4. Scorpius descobre que Rose está apaixonada por ele

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Scorpius ia enlouquecer. Talvez não naquele momento, e nem no dia seguinte, mas com certeza ia enlouquecer até o final daquela semana. Com a eminência de mais um jogo de quadirbol e as provas finais cada vez mais próximas, ele deveria estar se matando de estudar e de treinar, mas a única coisa que conseguia fazer era pensar em Rose e no surto repentino dela três dias antes. Ela simplesmente saíra correndo, do nada, e o evitara desde o acontecido, mesmo durante as aulas de História da Magia, onde sentavam lado a lado.

Logo que sua última aula do dia acabou e ele já havia desistido de tentar falar com a ruiva para descobrir o que estava acontecendo, o garoto precisou tomar uma decisão desesperada. Dominique estava sentada no meio de um corredor vazio e brincava de soltar faíscas pela ponta de sua varinha. Suspirando, ele sentou ao lado dela.

A ruiva lhe olhou, já prestes a soltar um palavrão e sair dali. Eles tinham uma relação nada amistosa desde que eram do primeiro ano, era uma história meio complicada, envolvendo algumas explosões que destruíram algumas coisas nos jardins.

— Eu sei que você me odeia, e, acredite, se eu não estivesse desesperadamente desesperado, eu não estaria aqui, você sabe. — começou, antes que ela levantasse e fosse embora. — Mas eu preciso mesmo saber o que diabos está acontecendo com Rose.

Sua expressão mudou de uma carranca para algo parecido com surpresa.

— Com Rose? — perguntou, incrédula. — O que tem Rose?

— Ela está me evitando há três dias! Nem olha na minha cara, e eu não entendo o que aconteceu, porque eu não fiz nada. — e pareceu pensar um pouco. — Bom, pelo menos não que eu me lembre.

— E desde quando você precisa fazer alguma coisa para Rose não olhar na sua cara? Vocês não se suportam, Malfoy. — franziu o cenho, parecendo confusa.

— Ah, Merlin! — ele bateu as mãos nos joelhos. — Você pode por favor, pelo amor de Morgana, me dizer o que aconteceu com Rose logo?

— Mas por que você quer saber? — ela insistiu.

— Porque sim, Dominique! Por favor, eu preciso mesmo saber!

Dominique primeiro franziu a testa, depois uma expressão de entendimento tomou conta do rosto dela. Como se tudo passasse a fazer sentido de repente, como se todas as suas perguntas tivessem sido respondidas.

— Ah! — ela exclamou. — É seu! Não é? Não é? — ela lhe apontou o dedo, incrédula.

— É meu o que?

— O cheiro! De grama molhada, uvas e cerveja amanteigada! Foi o seu cheiro que Rose sentiu na Amortentia! — ela exclamou, muito alto, muito rápido.

Scorpius sentiu o mundo parar apesar da menina pulante gritando ao seu lado. Tudo ficou em câmera lenta ao seu redor e as engrenagens do seu cérebro passaram a trabalhar em uma velocide gigantesca tentando assimilar aquela informação totalmente inesperada, em compensação, tudo que ele pensava, não conseguia falar, sua língua parecia quase dormente.

— N-na Amor-Amortentia? A poção do-do amor? — foi o que disse, depois de passar longos minutos encarando Dominique com os olhos arregalados.

— Exatamente, Malfoy. — a ruiva concordou com a cabeça. — Eu estou tão surpresa quanto você. — e, dizendo isso, levantou e sumiu pelo corredor vazio.

Mas ela não poderia estar tão surpresa quanto Scorpius. Sinceramente, ele tinha a impressão de que ninguém, em toda a história do mundo, jamais estivera mais surpreso do que ele. Porque ele estava apaixonado por ela também! Acontecera de uma forma quase imperceptível, de modo que o loiro não sabia ao certo quando se apaixonara, só lembrava de acordar um dia e aceitar a ideia de que estava perdidamente rendido por ela. Nunca a tinha dito, coragem não era uma das qualidades dos sonserinos, mas planejava propor que assumissem logo para todo mundo seja lá o que estavam tendo. Acontece que saber que ela estava apaixonada também, mudava tudo, o enchia de bravura para finalmente assumir os seus sentimentos.

Sem pensar muito, deixou que suas pernas o guiassem até o jardim, à beira do lago, onde sabia ser um dos lugares favoritos de Rose dentro dos terrenos do castelo. Ela estava lá, tinha um livro aberto em seu colo mas seu olhar estava preso no lago, parecia perdida nos próprios pensamentos.

O loiro precisou parar por um momento, não conseguindo evitar apreciar a beleza da garota. Ela tinha as bochechas e a pontinha do nariz vermelhos, por conta do vento gelado ocasionado pela chuva de mais cedo; suas ondas ruivas estavam presas no alto da cabeça em um coque assanhado e confuso, mas que não deixava de ser lindo; suas vestes estavam amassadas, ela tinha os três primeiros botões da camisa abertos, e as mangas dobradas até o meio dos braços, deixando á mostra a pele alva e salpicada de sardas.

Por fim, ele sentou ao lado de Rose, as costas encostadas numa árvore.

— Ros, — a ruiva virou para ele, suas bochechas ficaram mais vermelhas. — nós podemos conversar?

Ela hesitou.

— Eu... anh... estou ocupada agora, Malfoy. — e voltou seu olhar para o livro.

— Dominique me contou.

Rose fechou o livro, olhou para o lago, suspirou e fechou os olhos, tudo muito devagar.

— Ela me contou da Amortentia, eu queria dizer que...

— Eu não quero conversar agora.

— Mas, Rose-

— Não! Scorpius, por favor. Eu preciso ficar sozinha. — sua voz aumentou duas oitavas conforme ia se levantando.

Scorpius seguiu atrás dela, insistente.

— Eu preciso ter certeza, Rose. Não posso acreditar em uma coisa dessas enquanto você mesma não me contar. — o loiro também precisou aumentar a voz, ela já estava um pouco longe dele.

— Scorpius, agora não! — virou-se para ele por um momento, gesticulando com as duas mãos.

A ruiva parecia prestes a perder a paciência, mas ele precisava ouvir aquilo dela antes de qualquer coisa.

— Eu preciso ouvir de você, Rose!

— O que?! O que você precisa ouvir de mim? — Rose parou de andar e virou para olhá-lo, suas bochecas estavam muito vermelhas, se de raiva ou vergonha, ele não sabia dizer, e seus olhos pareciam pegar fogo. — Que eu estou apaixonada por você?! Eu não posso dizer isso! A poção diz que eu estou, mas eu mesma não sei o que estou sentindo, como você espera que eu diga uma coisa que nem mesmo sei? — ela gesticulava muito com os braços, como fazia sempre que estava nervosa. — Você entende que eu não posso assumir pra você uma coisa da qual eu não tenho certeza? Que seria muita crueldade com você dizer que estou apaixonada sem realmete saber se estou? — as lágrimas lhe molhavam as bochechas, o fogo em seus olhos parecendo ter sido apagado por elas. — Eu preciso de um tempo pra colocar a cabeça no lugar, Scorpius. Me desculpe.

Scorpius não teve tempo e nem oportunidade de falar mais nada, de dizer que também estava apaixonado, que nunca tinha se sentido daquele jeito por ninguém e que tudo que queria era tê-la junto dele de novo, mas Rose sumiu pela entrada da escola, e, por mais que ele tivesse chamado seu nome incontáveis vezes, ela não olhou para trás.

Oi, vocês! O que acharam do capítulo de hoje? Tô com uma peninha do Scorpius, mas também entendo o lado da Rose. E vocês?

AmortentiaOnde histórias criam vida. Descubra agora