O encontro

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Finalmente o dia amanhece, chegou o dia de Ane, agora ela é uma adulta perante a lei. Só precisa convencer seus pais do mesmo. Ela passa o dia comemorando seu aniversário com os pais e logo no início da noite vai para a casa de Carmen, comemorar com as amigas. Na casa de Carmen, Ane é recebida com muita empolgação, abraços e música pelas amigas.

Duas horas depois de chegar na casa da amigam Ane recebe uma mensagem de John dizendo que estava no local marcado esperando por ela, então rapidamente ela se despede das amigas e vai de encontro a ele. Ela se depara com John encostado em um carro esportivo preto e não pode evitar pensar que aquele carro deve custar uma fortuna e de que é tão lindo quanto o dono. Ela entra no carro e John pergunta;

- Então, tem algum lugar em mente? Podemos dar uma volta e achar algum lugar para conversar.

- Sim, não pensei em nada. Vamos dar uma volta. – Responde Ane.

Os dois seguem pelas ruas movimentadas da cidade, conversando sobre coisas do cotidiano, tentando se conhecer melhor e é então que o celular de John toca e ele atende assustado.

- Oi...Não. Sim. Vou trocar, logo estou ai!

Ele olha para Ane como um agente que repassa os planos de uma missão:

- Vamos para a minha casa, trocamos de carro e depois saímos, ok?

Ela fica um pouco confusa.

- Trocar de carro?

- Foi o que eu disse! Meu irmão precisa desse, é jogo rápido. – O tom de voz de John não é dos mais simpáticos.

A garota apenas acena com a cabeça concordando. John segue dirigindo e se afastando cada vez mais da cidade, por um momento Ane sente medo, para onde ele estava indo: Por que trocar de carro e por que ele ficou tão áspero? Um suor frio escorre pelas suas mãos e ela questiona o rapaz.

- Vamos trocar de carro ou de cidade? Estamos longe já.

Ele ri.

- Está com medo? Não estou te sequestrando, moro em uma fazenda, é um pouco distante.

-Fazenda? Você definitivamente não tem cara de fazendeiro.

Mais uma vez ele ri.

- Não, não sou um agricultor. Relaxa, estamos chegando. Felipe disse que sou perigoso, não é?

Ane pensa um pouco para responder e dá uma resposta que parece fazer os olhos de John brilharem.

- Perigoso não, problemático. Mas eu gosto de problemas!

Em um tom desafiador e excitante ele se vira para a garota.

-Pois bem, Senhora Reabilitação, eu sou mesmo encrenca e das grandes. Você está avisada.

- Reabilitação? – Indaga Ane.

- Pessoas como você que gostam de tentar consertar pessoas como eu a todo custo, eu apelido de Síndrome da clínica de reabilitação. – John diz essas palavras como quem se prepara para defender uma tese de mestrado – Chegamos!

De repente eles estão diante de uma entrada majestosa, uma fazenda do período colonial. O carro entra e chega a um pátio com o chão todo de pedras, John se vira para Ane.

- Pode descer e esperar aqui, vou trazer outro carro.

Ane acha um tanto rude, mas concorda. Tudo que passa pela mente dela agora é que se meteu em um encontro super furado, ela ainda sente mede observa tudo ao redor. Tem muitos homens espalhados pela entrada da fazenda e da casa, parecem guardas e uma mulher a observa de uma das sacadas do grande casarão. Interrompendo seus pensamentos, John chega em um carro esportivo vermelho, ainda mais bonito que o anterior.

- Problema resolvido, vamos!

A garota entra no carro, porém já não está tão confortável assim com a ideia de sair com o cara mais bonito que ela já teve a chance, mas ela tenta manter um clima agradável.

- Que casa! Uma mansão de algum antigo Barão do Café? – Diz a garota.

John responde sem muita emoção na voz.

- Deve ter sido, foi um bom negócio do meu pai. Suponho que viu minha mãe sondando minha nova namorada, não é?

Ane engasga.

- Namorada? É, eu vi uma mulher, deve ser sua mãe.

John responde rindo.

- Sim, uma boa candidata a namorada eu diria.

Depois de trocar de carro, John parece ter voltado a ser o cara incrível que Ane tanto queria para ela e eles param em um barzinho para conversar. Após algum tempo, temendo que seus pais a procurem, Ane diz que precisa ir embora e eles seguem para o carro. Antes que possa entrar no carro, John a puxa pela cintura e a beija, Ane se sente flutuando. O encontro com o fantasma parece ter valido a pena no final. Depois de um beijo que deixou a garota nas nuvens, eles entram no carro e seguem para a casa de Ane.

Em determinado momento do trajeto um carro passa por eles em alta velocidade e quase bate no carro de John, que irritado, buzina e grita. O carro retorna e começa a persegui-los, John acelera o máximo que pode, correndo pelas ruas. Ane fica em êxtase. Os carros parecem travar uma perseguição de gato e rato pelas ruas, o medo de Ane não existe mais, somente excitação, seus olhos brilham e ela ri junto com John se divertindo com aquela situação. Ela grita.

- Corre! Corre! Vai, John!

Após alguns minutos o outro carro desiste e os deixa em paz, John e Ane riem juntos aliviados e extasiados.

- Eu disse que andar comigo era encrenca, eu avisei!

- Eu disse que gostava de encrenca, querido. - Diz Ane ainda rindo.

Logo eles estão na porta da casa da garota, ela se despede do rapaz apenas com um "boa noite" que parece não o agradar, pois ele reclama.

- Que frieza!

Então ele a puxa para mais um beijo, um beijo que a faz derreter e ela não quer parar nunca mais. Ane desce do carro com a sensação que está nas nuvens e John vai embora.

Mas as nuvens logo se desfazem para ela quando vê seu pai a esperando na porta do quarto.

- Isso são horas? Onde estava? Quem estava naquele carro? Ane, me responda! Enquanto estiver debaixo do meu teto eu mando eu você! - . Grita o pai de Ane.

Uma raiva a toma e ela empurra o pai aos berros.

- Não sou mais criança! Sai do meu quarto!

O pai de Ane sai do quarto e ela se tranca nele. A raiva a consome cada vez mais e tudo que ela quer sentir é a sensação de liberdade que sentiu no carro com John. Ane só consegue pensar em John, apesar do episódio estranho de trocar de carro e das pessoas estranhas na casa. Ela ignora tudo que não foi tão bom e só pensa nas partes boas da noite. De repente o celular vibra, uma mensagem de John.

"- Boa noite, princesa! Te vejo amanhã? Diz que sim. "

Ela mal pensa para responder.

" – Te vejo amanhã. "

Ela se deita para dormir feliz, feliz pela noite, pela mensagem de John e por ter irritado seu pai. Ane repete para sim mesma até cair no sono:

- Dona de si, Ane! Dona de si!

InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora