguiram. Ou é para tentar ter um reputação de bonzão? Bom... Eu já achava difícil você principalmente ter uma reputação né. Ou você queria se mostrar ser "homem"? Você pode ser qualquer coisa menos homem, porque ninguém gosta de pessoas como você, meu namorado, minha melhor amiga e qualquer outra pessoa é mais "homem" que você um dia foi. Você não tá na minha pele e na do meu namorado e nem sabe como é ter medo que andar na rua só pelo simples fato da minha orientação sexual ser diferente do que as pessoas consideram "normal". Nós temos muitos problemas para lutar ainda e a sua homofobia é um desses problemas. Então você não vai parar de falar essas coisa e nem vai encostar um dedo em mim ou no Allan, se não eu te quebro na porrada seu filho da puta. Isso vale para todos que participaram disso junto dele, entendeu agora?

— Beleza cara... Desculpa ai... — O valentão responde engolindo seco e abaixou a cabeça como se não quisesse nem olhar mais na minha cara na próxima vez.

Então sai da sala correndo para ver o meu loirinho na enfermaria, chegando lá estava ele, Brian e para minha surpresa a Ana estavam lá também. A primeira coisa que fiz foi abraçar Allan enquanto chorava em seu ombros, o baixinho limpou meu rosto cheio de lágrimas com seu dedo e então me beijou.

— Obrigado pelo que você fez por mim. O que fez por nós. — Falou o loirinho com a voz trêmula e enquanto algumas lágrimas caiam de seu rosto

— Eu faço qualquer coisa para proteger você meu amor. — Respondo entrelaçando nossos lábios novamente. — E Brian, obrigado por cuidar dele.

— Sem problema mano, eu gosto de ficar com vocês dois e foi bem legal o que fez hoje. Tenho orgulho de ser seu amigo.

— Valeu cara, também tenho orgulho de ser seu amigo.

Por algum motivo Ana não falou nada, muito menos falou do por que estar na escola só agora, então antes mesmo de pensar em dizer algo ela saiu da enfermaria rápido como se quisesse sair logo da escola. Então antes dela sair eu tento falar com ela, mas quando ela se vira eu só consegui ficar paralisado vendo a cara de assustada, preocupado e de quem estava sentindo muito dor só que não dizia nada.

— Ana... Tá tudo bem? — Pergunto a ela.

Ela acenou "não" com a cabeça e as lágrimas dela começavam a pingar no chão.

— Quer conversar?

— Sim... Mas não aqui... — Ela responde chorando e com voz trêmula

Eu não vou negar que eu fiquei bem preocupado com ela, óbvio que fiquei, mas fiquei com medo do que ela se sentia tão desconfortável, isso me deixava cada vez mais preocupado com ela. Sem contar no Brian e suas cicatrizes e o meu baixinho Allan. E mesmo não querendo isso, eu estava começando a perceber como as coisas só iriam piorar daqui pra frente...

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