Revelações

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O dia amanhece, um céu azul, com poucas nuvens e passarinhos cantando na janela de Ane, ela mal abre os olhos e já corre para enviar uma mensagem para as amigas.

"- Meninas, que noite! "

Liz logo responde:

"- Conta tudo! Como foi? "

Já a resposta de Carmen deixa visível que ela não está nada contente.

" Não quero ser estraga prazeres, mas conversei com o Felipe sobre esse tal de John. "

Ane ignora totalmente a mensagem de Carmen e narra para as amigas os detalhes da noite passada. Carmen insiste.

"- Estão me ignorando? Pois bem, seu novo príncipe dever ter uma linda ficha criminal. "

Finalmente Liz dá atenção para Carmen e completa a história da amiga:

"- Felipe disse a Carmen que os negócios da família de John são um tanto suspeitos. "

Ane fica sem reação apenas olhando para a tela do celular enquanto Carmen novamente digita uma mensagem que vem como um soco no estomago da amiga.

"- Não minimize, Liz! A família toda de John é envolvida com atividades criminosas, tráfico, lavagem de dinheiro e sabe Deus o que mais. Não me surpreende que os carros e a casa dele sejam de babar. Cai fora Ane, ele vai te arrastar! "

Ane não suporta mais a conversa com as amigas, as acusações, ela encerra a conversa de forma grosseira e direta:

"- Não significa que ele seja um criminoso! Tenho mais o que fazer, Tchau! "

Ela joga o celular para longe e seus pensamentos são confusos. Será que suas amigas exageraram? Será que John é um badboy bad demais? Mas Ane se recusa a aceitar tudo que acabou de ler, nada importa para ela, estar com John é divertido e ela vai continuar a sair com ele, a opinião de absolutamente ninguém importa.

Quando chega a noite e Ane está pronta para sair com John, seus pais não parecem nada dispostos a permitir que ela saia de casa mais um dia consecutivo. O pai de Ane a segura na porta da sala de estar e com os olhos cheios de autoridade interroga a filha:

- Aonde pensa que vai e com quem? Não basta a hora que chegou ontem?

Ela se debate para se soltar das mãos do pai e grita:

- Me solta, pai! Vou encontrar minhas amigas!

A mãe de Ane aparece na sala, seus olhos não tem a mesma autoridade e raiva que do pai da garota, os olhos dela parecem cansados e decepcionados.

- Suas amigas tem um carro esportivo vermelho, desde quando? – Pergunta a mãe de Ane.

Nesse momento o pai de Ane tranca todas as portas da casa e manda a filha para o quarto, mais uma vez ele afirma que ela não sairá dali.

Deitada na sua cama, Ane chora, seus sentimentos são uma mistura de tristeza e raiva. Ela se sente sufocada, ela precisa ser livre, está cansada de ficar trancada no quarto. E John? John espera por ela e ele é a liberdade encarnada. Em um misto de emoções, Ane abre a janela e a pula, corre em direção ao portão, assim que pula o portão e concretiza sua fuga, ela dá de cara com John.

- Rapunzel foge da torre para encontrar o caçador! – Exclama o rapaz com tom de divertimento e admiração.

Ane revira os olhos e bufando responde ao seu caçador nada encantado:

- Vamos logo, você não faz ideia do inferno que é esta torre!

John ri e eles saem com o carro em alta velocidade, parece que ele não sabe dirigir sem parecer estar em uma corrida. A garota sequer pergunta para onde vão, ela só quer se sentir viva e John faz isso, ele faz o sangue de Ane correr mais rápido pelas veias e um frio na barriga a dominar. Ela liga o som do carro, um terceiro carro e por um minuto se questiona sobre quantos carros ele possui.

Depois de alguns minutos em silencio, somente ouvindo a música no carro, John fala.

- Vou te levar a um lugar diferente hoje, um lugar da minha família.

Ela fica surpresa e indaga:

- Você gosta de me levar a lugares diferentes com pessoas da sua família espalhadas feito fantasmas, não é?!

- Te levar na minha casa foi um acidente de percurso, mas confesso que minha mãe quer saber quem é você.

- Saímos uma vez e já quer me apresentar para a sua mãe?

- Digamos que na minha família nós precisamos saber sobre todos que se aproximam. Não quero te apresentar, preferia te poupar, mas... Opa, chegamos.

O local causa admiração e medo em Ane, é um Hotel em reforma e logo ao lado uma pista para cavalos, um haras. Ane mal tem tempo para dizer algo e John a segura pelas mãos e olhando em seus olhos começa a falar.

- Te trouxe aqui para te explicar algumas coisas que logo vai ouvir falar.

O estomago de Ane se revira dentro dela, ela se lembra das acusações de Carmen e Liz.

- Então é verdade? Vocês são bandidos?

John ri.

- "Vocês" é muita gente, Rapunzel. Bem, foi aqui que prenderam meu avô, mais precisamente no telhado do hotel. O helicóptero da polícia foi mais rápido que o do velho.

Ane permanece imóvel, congelada e John continua.

- O hotel, o haras, era o esconderijo perfeito, cavalos caros lavam dinheiro muito bem. Mas pegaram o velho e depois de uns anos na prisão ele morreu.

Finalmente Ane consegue dizer algumas palavras:

- Sinto muito. Mas, então o que mais eu preciso saber sobre sua família?

John passa a mão pelos cabelos, ele parece tenso.

- Bem, meu pai continuou os negócios e metade dessa cidade agora é dele, inclusive a maioria das casas e comércios do seu bairro. Então, minha mãe já sabe tudo sobre você, devo avisar. Mas o que importa são os motivos pelos quais estou te contando tudo isso. Primeiro para deixar claro que não me envolvi nos negócios da família e segundo porque eu realmente gostei de você.

Ane parece processar as informações aos poucos e o aviso sobre a mãe de John saber tudo sobre ela a incomoda.

- O que sua mãe tem a ver?

John respira fundo.

- Ela é super protetora com a família, principalmente depois que meu pai precisou fugir e está escondido sabe Deus onde. A responsabilidade de zelar por nós aqui ficou toda para ela, ela quer ter certeza de que você não vai me arrastar para alguma confusão.

Ane engole seco e pergunta olhando nos olhos de John:

- E você vai me arrastar para alguma?

John abre um sorriso malicioso e responde puxando Ane pela cintura para mais perto dele.

- Muitas! Enfim, ficou claro que eu sou inocente e que eu quero ficar com você de verdade?

Hipnotizada pelos olhos, pelos abraços e pelo cheiro de John ela responde sem medo.

- Claro como o dia! Já que é para falar de família, eu odeio a minha, não tem nada de grandioso nela, só uns pais que me trancam no quarto. Eu quero ficar com você John, você me traz vida!

Mas no inconsciente de Ane ela sabe que nada está claro, muitas dúvidas a rodeiam, a insistência de John em se dizer inocente, os negócios da família dele e a mãe controladora que ele tem, nada faz sentido para ela. As palavras de Felipe ecoam na sua mente, mas John é o problema mais lindo e divertido que ela teve na vida.

Mal sabe Ane que as coisas na sua vida vão mudar para sempre, ela acaba de fazer uma escolha ao ficar com John e de definitivamente assinar uma sentença em sua própria vida.

InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora