Capítulo 13

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Alguns meses depois...

Enfim, época de natal, mês onde os panettones ficam o olho da cara, os brinquedos para crianças custam uma fortuna, porque aparentemente o brinquedo vem com ouro dentro, e não posso deixar de falar da ceia que acontece toda véspera natal na minha casa (o que vai acontecer novamente esse ano). Dessa vez eu vou levar Allan e os pais de Ana aceitaram passar o natal na minha casa também, então ela também vem obviamente.
Como estavamos no fim do ano da escola os professores nem se importavam mais com os alunos, acho que eles só queriam ir embora e tirar as tão sonhadas férias deles. Mas algo me chamou a atenção e também me preocupou (e muito). Brian pediu para professora sair da sala por estar passando mal e com dor em seu corpo. Ele não falava com nós já fazia algum tempinho, e começei a me preocupar mais ainda quando lembrei dos cortes em seu pulso. Eu só não sei porque ele não falou nada para mim...
Então pedi a professora para ir no banheiro, e por coincidência (ou não) lá estava Brian quase sentado se apoiando no vaso como se tive vomitado. Quando olho para ele eu só pensei em ir ajudar ele, mesmo que parecesse que não quisesse minha companhia.

— A-Alex? — Gagueja Brian, levemente para mim. — O que tá fazendo aqui?

— Eu fiquei preocupado com você. — Respondo.

— Não precisa se preocupar comigo, tá tudo bem. — Diz ele cansado e tentando se levantar.

— Brian...

— Tá tud... — Então antes de terminar a frase, Brian desmaia bem na minha frente.

Na hora, fui correndo até a diretoria avisar sobre o que aconteceu. Ele foi levado até o hospital rapidamente, mas no fim do dia os médicos disseram que ele estava bem, porém precisa comer mais e necessitava de um repouso obrigatório para ficar tudo ótimo no natal. No dia seguinte, eu chamei Brian para vir até minha casa, e não iria perder oportunidade de perguntar sobre os cortes no braço dele. Chamei Allan também, já que quase não passamos muito tempo juntos depois que o começou o período de provas finais.
Antes do almoço ficar pronto Allan já tinha chegado, já que ele não gosta nem um pouco de se atrasar, então aproveitamos um tempo a sós enquanto Brian não chegava. Nós dois almoçamos e depois fomos para meu quarto onde ficamos deitados juntos, ele em cima do meu peitoral e eu com braço por trás dele para segurá-lo. Assistimos Moderny Family, e quando notei Allan tinha dormido, mas deixei ele dormindo tranquilo.

— Amor. — Allan resmunga pra mim. — Brian já chegou?

— Ainda não vida, mas logo logo ele chega, eu acho... — Respondo.

— Hum... Tá bom, me dá um beijo?

— Tá carente? — Pergunto sorrindo para ele.

— Tô sim, vem deitar aqui comigo. — Ele responde todo manhoso e fazendo aquela carinha fofa dele.

Eu não resisto a fofura de Allan, e então deito junto com ele na cama. Mas antes que conseguissemos dormir a campainha toca. Era Brian na porta, eu deixei Allan na cama e desci para abrir para ele entrar. Falo para entrar e se sentir a vontade, soltando o famoso "¡mi casa, su casa!", então ele entra e já tira o sapato logo de cara. Eu aviso que Allan está no meu quarto dormindo, então ficamos na sala conversando, até que resolvo perguntar o que aconteceu ontem para ele.

— Brian... O que tá acontecendo com você? — Pergunto preocupado com ele e também como iria reagir com a pergunta.

— Olha Alex... eu não gosto de comentar isso com ninguém mesmo. Nunca quis que as pessoas soubessem disso. — Ele responde olhando para baixo e com um voz baixa.

— Você quer contar? — Pergunto.

— Tá... — Ele respira para ganhar coragem de contar. — Desde que meu pai se foi quando eu era pequeno as coisas tem sido difíceis para minha mãe. Ela já arrumou vários empregos, mas ai era demitida sempre, era como vai e volta.

— Nossa... — Respondo desanimado. — mais alguma coisa?

— Ai, para não ficar depressivo de novo ela começou a beber, agora é "normal" ela passar noites sendo dependente de uma cerveja ou whisky. — Brian responde de cabeça baixa com a respiração ofegante.

— Mas por que você se corta? Pergunto extremamente preocupado.

— Bom, eu sempre me culpei de ter fodido a vida minha mãe depois que meu pai morreu. — Ele responde com a voz trêmula. — Ela passava noites chorando sempre, não tinha dinheiro para sustentar nós dois e praticamente não tinha um emprego. Ela sempre se preocupou comigo e sempre pensou em mim, não importava o que acontecia, mesmo assim... eu me odeio por tudo isso. — Brian falando enquanto lágrimas escorrem por seu rosto.

— Não é culpa sua. — Respondo para ele.

— É sim Alex. Eu fui um peso para minha mãe, meu pai não tá aqui e eu não sei o que fazer mais. Caralho! — Brian responde levantando a voz e socando o chão. — Eu me corto porque assim essa dor alivia. Eu não tenho nada nem niguém agora.

— Isso é mentira. — Eu levanto a voz e respondo. — Você tem a mim, Allan, Ana e especialmente a sua mãe. Você não está sozinho Brian. Eu sei que é difícil perder alguém, realmente é muito difícil, mas você ainda tem pessoas que te amam, como eu. — Falo com a voz trêmula e quase desabando nos ombro de Brian.

— Alex, eu só não sei o que fazer. — Ele responde olhando para mim.

— Tá tudo bem, eu estou aqui para te ajudar. — Então eu abraço ele em meio as minhas lágrimas.

— Obrigado Alex, eu te amo. — Brian desaba no meu ombro e começa a chorar com se tivesse tirando um peso de suas costas.

— Só me promete não se cortar mais. Por favor.

— Ok, eu vou tentar.

Nós aproveitamos o resto do dia para fazer alguma coisa, Allan já tinha acordado, então decidimos maratonar alguma série. Enquanto Allan escolhia uma série perguntei para Brian se ele gostaria de vim no natal com sua mãe para minha casa, ele abriu um sorriso pequeno para tentar disfarçar, porém ainda dava para ver uma alegria nele. Ele disse que adoraria e vai falar com a mãe dele.
Depois de um muito tempo procurando alguma série, finalmente achamos uma que todos gostassem, O Mundo Sombrio de Sabrina. No fim da noite todos nós dormimos na sala.

Ultimamente tem acontecido muita coisa ruim. Minha mãe com câncer, a escola, a Ana e o Brian... Eu não gosto nem de pensar, pelo menos espero que nada aconteça entre mim e o Allan... Espero.

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