O fim é o ínicio.

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Ane acorda em um quarto branco e bem iluminado, ele demora para entender aonde está e o que aconteceu, sua cabeça parece pesada e tudo é confuso, ela vê agulhas em seu braço e só então percebe que está em um hospital. Uma enfermeira entra no quarto, Ane tenta se levantar da cama e começa a fazer perguntas:

- Que hospital é esse? O que aconteceu comigo? O que aconteceu com John?

A enfermeira a acalma, pede para que ela deite novamente e lhe aplica um calmante. No mesmo momento um homem alto entra no quarto, ele possui um distintivo pendurado no pescoço, é o delegado da cidade, ele para em pé ao lado da cama de Ane e não parece nada simpático.

- Bom dia! Sou o Delegado Cerqueira, responsável pela investigação das tentativas de assalto as agências do Banco Zix na noite de ontem. A senhora está sob custódia por suspeita de participação no assalto, ao sair daqui deve seguir para a delegacia. Seu quadro clinico é estável, me disseram que teve apenas uma crise de ansiedade.

Ane questiona o Delegado:

- Se eu vou ser interrogada na delegacia, o que o senhor faz aqui?

- Estou fazendo meu trabalho. Temos policiais na porta do seu quarto, nada de visitas para você. Te vejo na delegacia!

O delegado dá as costas para Ane e se retira, ela começa a pensar na confusão que se meteu e em como seus pais devem estar naquele momento, será que todos já sabem o que houve? Ela está cheia de perguntas sobre a noite anterior, ela precisa de respostas. Maior do que as dúvidas de Ane, somente o medo que ela sente ao imaginar o que acontecerá com ela no momento em que sair daquele hospital.

As horas se passam e logo um médico vem ao quarto e Ane recebe alta, assim que se troca os policiais a algemam e se preparam para conduzi-la a delegacia. Do lado de fora do hospital estão repórteres e fotógrafos, a garota tenta esconder seu rosto, mas é em vão, a essa altura toda a cidade deve saber quem ela é e o que ela supostamente fez. Depois de se esquivar dos jornalistas ela é colocada na viatura e conduzida a delegacia, de todos os carros que Ane sonhou em andar na vida, o último deles era uma viatura.

Na delegacia, Ane pode sentir o julgamento no olhar de todos que cruzam com ela, alguns a olham com indiferença, outros parecem ter pena, mas a maioria dos olhares são de desprezo. A garota é levada a uma sala para prestar depoimento, mais uma vez ela está frente a frente com o delegado e o olhar dele lhe causa arrepios.

- Você foi abordada fugindo e armada a poucos metros de distância de onde um membro da quadrilha foi encontrado. O que tem a me dizer? – Pergunta o delegado.

- O senhor já disse, eu estava fugindo. - Ane responde tremendo.

- Será melhor para você colaborar e dizer tudo!

- John está morto?

A pergunta de Ane surpreende o delegado.

- John? Então você o conhece e assume sua participação no assalto? – diz o delegado em tom ameaçador - Sabemos que você trabalha na agência principal do Banco, Ane.

- Se sabem meu nome e meu trabalho, também sabem que John era meu namorado. Ele está morto?

O delegado bufa e responde.

- Não, ele não está morto, mas o estado é grave. Pronto, é só isso que vai obter de mim, agora comece a me contar o que sabe.

A resposta do delegado não tranquiliza Ane, mas ela não tem outra escolha, ela precisa deixar John para trás e se concentrar em si mesma, na sua vida e no seu futuro, um futuro que certamente será atrás das grades de uma prisão. Ane se lembra do que Ivan lhe ensinou sobre prestar depoimentos e o principal, ela se lembra que não pode entregar tudo e todos ou as coisas vão se complicar para ela na prisão, o melhor que ela pode fazer é assumir a culpa e arcar com as consequências. A garota abaixa a cabeça, respira fundo e então olha para cima, nos olhos do delegado e começa a falar:

InconsequenteOnde histórias criam vida. Descubra agora