5. Albus acha um bilhete no livro de Poções de Scorpius

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Rose estava um caos. No sentido literal da palavra. Sua cabeça estava um caos, ela tinha quatrocentos e cinquenta pensamentos por segundo; seu humor estava um caos, hora estava com raiva de Scorpius, hora estava com raiva dela mesma, hora estava com raiva de tudo; seu corpo, num geral, estava um caos, não saíra do dormitório o fim de semana inteiro com medo de encontrar Scorpius pelos corredores, só comendo o que lhe era trazido por suas amigas. Pelo menos ainda lhe restava um pouco de dignidade e ela deixava de sentir raiva de tudo para tomar banho e trocar de roupas.

Claro que também não é preciso dizer que ela era a própria confusão em pessoa. Não sabia o que sentir, o que pensar, o que fazer, o que falar e nem como resolver aquela situação em que tinha se colocado com o garoto. Quando a coisa toda começou, era pra ser apenas casual, uma forma de passar o tempo, brincadeira, Rose nunca pensou que acabaria naquela situação; apaixonada e confusa. Logo ela, a Weasley mais centrada em quatro gerações, como seu avô Arthur gostava de dizer, que sempre fora tão centrada, segura de si e decidida. Ela sabia que algo do tipo acabaria acontecendo uma hora ou outra, coisas naturais da adolescência, mas não esperava que fosse ficar tão abalada quanto estava.

Talvez todo esse abalo se desse ao fato de que ela gostava tanto de Scorpius que lhe doía imaginar que ele estivesse minimamente triste com toda aquela história. A garota queria falar com ele, de verdade mesmo, mas não sabia o que dizer. Sabia que, no momento em que o visse na sua frente, ficaria tão abalada que perderia as palavras. E, ainda mais, ela nunca soube direito como expressar o que estava sentindo, acabaria gaguejando palavras aleatórias que o fariam entender tudo errado.

Pelo que pareceu ser a centésima vez só naquela manhã de segunda-feira, Rose suspirou, murchando os ombros. Conseguira evitar Scorpius durante o dia inteiro, se esgueirava pelos corredores rápido como uma louca e tivera que se esconder em um armário de vassouras para almoçar, o que certamente não lhe trouxera lembranças boas, mas não o vira durante todo dia. Acontece que sua próxima aula era História da Magia, e não tinha como escapar dele quando os dois estavam trancados em uma sala de aula e sentavam-se lado à lado.

— Oi, prima. — Dominique tomou seu lugar na carteira ao lado de Rose, colocando os livros sobre a madeira escura.

— Hey, Domi. — tentou sorrir, embora seus ombros estivessem tensos com a eminência de ter que lidar com Scorpius.

— Sabe, — a outra ruiva começou, inclinado-se sobre a mesa e chegando mais para perto de Rose, então baixou o tom de voz duas oitavas. — já que você passou o fim de semana inteiro escondida por trás das cortinas da sua cama, eu tenho uma pergunta pra te fazer agora. — a garota sinalizou para que a outra prosseguisse. — Qual é a desse seu casinho secreto com o Malfoy?

Os olhos de Rose se arregalaram tanto que quase pularam para fora, seus dedos apertaram com força a capa de couro do livro em sua frente, os ombros ficando ainda mais tensos. De repente, sua língua parecia pesada demais para que falasse alguma coisa.

— O-o que?

— O que tá rolando entre você e o Malfoy, Rose? — se aproximou mais, pressionando-a.

Rose pigarreou, abrindo e fechando a boca diversas vezes, à procura de alguma desculpa plausível o suficiente que a tirasse daquela situação, mesmo sabendo que nada que diria poderia fazer Dominique desistir.

O professor Binns entrou na sala, atravessando a parede bem ao lado da porta e, flutuando, foi até o quadro. Rose suspirou, aliviada, por um segundo, apenas para sentir toda a tensão anterior voltar para seu corpo com mais força do que antes. Scorpius passou pelas portas duplas de madeira, arrumando a mochila sobre um dos ombros, os olhos perdidos em nenhum lugar em particular. Ele parecia bem desnorteado para uma pessoa tão atenta. A ruiva soube que ele estava tão abalado quanto ela, talvez mais.

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