Rose tinha os cabelos ruivos balançando ao vento, enquanto ria de algo que Alice falara, limpando a boca suja de sorvete de pistache e tentando segurar a saia do vestido florido que insistia em voar. Scorpius observava o que parecia ser a cena mais bonita que já vira em toda a sua vida, e tudo que queria fazer era afastar os cabelos do rosto sardento da garota e descobrir se sua boca tinha o mesmo gosto docinho do sorvete na mão dela. Antes que começasse a babar por ela como sempre acabava fazendo, porém, foi acordado de seus devaneios por Albus, que lhe deu um peteleco no ouvido e o encarava de forma muito ultrajada.
— Eu sei que você está, tipo, de quatro por ela há mais de três anos e tudo mais, mas será que dá pra você não ficar secando a minha prima enquanto eu estou por perto? — o Potter bateu as mãos nos joelhos, parecendo realmente chateado. — Porque, pelos deuses, você sabe que eu tenho vontade de enfiar a mão na cara de todos os caras que olham pra ela por mais de cinco segundos, mas você a está olhando de uma forma dez vezes pior do que qualquer um já olhou há uns dez minutos, e eu não quero ter que enfiar a minha mão na sua cara. Você é o meu melhor amigo, poxa.
O loiro tomou um gole de sua cerveja amanteigada, já começava a considerar usar uma máscara protetora enquanto andasse perto da família Weasley, já era a segunda vez em pouco mais de uma semana que um deles ameaçava enfiar a mão na sua cara.
— Eu não estava secando a Rose, Alb! — como sempre fazia, soltou em um tom nervoso, passando as mãos pelos cabelos.
— Então você é cego. — Jacob Keeley disse ao seu lado, e bebeu um pouco do suco de abóbora que tinha nas mãos. — Rose é muito gata.
Scorpius sentiu o corpo esquentar e travou o maxilar, dando um tapa na nuca do garoto, talvez mais fortemente que o necessário.
— Cala a boca, seu idiota. — Albus jogou um pedaço de seu bolo de caldeirão nele.
— Ah, então quer dizer que Scorpius pode secar sua prima o dia inteiro e só ganhar um peteleco e uma reclamação, mas eu digo uma vez que ela é gata, o que é óbvio pra qualquer pessoa que não seja cega, e ganho um tapa na cabeça e um pedaço de bolo na cara? — o moreno reclamou, passando a mão pelo rosto e tentando limpar as migalhas da roupa.
— Exatamente. — disseram os dois amigos ao mesmo tempo.
Mais alguns minutos onde os três amigos apenas ficaram calados apreciando o vento fresco da primavera lhes beijando as bochechas se passaram. Scorpius até mesmo conseguira superar o quase ataque de ciúmes que tivera, mas então Rose estava vindo na direção deles e Jacob a olhava da forma que a maioria dos garotos de Hogwarts fazia, e ele já queria muito chutar uma lata de lixo novamente.
— Hey, Alb. Hey, meninos. — ela sorriu, daquele jeitinho adorável que fazia sem perceber, fechando um pouco os olhos castanhos. — Você vai voltar pro castelo agora, primo? James está procurando você, ele disse que queria jogar uma partida de snap explosivo antes de anoitecer.
Albus concordou, levantando-se.
— Aham, claro, você não quer ir Keesley?
— Obvio que quero, não se nega uma partida de snap explosivo para dois Weasley.
Rose sorriu novamente e então começou a se afastar, atrás dos dois garotos. Scorpius, percebendo que estavam praticamente sozinhos, já que Albus e Jacob estavam tão animados conversando que não perceberiam nenhum outro movimento externo, puxou Rose pela mão, fazendo com que virasse para ele.
— Ros...
Ela não precisou ouvir mais muita coisa
Menos de dois minutos depois a ruiva era prensada contra a parede do beco mais próximo que eles haviam encontrado. Scorpius quase perdeu o controle quando descobriu que a boca dela ainda estava com gostinho de pistache, e precisou se afastar por alguns segundos para apreciar o rosto corado e estampado de sardas a meros centímetros do seu.
Rose atacou sua boca novamente.
— Por Merlin, garota,... você tem que parar de ser linda desse jeito! É demais pra minha sanidade! — ele conseguiu dizer, entre um beijo e outro, ao passo que sentia o sorriso dela contra sua boca e apertava sua cintura, a puxando para mais perto, mesmo que parecesse impossível ficarem mais próximos do que já estavam.
— E você tem que parar de ficar me olhando daquele jeito no meio de todo mundo, eu também tenho que manter a minha sanidade, poxa! — ela o puxou pela gola da camisa, ele a apertou mais contra seu corpo. Merlin sabia como ele adorava quando ela fazia aquilo.
— De que jeito? — fingiu desentendimento.
A ruiva soprou uma risadinha contra seus lábios.
— Do jeito que estava me olhando tomar sorvete, seu idiota! Merlin, garoto, você precisa parar de fazer aquilo! — foi a vez dele de rir, baixinho, lhe beijando a pontinha do nariz.
Rose sorriu, afundando o rosto no pescoço dele e aspirando seu cheirinho gostoso.
***
Sentada sobre uma pilha de almofadas vermelhas no chão do Salão Comunal da Grifinória, Rose tentava se concentrar em terminar seu trabalho de Adivinhação, ainda que achasse aquela matéria uma completa piada, não tinha outra escolha a não ser fazer as previsões que a professora havia pedido. Além do mais, aquele cômodo parecia mais uma reunião de família dos Weasley do que qualquer outra coisa, todos os seus primos, mesmo Albus, que era da Sonserina, haviam decidido que aquele era um bom dia para se reunirem e fazerem um pouco de bagunça.
Domi praticava alguma poção em seu caldeirão, na frente de Rose; Lily e Hugo dividiam uma poltrona e um pote de cookies que vovó Molly os mandara aquela manhã; Albus e Roxy brincavam de jogar bombinhas em James, que jogava as migalhas de seus cookies em Fred; Molly e Louis jogavam xadrez de bruxo enquanto Lucy assistia os dois e ajudava o garoto, recebendo reclamações da irmã.
Por alguns segundos, e por um motivo ainda desconhecido, Rose pode jurar que Scorpius acabara de entrar na sala, ainda que não fizesse o mínimo sentido ele chegar ali do nada. Quando virou para olhar na direção da passagem, obviamente que ele não estava lá.
— Hm... Rose? — Dominique a chamou, olhando com certa dúvida para o próprio caldeirão.
— Hm? — respondeu sem tirar os olhos do pergaminho.
— Você pode me dizer do que essa poção tem cheiro pra você?
Rose franziu as sobrancelhas, mas chegou o rosto mais para perto do caldeirão e respirou fundo próximo ao líquido rosa borbulhante. De primeiro, era uma coisa meio confusa de se distinguir, mas conforme foram passando os segundos, ela foi conseguindo entender melhor os cheiros. Eram quatro: suco de abóbora, uvas, grama molhada e um outro que ela não conseguia identificar qual era, mas com certeza conhecia.
— E aí? Qual cheiro sentiu?
Com o cenho ainda franzido, não conseguindo entender aquilo, ela contou para a prima. Um sorriso maroto surgiu no rosto da garota.
— Muito bem, Rosie, você acabou de sentir o cheiro da Amortentia. — lhe revelou, mexendo no caldeirão com uma colher de madeira. — Tem um cheiro diferente para cada pessoa porque cheira...
— ...como a pessoa ppr quem você é apaixonada. — Rose completou a frase da outra, o ponto de interrogação crescendo cada vez mais em sua cabeça.
A dúvida só foi ficando cada vez maior conforme a semana passava. Óbvio que Rose tinha uma ideia de quem era o dono daquele cheiro, mas ela não podia estar apaixonada por ele, podia? Quer dizer, gostava dele, claro, já tinha desistido de lutar contra isso, mas apaixonada? Aí já era demais, gostar de uma pessoa era uma coisa, agora, estar apaixonada era completamente diferente, e preocupante em níveis gigantescos.
Foi só muitos dias mais tarde, no começo da outra semana, quando Rose afundou o rosto no pescoço de Scorpius, tocando a pele gelada com a pontinha do nariz e aspirando o cheiro que ele emanava, que ela teve certeza, que ela percebeu que era exatamente o mesmo cheiro que sentira na sala comunal, quando chegara perto da Amortentia de Domi.
E a única coisa que conseguiu fazer quando a certeza lhe atingiu, foi se afastar abruptamente e sair correndo.
Oi oi, o que acharam do capítulo??? O que vcs fariam no lugar da Rose? Eu provavelmente fugiria também kkkkkk
Espero que tenham gostado, beijinhose bebam água!
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Amortentia
FanfictionQuando uma relação nada amistosa e baseada em discussões, xingamentos e diálogos espertinhos vira uma relação ainda baseada em discussões mas com encontros furtivos pelos corredores escuros e salas de aula vazia de Hogwarts, já há complicações o suf...