A volta do demônio

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Sarah

Eu estava calma. Não dormindo, era como um daqueles desmaios que você escuta tudo e sente tudo.

As vozes estavam abafadas, todo o meu corpo estava dormente mas, ainda assim, eu tinha certa consciência.

Eu ouvi alguém gritando que eu precisava ser entubada. Ouvi alguém dizendo para não me curarem com poderes angelicais, porque poderia piorar tudo.

Ouvi pessoas gritando entre e sim e, por último, ouvi a única voz que não estava abafada.

"Desculpa, mamãe. Eu fiquei assustado, não queria te machucar."

E depois disso, apenas o silêncio. Por sei lá quanto tempo eu só ouvi silêncio. Por sei lá quanto tempo eu só dormi.

Até o momento em que eu acordei. Não teve o momento em que se vai abrindo os olhos aos poucos, lentamente recuperando a consciência.

Eu só abri os olhos repentinamente. Estava dormindo e, de repente, não estava mais.

Tentei respirar fundo, mas alguma coisa me impediu de fazer isso certo.

Tinha algo na minha garganta me incomodando, me fazendo ter ânsia de vômito. Por isso eu não estava conseguindo respirar direito.

Levei minha mão direita a minha garganta, apenas por instinto, enquanto me engasgava com seja lá o que fosse que estivesse na minha garganta.

Me sentei na cama, com dificuldade enquanto levava a outra mão ao meu pescoço.

Olhei ao redor procurando algo que pudesse me ajudar, alguém que pudesse me acudir.

Meus olhos se focaram em uma bandeja de metal vazia que estava em cima de uma mesa de cabeceira ao lado da cama.

Eu consegui ver meu reflexo na bandeja. Meus olhos estavam acesos, brilhando em branco.

Fechei os olhos com força, não conseguindo impedir o som da ânsia de vômito que fiz.

Me assustei quando senti uma mão no meu ombro. Olhando para a pessoa eu vi que era o Jack, me encarando com os olhos preocupados.

— Precisamos de ajuda aqui! — ouvi a Mary, mas não a vi.

Apontei para meu pescoço, indicando que precisava de ajuda. Ele olhou para o que eu quis mostrar, balançando a cabeça para indicar que entendeu o que eu quis dizer.

— Isso pode incomodar bastante. — advertiu, ascendendo seus olhos.

Concordei com a cabeça e ele começou a tirar aquela coisa da minha garganta com cuidado.

As sombrancelhas franzidas e dentes cerrados deixavam claro que ele estava concentrado.

Quase vomitei sentindo aquela coisa passar pela garganta. Jack tinha razão, incomodou demais.

Respirei fundo quando aquilo, finalmente saiu da minha boca.

Mesmo ofegante e sentindo minha boca e garganta doerem um pouco eu sorri quando Jack me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

— Quase dois meses. — falou, segurando ambos os lados do meu rosto e me olhando nos olhos. — Você e Claire sumiram por quase dois meses. Quase me matou de preocupação, e aí quando eu te achei você quase morreu e...

— Está tudo bem, anjinho. — falei, levando minha destra ao seu rosto. — Eu estou... Não bem, mas viva.

Alguns médicos entraram no quarto, me examinando e brigando com o Jack por ele ter tirado a entubação sozinho.

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